A apresentação do plano

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Era quarta-feira, dia 06 de março de 2002, em seis dias aquele ataque contra Wilian seria concretizado e aqueles três militares de alta patente foram a casa do líder religioso local para apresentar o plano de ataque a aquele doutor.

- Senhor, já temos o plano todo desenvolvido, na terça-feira da próxima semana poderemos executá-lo, se o senhor não tiver nenhuma modificação a propor. Afirma o líder daquele grupo militar Ahmadi.

- E qual é o plano? Os senhores vão explodir o que para matar aquele doutor? Questiona aquele líder.

- Nós pensamos em várias propostas senhor. Explodir um carro próximo ao hospital, mas aquele local é ruim porque é de grande circulação e poderia atingir mais pessoas. Pensamos também em preparar uma bomba na casa dele, ligada a porta, assim que ele abrisse e entrasse a casa explodiria, mas, essa ação é um pouco mais complicada, porque teríamos que entrar na casa e isso poderia levantar suspeitas, alguém poderia ver e complicar um pouco as coisas. O melhor é colocar um carro bomba próximo a casa dele e quando ele estiver passando ao lado, explodi-lo. É esse o modelo mais comum de ataque dos terroristas. Com essa ação teríamos uma probabilidade muito grande de que com as investigações demonstrando que a culpa foi dos terroristas do antigo regime, as pessoas não questionem. Afirma Alan o segundo oficial de maior patente presente naquela sala.

- Eu acho uma boa estratégia, mas, os senhores têm certeza que aquele doutor vai morrer quando aquele carro explodir? Questiona o ancião.

- Com a quantidade de explosivos que vamos colocar naquele carro senhor, ele vai voar tão longe que não terá a mínima chance de sobreviver. Passamos por algumas vezes na casa dele. O carro poderá ser parado em frente a casa que ele mora. A porta fica muito próxima da rua. Vamos explodir o carro quando ele chegar na porta de casa. A explosão será tão forte que jogará ele contra a porta de sua casa com tamanha força, que será impossível que ele sobreviva. Afirma o terceiro oficial presente naquela sala.

- Se os senhores acham que esse é o melhor modelo eu estou de acordo. Vai ser bom para o regime esse ataque. Tenho certeza que todos serão comovidos com a morte do doutor e aqueles que estavam a simpatizar com o antigo regime voltarão a ter aversão por eles. Assim conseguiremos mais poder e mais apoio popular. Algo que estamos precisando muito! Afirma aquele líder religioso.

- Com certeza sim doutor! Então fica combinado, ele costuma ir para casa na manhã da terça-feira, faremos esse atentado assim que amanhecer. Afirma Ahmadi.

- De acordo! Afirma aquele ancião.

Depois daquele acordo selado, eles começam a conversar sobre outros assuntos de interesse daquele grupo, quando aqueles oficiais depois de uma longa conversa, vão para a base militar, felizes da vida, pois, finalmente teriam condições de se vingar daquele doutor que atentou contra a honra daqueles oficiais.

Naqueles dias que se passaram, Aisha conseguiu dormir melhor na terça-feira, mas, com um sexto sentido muito aguçado e com uma ligação muito grande que havia construído com Wilian, o seu coração estava apertado e ela se lembrava daquele doutor o tempo todo durante aquela noite. Aisha parecia prever que alguma coisa ruim estava prestes a acontecer com aquele doutor que fez tão bem a ela e lhe salvou por algumas vezes.

Logo que acordou na quinta-feira, ela foi conversar com Johnson, queria realizar um novo contato com Wilian depois de muito tempo que eles não conversavam. Quando ela diz:

- Pai, nesses últimos dias tenho sentido falta novamente do doutor Wilian. Já faz mais de um mês que não conversamos. Será que o senhor poderia tentar um outro contato com ele?

- Posso minha filha. Vou ver como posso combinar isso com Tody.

- Eu agradeço muito pai. Eu não sei o que aconteceu, mas, nesses dois dias eu tenho pensado muito nele. Estou a sentir muitas saudades. Espero que esteja tudo bem com o doutor Wilian e que possamos conversar em breve.

- Eu vou ver o que posso fazer a respeito. Assim que ele estiver disponível e Tody puder levar o rádio até ele, eu lhe aviso. Tem conseguido dormir bem? Questiona Johnson preocupado.

- Sim pai. Aqueles pensamentos em Osnin felizmente saíram da minha cabeça. Acho que não tenho mesmo motivos para ter medo aqui na Inglaterra. Ele jamais chegaria aqui e nem deve saber o meu paradeiro, já que saí de lá de forma irregular.

- Isso mesmo minha filha. Ninguém sabe que você veio pra cá morar comigo e mesmo que soubesse eu não deixaria que ninguém fizesse qualquer mal contra você! Diz Johnson passando segurança para Aisha, quando ela abre um sorriso, demonstrando tranquilidade, antes de passar manteiga em uma torrada que estava sobre a mesa.

Assim que ela finalizou aquele café, foi para os estudos. Enquanto estava a estudar, naquele dia ela encontrava-se distraída e até a sua professora percebeu isso. Aisha estava a pensar o tempo todo em Wilian. Ela não sabia o porque, mas não parava de pensar naquele doutor.

Durante aquela noite, mais uma vez Aisha teve dificuldade de dormir, porque não parava de pensar naquele doutor. Ela mesmo se questionava em meio a aqueles pensamentos: O que está acontecendo? Porque não paro de pensar em Wilian? Isso não é normal? Será mesmo que isso tudo é saudade? Então depois de muito pensar e se questionar sobre aqueles pensamentos ela resolveu rezar para que Wilian pudesse ficar bem e para que ela pudesse conversar com ele o mais rápido possível para matar aquela saudade.

Nesse período Wilian apenas trabalhava e nem imaginava que alguém pudesse estar planejando um atentado contra ele. Depois daqueles atentados terroristas e conflitos mais extremos naquela pequena cidade, os ânimos felizmente acalmaram um pouco e aquele hospital diminuiu consideravelmente o número de pacientes internados em estado grave. Todos que chegaram para tratamento naqueles dias de conflito , mesmo estando gravemente feridos, conseguiram se recuperar, graças a ação de Wilian que possuía a capacidade necessária para atendimentos de situação de traumas e de alta complexidade.

Naquela noite, Wilian ligou para a sua esposa e ficou falando por muito tempo com ela ao telefone. Teve a oportunidade de falar e brincar um pouco com os seus filhos, dizendo que em breve estaria de volta a Inglaterra, demonstrando sempre muitas saudades deles, quando eles também afirmavam estarem a sentir muita falta do pai.

Na Inglaterra Aisha não conseguiu dormir por mais uma noite. O tempo inteiro vinha Wilian em sua memória e ela começou a imaginar que aquele doutor poderia estar mesmo correndo algum risco no seu país, pois a maioria dos seus pensamentos e pequenos sonhos que ela tinha, quando conseguia cochilar um pouco, tinha finais tristes, o que preocupava ainda mais Aisha e a gerava uma ansiedade ainda maior para dormir.

A sexta-feira amanhece e Aisha conta para o seu pai de manhã os pequenos pesadelos que teve e a sua preocupação com Wilian. Johnson promete a ela que iria conversar com Tody naquele dia para saber se havia ocorrido alguma coisa com o doutor e se ele teria condições de conversar com Aisha para aliviar o seu coração.

Na manhã daquele dia, os militares daquele regime conseguiram o carro e já estavam a realizar os ajustes nele para que aqueles explosivos pudessem ser instalados. O ataque a Wilian estava previsto para ocorrer na próxima terça-feira e as ações necessárias para aquele atentado, já estavam bem adiantadas.

Durante a tarde Wilian passeou um pouco por aquele mercado, sempre conversando com todas as pessoas que o encontravam no caminho, que eram muito cordiais com aquele doutor por ele ter salvo tantas vidas na cidade. Ele era uma liderança muito respeitada por aquele povo e por onde andava era sempre cumprimentado por muita gente.

No fim da tarde ele foi para casa descansar, algo que era incomum durante as sextas-feiras. Entretanto, a situação estava tão tranquila naquele hospital e os pacientes que chegaram lá em estado mais complexo encontravam-se estáveis, que naquele dia ele resolveu ir para casa descansar e deixar os enfermeiros a tomar conta dos pacientes. Ele ficou de sobreaviso e pediu para que se alguma emergência ocorresse que o chamassem em casa, haja vista que ela ficava a algumas quadras daquele hospital.

Em casa ele começou a olhar a foto de sua família e se emocionar bastante. Wilian estava sentindo muita falta de suas esposa e seus filhos. Ele pegava aquela foto e muito emocionado, ficava o observar a pureza nos olhos daqueles meninos pequenos, que depois de tanto tempo sem vê-los já deveriam estar bem maiores do que se apresentavam naquelas fotos. Ele colocou na cabeça que depois que retornasse para a Inglaterra ficaria um tempo grande vendo o crescimento de seus filhos antes de realizar uma outra missão humanitária como aquela. Entretanto, aqueles militares estavam fazendo todo o possível para que ele nunca terminasse aquela missão e jamais retornasse para a sua terra natal.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora