Casamento forçado e abusivo II

O retorno a Londres

No dia de sua chegada a Londres, Saleh deixa as suas bagagens em casa e vai para a Universidade, onde tinha alguns compromissos com seu grupo de pesquisa. Ao chegar no local, ele encontra com alguns amigos que lhe questionam como havia sido aquela espécie de noivado. Em resposta, aquele jovem afirma que a viagem havia sido muito boa e que se casaria em junho daquele ano no seu país. Todos o felicitam por aquele compromisso.

Com o passar dos dias, a sua paixão, agora mais proibida do que nunca por Aisha se mostra ainda mais arrebatadora. Saleh tenta contato com ela de forma cada vez mais constante e demonstrando mais carinho, entretanto, Aisha sabendo das suas responsabilidades de mulher casada e com o seu melhor amigo comprometido, começa a repreendê-lo quando ele tentava insinuar que era apaixonado por ela.

Em certa medida, os dois estavam com os seus corações partidos, mas, ambos sabiam de suas responsabilidades e de como deveriam agir. Mesmo que por algum momento, um deles fraquejasse em sua fala, logo o outro chamava na responsabilidade e eles voltavam ao normal, compreendendo que a aquela altura, uma relação entre eles era completamente impossível.

Muito triste diante daquele contexto, no dia 16 de fevereiro de 2013, Aisha resolveu ir a Londres para passar o final de semana com a sua família e não contou para Saleh que estaria naquela cidade. Durante aqueles dias ela queria se abrir com a irmã sobre os seus sentimentos. A aquela altura, ela queria evitar de se encontrar com o seu melhor amigo, com medo de que aqueles sentimentos que tinha por ele pudessem ficar ainda mais arrebatadores.  

Durante aqueles dias Aisha conversou muito com a irmã, que ficou preocupada com a tristeza que ela apresentava em seu semblante. Quando em uma das conversas, Loren questiona, enquanto a irmã chorava compulsivamente demonstrando sofrimento:

- Mas se você sabia que gostava tanto dele Aisha, porque o deixou desimpedido e assumir esse compromisso?

- Eu não podia fazer nada de diferente minha irmã. Como iria propor para ele para ficar a me esperar até que eu soubesse alguma informação sobre o meu marido. Eu não poderia atrapalhar a vida de Saleh dessa forma. O seu pai iria deserdá-lo e amaldiçoá-lo por todas as suas gerações. Afirma Aisha demonstrando tristeza em seu semblante, ainda chorando muito.

- Eu não sei o que dizer minha irmã. Ficou tudo muito complicado. Acho que se tivesse que ser feito alguma coisa, deveria ter sido antes dessa viagem. Você deveria ter impedido ele de alguma forma de ir. Depois que ele assumiu o compromisso, acho que tudo ficou muito mais difícil. Afirma Loren demonstrando tristeza ao ver o sofrimento da irmã.

- A nossa cultura é muito diferente da daqui Loren. É muito comum no nosso país que os pais escolham com quem vamos nos casar. Saleh antes de vir para a Inglaterra havia feito um acordo com o pai dele que assim que terminasse o curso retornaria para o seu país. O pai dele não queria nem deixar ele vir. Ele veio porque assumiu esse compromisso. Diz Aisha demonstrando tristeza em seu semblante.

- É. A situação é muito complexa realmente. Se ele não cumpre o acordo o pai dele teria toda a razão em ficar revoltado...

- Sim. Ele pagou tudo para Saleh durante esses seis anos de estudo dele. Se não fosse esses recursos do pai, Saleh nunca teria saído do Afeganistão e se formado em Medicina. Eu entendo a família dele. O que eles estão querendo é apenas que ele cumpra com o acordo que foi feito. Na nossa cultura, o que é mais valorizado é a palavra. A palavra de um homem, pela nossa religião, deve valer como um documento assinado. Isso é honra. Ele prometeu. Ele tem que cumprir. Afirma Aisha a interromper o que Loren dizia.

Loren passa as mãos sobre os cabelos e fica sem saber o que dizer diante daquela situação. Era realmente muito complicada o contexto daquele casal apaixonado, sem condições de ficarem juntos. Depois de alguns segundos a pensar ela diz: