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Com o fim dos festejos de fim de ano dos ocidentais, aquele líder religioso começou a colocar o seu plano de execução de parte dos prisioneiros em prática. Já no dia 01 de fevereiro de 2002 ele deu a sentença condenatória a uma dezena de militares presos do antigo regime, que pertenciam as famílias daquela região. Assim que aquela sentença saiu, os familiares daqueles prisioneiros foram pra frente do portão daquela cadeia realizar uma manifestação contrária a aquela decisão. Para demonstrar força, aquele comandante ordenou que aquela sentença fosse executada imediatamente, então os militares pegaram aqueles prisioneiros, os levaram para o paredão de fuzilamento e os metralharam, enquanto as suas famílias se desesperavam ao lado de fora daquela prisão, por verem os seus entes queridos a serem executados de forma tão brutal.

Rapidamente aquela história se espalhou pela pequena cidade. Aqueles homens executados tinham bastante influência naquela sociedade, pois pertenciam ao antigo regime que dominava a região até pouco tempo. No enterro daqueles homens se formou uma multidão e eles começaram a gritar palavras de ordem, demonstrando ódio ao novo regime e cantando músicas em defesa dos Talibãs.

Ao saber dessa afronta daqueles grupos, aquele líder religioso dobrou a aposta para demonstrar o seu poder e emitiu uma ordem de execução de outros vinte prisioneiros no dia 03 de fevereiro de 2002. Novamente, muitas famílias foram se manifestar na frente do portão daquela cadeia e a execução dos prisioneiros ocorreu em meio a um desespero enorme, especialmente, de suas mães e esposas daqueles homens condenados. Muito revoltados, após a execução daqueles homens, aquele povo saiu as ruas quebrando parte do patrimônio público, quando a polícia e o exército da Aliança do Norte foi chamada e agiu com rigor, agredindo intensamente aqueles moradores. Muitas pessoas foram encaminhadas para o hospital e dois manifestantes mais jovens morreram.

Wilian ficou horrorizado ao ver a quantidade de pessoas que estava a chegar gravemente feridas naquele hospital. Ele questionou o que estava a ocorrer naquela cidade e os moradores o e explicaram que o regime da Aliança do Norte havia executado mais prisioneiros, revoltado a população e eles foram manifestar, quando houve uma ação de violência extrema por parte da polícia que machucou parte daqueles manifestante e matou dois deles. A situação naquela cidade estava ficando muito preocupante.

Muitas pessoas que participaram daquelas manifestações foram presas e interrogadas de forma muito violenta. Aqueles líderes militares e religiosos, estavam procurando um líder para aquelas manifestações, líder esse que não existia, a base daquelas ações eram os familiares dos militares executados pelo regime atual, pessoas próximas a aquelas famílias e simpatizantes.

Com a violência crescendo, pessoas presas e a possibilidade de novas sentenças de execução serem emitidas, os moradores se organizaram e levaram quase 50% daquela população para as ruas, em uma manifestação pacífica pelo centro daquela cidade, pedindo paz por parte daquele regime e que novas sentenças condenatórias não fossem emitidas até que se montasse o Conselho Religioso, tribunal o qual eles estavam mais acostumados a realizarem os julgamentos. Como resposta a aquela ação, o líder religioso ordenou que o exército fosse enérgico na reação e houve um verdadeiro massacre na praça central daquela cidade, com mais de 14 pessoas mortas e centenas de pessoas feridas.

Aquele hospital lotou naquele dia, Wilian estava impressionado como aqueles militares e líderes religiosos foram capazes de cometer tamanha atrocidade contra a população. A situação de conflito ideológico existente naquela cidade estava se tornando explosiva. A população pedia a volta dos Talibãs, que com todos os problemas, parecia ser ainda melhor do que serem governados por aquele líder religioso tão extremista e violento.

No dia seguinte foi preparada uma manifestação em frente ao hospital, para que a população pudesse rezar pelos feridos, muitos deles em estado grave, depois de tamanha violência daqueles militares na manifestação do dia anterior. Mais de mil pessoas se fizeram presentes, com tudo sendo observado pelos militares a distância que, provavelmente, iriam intervir novamente.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora