A vida no novo campo

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Depois de refletir por alguns segundos e olhar para a parte de fora da casa e perceber que já estava a escurecer, Aisha comenta:

- Que horas Alexsander chega? Eu preciso ir embora, mas depois de saber de toda essa história e do sofrimento que ele passou, eu não quero sair daqui sem lhe dar um abraço.

- Ele já deve estar chegando. A essa hora ele já saiu do trabalho.

- Não vejo a hora de vê-lo. E Sahar, como ela está?

- Sahar se tornou uma linda menina. Está na Universidade. Uma das vantagens desse governo é que eles deixam que as mulheres inteligentes estudem. E Sahar aproveitou essa oportunidade. No ano que vem ela já forma.

- Eu não acredito! Que excelente notícia! Eu estou muito feliz que Sahar está a estudar.

- Sim, ela está na Universidade estudando para ser professora de línguas. Está muito feliz. Em parte do dia, ela também da aulas em uma escola. Hoje ela estava dando aula. Quando sai da escola, ela vai direto para a Universidade. Como ela gosta muito de estudar, fica na biblioteca até mais tarde, não sabemos que horas ela vai chegar.

- Eu quero muito vê-la também! Que saudade dela! E como estão os seus meninos?

- Os meus filhos, um deles trabalha em uma loja de celulares. Adora tecnologia. Aprendeu tudo muito rápido e a minha filha, conheceu um homem no último campo de refugiados que vivemos e se apaixonou por ele.

- Você aceitou que ela se casasse? Questionou Aisha surpresa.

- Era um homem bom! Ele mostrava que a amava. A tratava com um enorme carinho. Ela está muito feliz no casamento. Algumas vezes ela me liga e diz que o esposo é o melhor homem do mundo! Eles estão morando no Vale do Panjshir, no Nordeste do país. Ela veio aqui umas duas vezes me visitar. Está muito bem!

- Que bom! Fico muito feliz que depois de tudo que passaram vocês estão conseguindo viver bem!

- Quem não está nada bem sou eu. Eu não consegui me reestabelecer muito bem Aisha. Os traumas que passei durante a guerra foram muito grandes. Eu não consigo dormir direito e preciso tomar muitos remédios para controlar as minhas emoções. Nunca mais consegui um trabalho e fiquei totalmente dependente dos meus filhos financeiramente. Se não fosse eles, não sei o que seria de mim. Por estar sem recursos, há algum tempo não consulto com o médico e estou sem remédios também. Dormir para mim é algo muito difícil.

- Eu sinto muito Sônya. Eu vou ver o que posso fazer para te ajudar. Podemos ir em um médico particular para ver se ele tem um melhor tratamento para você, o que acha?

- Eu não tenho dinheiro para isso.

- Eu levo você. Não se preocupe. Na semana que vem nós vamos no médico e ele vai te consultar para ver se essas sensações de ansiedade diminuem. Comprarei também remédios para você. Eu também tomei, por muito tempo, remédios para ansiedade. Eu estava traumatizada com a violência de Osnin. Sentia que ele me perseguia mesmo na Inglaterra. Felizmente tudo isso passou depois de algum tempo.

- Eu sinto muito, que você passou por isso. Enquanto você achava que estava sendo seguida, ele já havia morrido há algum tempo. Se tivéssemos nos encontrado antes, eu teria lhe dito.

- Se tivéssemos nos encontrado antes, eu teria lhe ajudado de alguma forma. É uma pena que você passou por todo esse sofrimento. Mas, depois que chegaram no novo acampamento, como foi?

- Lá as coisas melhoraram. O acampamento era para muito mais pessoas, mas a estrutura era bem melhor. Não estávamos a passar mais frio ou fome. Não haviam mais brigas de grupos. O acampamento também tinha escola, locais para plantar e trabalhar. Lá os nossos filhos estudaram e aprenderam algumas profissões. Moramos no acampamento por cinco anos.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora