As semanas seguintes

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Saleh retornou a Londres e continuou as suas pesquisas na Universidade. Várias de suas professoras estavam tristes que em breve ele retornaria para o seu país, pois ele era um ótimo estudante da área médica e tinha tudo para se tornar um pesquisador brilhante se tivesse oportunidades para isso.

A aquela altura, ele já havia conseguido o visto de cidadania inglesa que havia pedido no final de sua formação. A principal professora daquele grupo de pesquisa havia sugerido que ele fizesse a sua residência naquela universidade e já estava tudo pronto para que ele entrasse naquele programa no decorrer do próximo semestre, mas, aquele comando de retorno realizado pelo seu pai mudou todos os seus planos.

Sabendo de tudo que havia ocorrido no final de semana anterior quando Saleh foi visitar Aisha, o pai dele entrou em contato com o líder religioso da cidade de Londres e contou o que estava a acontecer, demonstrando a sua preocupação quanto a infidelidade do filho e a possibilidade dele largar aquele acordo para ficar na Inglaterra. O líder daquele templo da capital do país assumiu o compromisso de colocar Saleh no caminho da fé e se casar conforme havia prometido.

No fim de semana seguinte, ele conversou com Saleh sobre a seriedade daquele tipo de compromisso para as suas religiões e logo em seguida propôs a aquele jovem uma participação em um grupo que faz caridade naquele país durante os finais de semana. Saleh em um primeiro momento pensou em negar, pois, caso assumisse esse compromisso não teria como ir visitar Aisha até retornar para o Afeganistão, em aproximadamente um mês e meio, mas, aquele senhor foi muito incisivo dizendo que eles precisavam de um médico na equipe e ele não teve como recusar. Depois que aceitou aquela proposta, ele estaria ocupado em todos os fins de semana até o seu retorno ao país de origem para se casar.

As semanas foram passando e ele ficava cada vez mais próximo do seu casamento. Muito atarefado com as coisas que precisava resolver para a sua mudança, como encerramento das contas que tinha no país, entrega do apartamento, finalização de suas ações de pesquisa na Universidade e nos fins de semana, os compromissos religiosos, ele não teve muito tempo para contactar com Aisha e logo chegou a semana da sua viagem definitiva de volta para a sua terra.

Durante aquele tempo, Aisha estava triste, com saudade dele, mas queria evitar novamente qualquer contato, pois, isso poderia ativar ainda mais o sentimento que os dois tinham um pelo outro e, consequentemente, gerar mais sofrimento para ambos. Então, eles trocaram poucas palavras, inclusive, via mensagens durante aquele período.

Na segunda-feira da semana em que ocorreria a viagem para o Afeganistão, Saleh entrou em contato com Aisha pelo MSN e disse:

(Saleh) – Estou partindo esse fim de semana para a nossa terra Aisha.

(Aisha) – Nossa Saleh! Já chegou a data da sua viagem?

(Saleh) – Sim, tem tempo que não conversamos né. Passou tudo muito rápido. Daqui duas semanas me caso. :(

(Aisha) – Você vai que dia para o Afeganistão. Eu quero te ver antes de ir!

(Saleh) – É sério isso?

(Aisha) – É claro que é. E porque eu não iria ver o meu melhor amigo viajar para a minha terra antes de se casar. Tenho que lhe desejar boa sorte. :D

(Saleh) – Por nada, só achei que você estava me evitando.

(Aisha) – Você que sumiu. Eu estava sempre aqui.

(Saleh) – Tive que resolver muitas coisas nesses últimos dias. Arrumar para vigem em definitivo não é uma coisa fácil. Tanta coisa para resolver. Entregar apartamento, vender as coisas. Terminar os compromissos de faculdade. Essas últimas semanas foi uma loucura.

(Aisha) – Eu posso imaginar que sim, mesmo sem ter tido essa experiência. Quando vim para a Inglaterra foi praticamente com a roupa do corpo, largando tudo pra trás. Mas, se tivesse que voltar um dia pra lá, provavelmente, seria mesmo muito complicado pra mim também. :D

(Saleh) – Eu estou com saudades Aisha!

(Aisha) – Eu também Saleh! Com certeza esse país não será mais o mesmo sem você!

(Saleh) – É uma pena que tudo isso aconteceu. Eu não queria ir embora. Eu vou porque não tem jeito. Parece que está mesmo no meu destino. Mas, a minha vontade mesmo era ficar aqui.

(Aisha) – Eu te entendo. Mas, sei que está fazendo o que é certo. Está cumprindo com a sua palavra. Está fazendo aquilo que prometeu a sua família. Está fazendo o que está no seu destino. Eu estarei daqui torcendo muito para que seja muito feliz ao lado de Amira.

(Saleh) – Eu agradeço muito por torcer por mim Aisha. Você sabe que é e sempre será especial para mim!

(Aisha) Você também Saleh. É e sempre será especial para mim! É o melhor amigo que já tive nessa vida! Conseguiu ultrapassar até mesmo Caivan, e olha que ele estava muito bem colocado no meu ranking. A Loren ninguém nunca vai passar, mas, ela não é minha amiga, ela é minha irmã! Wilian eu considero um terceiro pai, então também não conta. Você é o meu melhor amigo de todos os tempos! :D

(Saleh) - Eu fico muito feliz por tamanha consideração!

(Aisha) - Que dia e horas é o seu vôo?

(Saleh) – Será no sábado às 11:00 horas.

(Aisha) – Te encontro às 08:00 em frente ao aeroporto pra gente poder tomar um chá.

(Saleh) – Combinado. Fico muito feliz que possa vir para podermos nos despedir.

(Aisha) – Eu não perderia esse momento por nada Saleh! Eu não sei quando poderemos nos ver de novo, pois, enquanto não souber o paradeiro do meu marido, não poderei ir a minha terra natal. Portanto, tenho que me despedir de você!

(Saleh) – Eu também não sei quando vou voltar Aisha. Eu tenho que arrumar um emprego lá para cumprir a promessa que fiz ao meu pai de que trataria do nosso povo, portanto, não sei também quando poderei te ver novamente.

(Aisha) – Espero que seja em breve Saleh. Tenha uma ótima noite!

(Saleh) – Tenha uma ótima noite também Aisha!

Ao final daquela conversa, eles desligam os computadores e ficam em suas camas a pensar um no outro. O momento que eles mais têm lembrança é daquele primeiro beijo em frente a roda do Millenium durante o Revellion. Foi um momento tão lindo! Pensavam eles. Depois de muito pensarem sobre as conversas e a cumplicidade que tinham um com o outro, eles conseguem pegar no sono e sonhar muitas vezes em como seriam outros possíveis encontros.  

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora