A preocupação de Loren

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No dia seguinte Loren acorda logo cedo para ir a escola e deixa Aisha dormindo em sua cama, já que a sua aula de inglês era em casa e começava um pouco mais tarde. Ela ficou preocupada com a situação de medo extremo que encontrou a sua irmã.

Logo no café da manhã ela perguntou ao seu pai como havia sido a vida de Aisha no Afeganistão, para tentar entender um pouco o que ela poderia estar a sofrer, quando assustado Johnson questiona:

- Porque está perguntando isso minha filha?

- Aisha foi para o meu quarto durante essa madrugada com medo de alguma coisa do seu passado pai. Por isso estou questionando. Tem alguma coisa no passado dela que pode trazer medo?

Johnson olha para Evelyn, que se mostra preocupada em como explicar a situação de Aisha para Loren, quando Johnson começa a dizer:

- Lembra que eu disse que a cultura no Afeganistão é muito diferente da nossa?

- Sim pai. Eu sei disso.

- Então, o tratamento das mulheres lá é um pouco diferente daqui do Ocidente. As mulheres devem fazer tudo que os maridos mandam, pois o poder lá está todo nas mãos dos homens, que são os chefes de família.

- Eu entendo isso, mas porque Aisha ficou tão desesperada?

- Nos últimos dias que Aisha passou lá, a relação dela com o marido não estava muito boa minha filha.

- Pai, isso é normal. Se não está boa divorcia. Aisha fez muito bem! Responde Loren de forma direta, sem entender muito bem aquele contexto.

- As coisas lá infelizmente não funcionam bem assim minha filha. Na cultura deles não existe muito essa questão do divórcio como existe aqui.

- Como assim pai?

- Lá as mulheres são obrigadas, forçadas a fazer tudo que o homem deseja e não podem cometer erros. No lugar em que Aisha morava os homens eram muito conservadores e o esposo dela também era. Quando as mulheres comentem erros lá, são severamente castigadas.

- Castigadas? Questiona Loren confusa e assustada, pois aquilo era totalmente fora da sua realidade.

- Castigadas filha. Os homens lá tem o direito de bater nas mulheres, da forma que bem desejarem. Na verdade a religião diz que não se pode machucar a mulher, mas, os homens da região que Aisha morava não ligavam muito para isso e achavam que podiam castigar as suas esposas, muitas vezes, de forma muito severa.

- Então Aisha com 15 anos já foi casada e tinha um esposo que batia nela?

- Infelizmente sim minha filha!

- Que horror pai! E porque ela não chamou a polícia para ele? Questiona Loren ainda extremamente confusa.

- Como eu te disse as leis de lá são bem diferentes. Quando o marido bate na mulher, ela não tem a quem recorrer quanto a isso, porque o homem tem o direito de bater nela, se achar que ela fez algo de errado. A justiça e nem a polícia intrometem nesses casos familiares.

- Mas isso é um absurdo! E esse covarde tinha coragem de bater nela? Afirma Loren já de forma mais revoltada.

- Infelizmente sim minha filha! Mas, não diga isso para Aisha, pois ela pode ficar muito constrangida se souber que te contamos isso!

- Eu mato um homem desses se o encontrar pela frente. Como ele teve coragem de fazer isso com a minha irmã! Afirma Loren em tom irado.

- Temos que proteger Aisha para que ela tente esquecer que essas coisas aconteceram. Eu estou esperando ela melhorar no inglês para contratar o mais rápido possível um psicólogo pra ela, para poder conversar sobre essas situações. No momento temos que ser sutis com ela para que essas coisas não venham a tona na mente dela. O que posso te dizer é que Aisha sofreu muito no casamento e vai precisar do nosso apoio para poder superar tudo isso. Afirma Johnson com um semblante preocupado.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora