O ano de 2003

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O ano de 2003 pode ser definido como um ano de consolidação da adaptação de Aisha a Inglaterra. Naquele ano a jovem evoluiu muito, tendo conseguido passar por várias séries do seu estudo supletivo, algo que era o seu grande desejo.

Aisha focou nos estudos, no seu tratamento psicológico e psiquiátrico. Mais tranquila e aumentando o seu autoconhecimento, os fantasmas do seu passado já não se mostravam mais tão aterrorizadores e ela conseguia avançar nos estudos de forma rápida.

De janeiro a março, ela conseguiu estudar os conteúdos do sexto ano e foi aprovada no final desse mês. Na segunda quinzena de abril ela começou os estudos do sétimo ano e no começo de julho ela conseguiu a aprovação também nos conteúdos desse ano do ensino regular. A capacidade de aprendizagem de Aisha estava surpreendendo a todos os professores do ensino supletivo, que a colocavam como a aluna destaque daquela escola.

No fim de julho ela iniciou os estudos do oitavo ano, sendo aprovada no mês de setembro. A felicidade de toda a família a cada uma dessas aprovações era muito grande. Sempre que era aprovada a família combinava de comemorar em um restaurante da cidade. Eles normalmente comiam pizza, que se tornou o prato preferido de Aisha.

Em outubro ela começou os estudos do nono ano e no final do mês de dezembro foi aprovada. Já no ano seguinte ela iniciaria o segundo ciclo de Estudos na Inglaterra. Conseguir avançar de forma tão rápida o quanto Aisha conseguiu no decorrer daqueles anos exigia uma disciplina enorme de estudos, algo que nunca faltou para aquela jovem.

O fim daquele ano passa como no ano anterior. A família inteira foi para a casa dos pais de Johnson e logo em seguida, Aisha foi novamente para a casa de Wilian para passar o Revellion. A felicidade foi enorme por parte daquelas crianças quando ela chegou. Eles ficaram esperando por boa parte daquele ano a oportunidade de se encontrar novamente com aquela jovem que eles aprenderam a gostar assim que a conheceram.

Entretanto, mesmo após dois anos da chegada a aquele país, um mistério ainda persistia, o que havia ocorrido com Osnin e sua família? A necessidade que aquela jovem tinha de descobrir o paradeiro de Osnin, vinha entre outras questões, pelo medo que ela tinha dele tentar se vingar dela e pelo fato de que ela respeitava muito a sua religião e enquanto ela não soubesse o paradeiro dele, formalmente, ela sabia que era ainda uma mulher casada.

Mesmo com tudo o que aconteceu ela teria que manter o respeito pelo seu ex-esposo e não poderia se relacionar com ninguém, enquanto não soubesse notícias dele, pois, para a sua religião, caso ela fizesse isso, cometeria adultério, algo completamente inaceitável segundo os seus princípios religiosos, tão sério na sua cultura, que tinha como castigo uma das punições mais severas que um ser humano pode sofrer, o apedrejamento até a morte.

Ela tinha em mente que só poderia ter uma vida mais tranquila quando soubesse o que aconteceu com a sua família, entretanto, naquela fase de sua vida, Aisha pensava que não tinha condições psicológicas de buscar essas informações. Aquela jovem tinha muito medo de saber que Osnin ainda encontrava-se vivo e, dessa forma, pudesse a ameaçar.

Para ela, naquele contexto, era preferível que tudo ficasse como está, sem que ela forçasse nada para saber o destino do seu esposo. Se em algum momento alguém a contasse como estava a sua família do Afeganistão, para ela seria interessante saber. Entretanto, mesmo depois de tanto tempo, ela não queria se mobilizar para buscar aquelas informações, pois um dos grandes medos de Aisha era que ela ao buscar saber o que ocorreu, pudesse ser encontrada e Osnin começasse a persegui-la. Devido a esse medo, ela preferia deixar as coisas da forma que estava, pelo menos até aquele momento.

 No início do ano de 2004, depois das férias na casa de Wilian, Aisha recebeu a informação de que Toddy havia retornado para a Inglaterra. Por um lado ela ficou muito feliz, que ele reencontraria a sua família. Entretanto, por outro lado ela ficava triste, pois, Toddy era a pessoa mais próxima de Johnson que atuava na sua região que ela morava e Aisha pensava, que se com ele lá, ela não havia conseguido informações do paradeiro de sua família do Afeganistão, sem ele naquela região essa chance ficava ainda mais remota.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora