O contato com Rashid

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Depois daquela conversa com o pai, o contato entre os dois ficou mais constante, Johnson ligava para Aisha quase todos os dias para saber se estava tudo bem. Felizmente, naqueles dias, nada de extraordinário havia ocorrido e ela não recebeu novas ameaças.

Já estava chegando o mês de dezembro de 2013 e Aisha conversava constantemente com a sua psicóloga sobre as suas preocupações, quando depois de muitas sessões falando sobre os seus traumas do passado e de sua busca por resolver essas questões, ela se sentiu mais preparada para entrar em contato com Rashid.

Há aquela altura, já fazia muito tempo que ela não conversava com Saleh. O último contato entre os dois pelo telefone tinha ocorrido há mais de dois meses, quando eles decidiram que precisavam mesmo manter uma certa distância até que as coisas se acalmassem.

Ao tomar aquela decisão, Aisha sentiu a necessidade de conversar com o seu melhor amigo. Era como se ela se sentisse no dever de avisá-lo, pois, ele havia sido a fonte daquele possível contato que desvendaria o seu passado. Ela entrou no MSN e escreveu para ele:

(Aisha) – Olá Saleh, quanto tempo?

(Saleh) – Olá Aisha. Que saudade de você! Está tudo bem por aí? Quanto tempo.

(Aisha) – Está tudo muito bem! Sem novidades quanto ao caso. Você conversou com o meu pai nos últimos dias?

(Saleh) – Sim, ele veio me falar sobre as investigações. Ele recomendou fortemente que nós não nos encontrássemos nos próximos meses, pois a quadrilha que está nos ameaçando me parece muito especializada. Todas as ações que eles fizeram foram minuciosamente ocultadas. Além disso, o homem que nos seguia não foi encontrado, provavelmente, foi um detetive particular que tirou essas fotos.

(Aisha) – Sim. Ele me disse isso também. Bem, eu criei coragem e acho que estou preparada para contactar Rashid e saber mais sobre o meu passado. Com essa dúvida que temos, eu acho que é importante saber informações sobre Osnin, inclusive, para que eu saiba se pode ser ele que está a nos ameaçar ou o seu pai.

(Saleh) – Que bom que você tomou essa decisão Aisha. Isso será sim muito importante para que a gente saiba quem é que deseja a nossa separação. Eu não vejo a hora de obter essas informações. Ainda sonho que a gente possa ficar juntos um dia! Eu sonho com a felicidade ao seu lado Aisha.

(Aisha) – Eu fico feliz por isso Saleh. Eu tenho muito apreço por sua pessoa. Se nós dois estivemos desimpedidos, quem sabe um dia não dê mesmo certo. Mas, para isso eu tenho que saber esses detalhes do meu passado e temos que saber quem é que está a nos ameaçar. Com essas ameaças, não podemos seguir nesse caminho.

(Saleh) – Descobrir isso é tudo que mais sonho nesse momento Aisha. Assim que conversar com Rashid, por favor me contacte e informe o que descobriu.

(Aisha) – Pode deixar que informo sim Saleh. Já está tarde. Vou dormir, porque amanhã tenho que trabalhar logo cedo. Que a paz do senhor esteja com você!

(Saleh) – Que a paz do senhor esteja com você também Aisha.

Aquelas mensagens foram recebidas minutos depois por Sarwar no Afeganistão. Era madrugada e ele estava dormindo. No outro dia, logo que acordou, ele as acessou e chamou a esposa, quando comentou:

- Saleh voltou a falar aquela Aisha. Ainda tem a cara de pau de dizer que sonha em viver com ela. Jamais!

- Jamais mesmo meu marido. O que ele fez com a nossa família foi uma desonra. Ele poderia ter acabado com a nossa reputação. O senhor não pode deixar que ele se case com aquela desqualificada.

- Com Aisha ele não casa. Eu dei a minha palavra. Com Aisha ele só se casa, por cima do meu cadáver! Afirma aquele senhor, novamente em tom incisivo. Quando a sua esposa balança a cabeça em concordância.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora