Logo na manhã da terça-feira, dia 18 de dezembro de 2001, exatamente uma semana antes do natal, o líder religioso convida os militares para tomar um chá em sua casa. Entre outras coisas ele queria discutir qual seria o destino dos prisioneiros e também de Wilian.
Assim que aqueles militares entraram na casa, foram muito bem recebidos pelo líder religioso que os agradeceu por atenderem o seu chamado:
- Bom dia senhores, que bom recebê-los aqui, fico muito agradecido por terem atendido o meu pedido.
- Nós que agradecemos pelo convite senhor. Diz um daqueles militares, o de maior patente, chamado Ahmadi, quando eles são convidados a se sentarem na sala.
- Bem, eu os chamei aqui para falar um pouco sobre o contexto da guerra no momento e para planejar os nossos próximos passos. Digo a vocês que a coisa não está muito bem na capital, Cabul. Nós derrubamos o regime Talibã, mas os ataques estão vindo em forma de atentados terroristas constantes e eles estão matando muitos civis. Temo que em algum momento isso pode começar a ocorrer aqui. Em algumas pequenas cidades do Afeganistão, estão tendo também ataques dos terroristas para libertar prisioneiros, esse é outro cuidado que temos que ter.
- Quando vamos matar esses prisioneiros senhor? Se acabarmos com eles, teremos uma preocupação a menos.
- Somos aliado dos exércitos do ocidente. Esses dias são comemorativos para eles. O natal é uma data muito importante e logo depois vem a passagem de ano. Nesse período eu prefiro não realizar nenhuma execução, pois isso poderia não pegar bem. Mas, na segunda quinzena de janeiro começaremos os julgamentos desses prisioneiros. Começaremos dos mais perigosos e dos militares presos do antigo regime. Assim que eles forem condenados a morte e a sua pena for executada, certamente, teremos uma maior tranquilidade nesse sentido. Além disso, o povo ficará com mais medo e mais controlável, quando ver que o nosso regime não está tendo tolerância com quem ousa a se rebelar contra as nossas ordens.
- Isso senhor. É disso que estamos precisando. Demonstrar força e poder. É só assim que eles entendem. Foi assim que os Talibãs governaram esse país por tanto tempo. Diz um daqueles militares, chamado Alan.
- Mas, a pressão que estamos sofrendo do governo central é grande, quanto a não executarmos nenhum dos prisioneiros. Eles querem que enviemos os mais perigosos para uma prisão em Cabul. Diz aquele ancião.
- Eles não sabem o que estamos passando aqui senhor. As pessoas nos respeitam cada vez menos nessas ruas, se não começarmos a demonstrar força, daqui a pouco eles estarão se rebelando e fazendo motim contra nós e as forças externas Talibãs podem se sentir encorajadas e retomar a nossa cidade.
- Eu tenho comunicado isso a eles. Nós vamos agir, queiram eles ou não queiram. Quem sabe dos nossos problemas e da forma de resolvê-los somos nós. Hoje temos uma quantidade de soldados enorme protegendo aquela cadeia, porquê a qualquer momento pode haver tentativa de fuga ou resgate, pelo grande número de prisioneiros que temos. Temos que reduzir isso de uma forma ou de outra. Diz aquele líder religioso.
- Os senhor tem toda a razão, esses homens mataram os nossos homens em conflito, precisam ser condenados a morte e fuzilados em praça pública para que sirvam de exemplo. Diz um Ahmadi.
- Faremos isso! Responde aquele líder religioso.
- E quanto a Wilian senhor? Novidades. Questiona Ahmadi.
- Wilian é um caso um pouco mais complicado oficiais. Como tenho dito a vocês, as recomendações do comando da Aliança do Norte e das forças aliadas, inclusive americanas e inglesas, é que atuemos de forma tranquila perante a situação e que não condenemos pessoas a exemplo do antigo regime. Eles querem instalar uma democracia no Afeganistão, como se isso fosse possível! Diz aquele comandante em tom irônico.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casamento forçado e abusivo II
General FictionApós passar por muitos percalços em sua história, Aisha consegue finalmente se livrar do seu casamento e tenta construir uma nova vida. Entretanto, os fantasmas do passado a assombram constantemente e ela tem dificuldades de superar os seus diversos...