12 de dezembro de 2001

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Logo pela manhã de quarta-feira, aqueles oficiais do exército da Aliança do Norte vão a casa do líder religioso para lhe entregar parte do inquérito do caso Aisha. Assim que eles chegam na porta daquela residência, são recebidos com muita alegria por aquele senhor:

- Entrem, entrem, que bom recebê-los aqui.

Aqueles comandantes, entram, se sentam e enquanto era servido um chá, eles começam a conversar com aquele líder religioso:

- Senhor, o inquérito do caso Aisha está bem avançado. Já sabemos praticamente tudo do que aconteceu. Conforme conversamos com o senhor ontem, interrogamos dois dos enfermeiros da equipe do doutor e eles passaram a mesma versão, de que ele planejou a fuga de Aisha com Johnson. Para fechar o inquérito precisamos apenas interrogar o doutor.

- Eu não vejo a hora disso acontecer senhor. Nos dê duas horas como lhe pedimos há algum tempo. Com duas horas aquele doutor vai assumir até o que não fez e entregar até a mãe dele. Nós te prometemos isso.

O terceiro oficial também empolgado, tendo se sentido humilhado por aquele doutor naquele hospital e enganado por ele, com uma voz severa diz:

- Senhor, deixe a gente interrogar ele imediatamente, eu não vejo a hora de colocar as mãos naquele doutor. Eu vou acabar com ele, esganá-lo, eu prometo que não vou matá-lo, deixarei isso para o senhor e para a justiça. Entretanto, prometo que vou limpar o nome da nossa corporação que ele sujou depois de nos humilhar como nos humilhou diante de todos por tantas vezes.

Aquele líder religioso fica preocupado com a sanha daqueles militares em pegar Wilian. Da forma que eles estavam com vontade de interrogar aquele doutor, ele poderia não sair vivo daquele interrogatório e isso poderia ser muito ruim para o regime. Aquele líder religioso sabia que aquele doutor era muito amado pela comunidade, pois ele havia salvado muita gente no decorrer do período em que esteve naquele hospital. A morte dele, certamente, geraria enormes transtornos e aumentaria muito a rejeição do novo regime instalado naquela cidade. Além disso, Wilian era um doutor voluntário naquele país ainda em guerra e era um cidadão de um país aliado. A morte dele ser colocada na conta daquele regime seria horrível para aquele líder religioso, que poderia, inclusive, perder o seu posto. Pensando nisso ele diz:

- Eu fiquei sabendo que o doutor ainda está muito debilitado depois da surra que vocês deram nele. Ele ainda está de cama. Não faz bem a gente interrogar alguém com tamanha debilidade, podemos ser denunciados por esses órgãos de direitos humanos, que estão por toda parte por aqui.

- Senhor, a gente realmente arrebentou com ele. Mas, acho que ele já está pronto para outra. Diz um daqueles soldados a sorrir, quando os outros acompanham a gargalhadas.

- Eu penso que não. Não no momento. Eu prometo que lhes darei o que tanto desejam. Farei o possível para que possam interrogá-lo no futuro. Mas, no momento isso é ruim para a gente. Estamos recebendo informações constantes de que os atentados terroristas aumentaram em Cabul. Recebemos informações também de que os Talibãs estão preparando uma contra ofensiva nessa região do país, ainda antes do natal e isso é muito perigoso. Caso recebamos mesmo esse ataque, precisaríamos do doutor para cuidar dos nossos feridos, afinal de contas, ele é o único especialista nessa área de traumas mais graves de toda a região.

Aqueles comandantes coçam os cabelos. Eles estavam loucos para pegar Wilian e o castigar pelas afrontas que sofreram enquanto Aisha estava naquele hospital, mas eles sabiam que aquele senhor tinha toda a razão. Para a segurança daquele povo, ter Wilian naquele hospital, era muito importante, pelo menos, enquanto a guerra não tivesse efetivamente acabado.

Então eles dizem:

- Então senhor, enquanto essa guerra não finalizar não podemos condenar esse médico a morte?

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora