A busca

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O domingo amanhece e Aisha acorda logo cedo com uma enorme ansiedade. Ela havia programado com o seu guarda-costas de procurar os membros da sua antiga família, mas estava com medo da rejeição que poderia sofrer, especialmente, da mãe e da primeira esposa de seu ex-marido.

Durante a primeira refeição do dia, o guarda-costas chegou a questionar se a visita que queria realizar na parte mais humilde daquela cidade ocorreria na parte da manhã ou da tarde, quando Aisha afirmou que gostaria de ir na casa daquelas pessoas logo após o almoço. A aquela altura, nem ela sabia se teria mesmo coragem de reencontrar com os membros daquela família depois de tanto tempo.

Por um lado ela queria ajudá-los, mas, por outro, ela tinha muito medo de ser rejeitada ou maltratada. Era muito difícil tentar reencontrar com pessoas que tiveram uma relação conflituosa no passado. Em sua memória, enquanto pensava nesse possível reencontro, vem a lembrança de que Marian chegou a quase morrer após uma briga que teve com ela. Será que depois de tanto tempo, aquela senhora teria condições de me perdoar? Questionava ela em sua mente.

Assim que finalizou aquela refeição, ela foi então para o seu quarto e lá ficou por algum tempo a refletir se queria mesmo ir ao endereço repassado por Rashid ou não. Mesmo tendo trabalhado muito a sua mente para esse momento, ela não tinha convicção de que estava totalmente preparada para encarar de frente os seus conflitos do passado, saber realmente o que aconteceu naqueles dias em que supostamente foi abandonada por Osnin para morrer em sua casa. Será que estou mesmo preparada para tudo isso?

Muito preocupada, ela decidiu pegar um livro pra fazer a leitura e ver se conseguia distrair um pouco até a chegada do almoço. Depois de ler por algum tempo, chegou a hora daquela refeição e ela desceu acompanhada de seu guarda-costas.

Naquele local ela encontrou com muitas pessoas do ocidente que estavam hospedados na capital. Aquele era um ambiente muito diferente de outros locais do Afeganistão. Por incrível que pareça, a língua que dominava aquele espaço era o inglês, o que a deixou muito surpresa.

Muitos investidores americanos, soldados de alta patente e pessoas importantes naquela sociedade faziam reuniões e almoços naquele luxuoso hotel de estilo Ocidental e isso, de algum forma fazia aquele espaço dentro do Afeganistão, parecer um pedaço do Ocidente naquele país.

Ao finalizar o almoço, ela foi para o seu quarto e lá ficou a refletir em como abordaria as pessoas daquela família e como diria a eles que estava a fazer uma visita depois de tanto tempo. A sua ansiedade e timidez, naquele instante, estava mais forte do que nunca.

Depois de refletir muito se deveria mesmo fazer isso, ela tomou uma decisão a qual não voltaria mais atrás. Falando para si mesma em pensamento, ela refletiu: Um dos motivos para retornar a minha terra, era para poder encarar de frente o meu passado e é isso que vou fazer. Eu vou a aquele endereço encontrar com a família do meu ex-marido e farei isso agora! Afirmou Aisha para si mesma, convicta.

Então, ela foi ao quarto do guarda-costas e o chamou. Preparado e portando pequenas armas, para não chamar muita atenção naquela comunidade perigosa, ele disse que estava pronto, mas, que Aisha deveria tomar ainda mais cuidado e andar próxima dele naquele local, pois, aquele ponto da cidade era muito perigoso. Como resposta, ela se comprometeu a ficar mais atenta e próxima dele.

Eles partem rumo ao endereço. Aisha percebe que quanto mais chegava próximo do local indicado, mais surgia um emaranhado de casas e pessoas muito pobres. Haviam também pessoas portando armas grandes durante o trajeto. Aquela região parecia ser dominada por uma espécie de milícia não ligada ao governo. Era uma das partes mais violentas e pobres da capital daquele país, com pouquíssima presença do Estado.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora