A viagem para Cabul

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A sexta-feira amanhece um dia ensolarado e muito quente no verão daquele país. Aisha havia desacostumado um pouco com aquele clima tão quente e desértico depois de muitos anos a viver na Inglaterra. Aquele dia estava muito mais quente do que os anteriores que passou naquela cidade e ela soava de uma forma impressionante, a ponto de molhar grande parte de suas roupas.

Assim que tomou o café, inquieta devido a aquela alta temperatura, ela fechou a conta na pousada e disse ao seu guarda-costas que estava pronta para partir. Ele pegou então os seus pertences, os de Aisha e foi para o carro, quando minutos depois eles partiram em direção a capital do país.

Felizmente aquele carro tinha ar-condicionado, o que fez aquela viagem se tornar um pouco mais agradável. O problema é que naquele dia estava tão quente, que nem com esse equipamento a sensação térmica conseguia se tornar muito agradável. O sol estava escaldante demais para isso.

Depois daqueles poucos dias no país, Aisha ao olhar no espelho do banco do passageiro, notou que a pele do seu rosto estava bem mais morena do que o de costume. Na Inglaterra ela ficou com a pele um pouco mais clara. Logo ela se lembrou do seu rosto enquanto morou naquele país, que tinha aquele tom, mais moreno devido ao clima quente da região.

Durante a viagem ela pensou muito em seu passado. Por algumas vezes ela chegou a se questionar: Será que a Aisha criança se sentiria orgulhosa da Aisha que me tornei? Logo respostas vieram em sua mente: É claro que sim. Hoje penso que nem nos melhores sonhos de minha infância eu poderia ter a vida que tenho na Inglaterra. Da situação que saí para a vida que tenho hoje, só posso agradecer ao Magnifico. Ele foi muito generoso comigo! Eu tenho uma vida de rainha na Inglaterra em comparação com a que tinha aqui. Consegui me formar em uma boa faculdade, tenho um excelente emprego... Uma vida financeira muito estável. Quantas mulheres de minha época que nasceram no meu país podem dizer isso? Tenho certeza que não são muitas!

Próximo da hora do almoço eles chegaram na cidade de Mazar i Sharif, local em que Aisha pisou pela primeira vez quando retornou a sua terra. O motorista a levou em um restaurante que serve comida Ocidental, e ela com saudade da comida da Inglaterra, comeu bastante naquele dia.

Assim que terminou a sua refeição, com muitas saudades de seu pai adotivo, ela entrou logo em contato com ele pelo telefone:

- Olá Pai, bom dia aí na Inglaterra! Para mim aqui já é boa tarde!

- Minha filha, que bom receber a sua ligação. Boa tarde pra você! Onde está?

- Acabei de chegar na cidade de Mazar i Sharif pai. Na minha cidade foi tudo muito bem de viagem, graças ao magnífico. Eu encontrei com o meu pai biológico. Infelizmente ele não está muito bem de saúde e não me reconheceu. Disseram que ele foi atingido na guerra e está em estado vegetativo em um hospital psiquiátrico aqui da cidade em que nasci.

- Eu sinto muito por isso minha filha. Mas, está tudo bem com você não é? Algum incidente durante a viagem.

- Não meu pai, as estradas que passei estão bem tranquilas. Algumas cidades próximas a que nasci estão sobre controle dos Talibãs e isso foi uma surpresa pra mim. Mas, a minha cidade ainda é governada por pessoas ligadas ao governo central. Nas estradas eu vi algumas pessoas muito parecidas com Talibãs, mas, eles não nos infortunaram.

- Como te disse minha filha, pelas informações que tinha recebido o governo do seu país ainda está em disputa e a situação é muito preocupante. Tome muito cuidado ao andar pelas ruas da capital e não saia de perto do seu guarda-costas. Os Talibãs tem feito atentados a bomba contra estrangeiros e tem também sequestrado pessoas para pedir resgate. Por favor, tome muito cuidado.

- Pode deixar meu pai. Eu manterei os cuidados. Agora preciso desligar porque vamos partir rumo a capital.

- Tudo bem minha filha. Informarei para a sua mãe que você ligou. Tenha um ótima viagem e se cuida heim. Não saia de perto do guarda-costas nem por um minuto sequer.

- Pode deixar meu pai, tomarei todo o cuidado do mundo!

- Eu te amo minha filha!

- Eu também te amo meu pai. Um grande abraço! Estou com muitas saudades.

- Eu também! Volta logo! Até breve.

- Até breve. Então Aisha desliga aquele telefone.

Após aquela ligação, eles entram no carro e saem pela estrada, rumo a Capital que ficava a aproximadamente 9 horas de distância da cidade de Mazar i Sharif. Muito cansada, depois de ter dormido pouco no dia anterior, Aisha conseguiu dormir por uma parte importante daquele trajeto.

Ao escurecer, ela viu que estava chegando mais próximo da capital. A medida que se aproximava, ela percebia uma melhoria na infraestrutura daquele país. As estradas eram um pouco melhores, a movimentação de pessoas em carros novos e caminhões era maior. Aquela região do país estava muito diferente do que diziam, quando ela deixou o Afeganistão ainda criança. Aisha estava surpresa com o desenvolvimento que o seu país apresentava. Ela não conheceu Cabul enquanto morou no Afeganistão, mas, as pessoas de sua cidade falavam muito sobre a capital enquanto era criança. A sua curiosidade era muito grande em conhecer aquela cidade tão mística para o povo afegão.

Por volta das 10 horas da noite, eles finalmente chegaram a capital. Naquele local, o seu celular pegou sinal e ela entrou em contato com o seu pai, mais uma vez, para lhe avisar que a viagem havia sido tranquila e que eles chegaram muito bem ao destino. Johnson estava feliz no telefone e logo contou para Evelyn que mandou um abraço para Aisha, dizendo que estava com saudades dela. Aquela ligação não foi muito demorada, pois, ela tinha que procurar um bom hotel para poder ficar naquela cidade, antes que ficasse muito tarde.

A paisagem de Cabul era bem diferente das cidades em que estava a passar naquele país. Era uma cidade mais moderna, com vias mais largas em alguns pontos e muitos prédios. Era um lugar muito bonito, de forma geral. A cidade era muito iluminada durante a noite.

O transito era um pouco diferente do da Inglaterra, um pouco mais desorganizado, mas, haviam muitos carros novos nas ruas, o que demonstrava que o país estava a receber investimentos e recursos importantes. Muito mais do que Aisha esperava.

Mas, ao passar em algumas ruas da cidade, a pobreza era impressionante. Centenas de pessoas ficavam espalhadas em partes das ruas, em situação de mendicância. O vício no ópio e na heroína é algo, infelizmente, muito comum naquele país. Ao ver aquela quantidade enorme de pessoas abandonadas nas ruas, Aisha sentiu uma tristeza enorme.

Minutos depois, aquele motorista chegou ao centro da cidade e levou Aisha a um hotel imponente, construído por um investidor Ocidental na cidade. Ela ficou impressionada ao ser recepcionada naquele local. Era um hotel muito nobre!

Logo ela decidiu ficar naquele espaço, que era bastante familiar pelo estilo parecido com os hotéis Europeus. Depois que fez o seu cadastro, ela foi para o seu quarto a tomar um banho, tentando se livrar um pouco daquele calor extremo que havia passado na estrada e logo em seguida jantar, para poder descansar um pouco, depois daquela longa viagem.

Muito cansada, assim que realizou essas ações, mesmo depois de comer bastante naquele hotel que tinha um cardápio fabuloso, Aisha conseguiu dormir rapidamente, na esperança de poder conhecer um pouco mais a capital do país no dia seguinte.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora