Uma nova conversa com Saleh

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No dia seguinte a aquele contato com Rashid, Aisha acordou atrasada para o trabalho, ela não havia escutado o seu celular despertar. Muito preocupada, ela se levanta correndo, toma um banho rápido, faz a sua higiene pessoal, se arruma e chama o táxi para ir ao trabalho.

Tudo ocorre de forma normal durante aquele dia. Aisha pensava inúmeras vezes, especialmente nos intervalos do trabalho, sobre a morte de Osnin e o que isso representava para a sua vida daquele momento em diante. O dia dela alternou novamente entre sentimentos de tristeza e um certo alívio por saber que não seria mais perseguida por ele, a quem tanto temia.

Ao final do expediente, novamente ela chamou um táxi para retornar para casa. Depois de realizar todos aqueles procedimentos de segurança, ela chegou no seu apartamento. Ao entrar, ela se lembra que precisava contar as novidades para Saleh. Então ela liga aquele computador e ao notar que ele estava on-line, escreve:

(Aisha) – Olá Saleh. Boa noite! Consegui falar ontem com Rashid.

(Saleh) – E o que ele disse Aisha?

(Aisha) – Disse que Osnin morreu mesmo em uma prisão no ano de 2001. Ele tem certeza dessa informação, porque conhece pessoas que estavam no enterro dele.

(Saleh) – Então o relatório do meu pai estava certo. Você está desimpedida Aisha! :D

(Aisha) – Vamos com calma Saleh. Agora temos apenas uma certeza. É o seu pai que não quer que nos encontremos e está nos ameaçando. Temos que continuar tendo muito cuidado.

(Saleh) – Eu enfrento tudo por você Aisha. Agora que sei que não está mais casada, eu não vou mais ficar me controlando para te ter ao meu lado! Temos o direito de sermos felizes. Não estamos fazendo nada de errado se ficarmos juntos. Estamos dentro dos preceitos religiosos.

(Aisha) – Eu também penso assim Saleh. Mas, não sei se o seu pai concorda muito com isso.

(Saleh) - Que se dane o meu pai! Eu não quero mais saber o que ele pensa. Ele já me deserdou mesmo. A vida é minha e eu faço o que eu quiser!

(Aisha) - Ele nos ameaçou Saleh. Ele pode tentar nos matar se tentarmos ficar juntos.

(Saleh) - Volte para Londres Aisha. Aqui conseguiremos arrumar uma forma de te manter em segurança. Com a segurança do seu pai, podemos nos casar.

(Aisha) – E viveríamos escondidos naquele apartamento Saleh? Eu não quero uma vida assim. Eu, depois de tudo que vivi em meu casamento, prezo muito pela minha liberdade.

(Saleh) – Acho que você não me ama como eu te amo!

(Aisha) – Eu te amo Saleh. Mas, não podemos ficar juntos sendo ameaçados como estamos sendo constantemente.

(Saleh) – Quem ama, tudo enfrenta Aisha. Eu estou disposto a enfrentar tudo por você! Diga que quer estar comigo e eu farei o possível para que nos casemos. Te dou toda a garantia de que terá total proteção. Hoje eu estou trabalhando em um hospital e ganhando muito bem. Em breve, ingressarei na residência médica e assim que formar ganharei muito mais. Poderei te garantir total segurança com o meu salário. Podemos inclusive morar no mesmo prédio do seu pai. Tem apartamentos para alugar lá.

(Aisha) – Eu não sei Saleh. Eu preciso pensar! Eu gostaria muito de estar com você! De me casar com você! Eu também descobri que te amo muito nesses últimos meses que vivemos juntos. Mas, tenho muito medo. Eu gostei de ser independente. Foi uma das melhores coisas que descobri na minha vida aqui na Inglaterra. Eu não quero mais ser uma dona de casa e não ter a possibilidade de sair, por estar sendo ameaçada.

(Saleh) – Isso será por um tempo Aisha. Depois podemos ajustar as coisas e buscar uma forma de lhe trazer mais segurança. Case-se comigo?

(Aisha) – Eu vou pensar com carinho Saleh e te dou uma resposta o mais breve possível.

(Saleh) – Estarei esperando ansiosamente! Eu te amo mais do que tudo nesse mundo Aisha. Eu faria qualquer coisa para estar ao seu lado!

(Aisha) – Espero que um dia possamos viver juntos, sem sermos ameaçados. Agora preciso ir. Tenha uma ótima noite Saleh!

(Saleh) – Tenha uma ótima noite Aisha!

Então Aisha desliga o seu notebook e fica a pensar na proposta levantada por Saleh. Se casar com ele, era uma ótima proposta. Ela gostava muito daquele jovem e sonhava em ter filhos. O grande problema eram as ameças que eles sofreram, provavelmente, de Sarwar. Depois de muito refletir, ela decide que conversaria com o seu pai em breve, quando pudesse ir a Londres sobre essa proposta. Após algumas horas a pensar, ela pega no sono.

Aquela troca de mensagens havia sido enviada ainda naquela noite para o computador de Sarwar. Assim que ele acordou, pegou um chá e foi para o escritório. Enquanto lia os seus e-mails, ele sempre pegava uma quantidade de chá na xícara e tomava. Então, ele abriu o e-mail daquele harcker e começou a ler o diálogo trocado entre os dois. Por um momento, aquela conversa estava tranquila. Ele pegou mais um pouco de chá e colocou em sua boca, quando ele leu a proposta de Saleh, revoltado, cuspiu boa parte daquele chá para o alto, impressionado com aquela afronta.

Imediatamente ele entrou em contato com Andric para que ele viesse até a sua casa, pois, precisava conversar com ele de forma urgente. O seu filho mais velho chegou em sua casa em meia hora quando Sarwar mostrou para ele aquele diálogo e disse furioso:

- Saleh não me respeita! Eu vou matar ele!

Enquanto lia aquelas mensagens, Andric mudava o seu semblante também para mais furioso. Ele estava impressionado com a audácia daqueles dois de ainda os afrontarem diante daquelas ameaças tão diretas. Ao final daquela leitura ele disse:

- Se o senhor não intervir agora, esses dois podem se casar contra a nossa vontade. E se a informação de que eles se casaram chegar aqui em nossas terras, será uma desonra para a nossa família! Nós prometemos a todos que Saleh retornaria em breve. Que ele só retornou para a Inglaterra para se especializar e dar um tratamento ainda melhor para o nosso povo.

- Ele não vai casar com Aisha! Eu prometi meu filho. Ele só casa com ela por cima do meu cadáver e vou cumprir essa promessa. Ele está me afrontando e ela também. Depois das ameaças que lhe fiz, ela não demonstrou receio. Disse a ele que iria pensar. Aisha está agindo como as mulheres ocidentais. Vou mostrar para ela como os homens daqui agem com mulheres insolentes!

- Temos que colocar limites nesses dois meu pai. Eles perderam completamente o respeito pelo senhor. Eles sabem que o senhor que estava a ameaçá-los e insistem em lhe afrontar. Isso está claro nos diálogos.

- Eu estou de saco cheio de tudo isso! Iniciarei hoje mesmo a operação terror. Vamos ver se eles vão continuar mesmo agindo como se nada estivesse acontecendo. Vamos ver se Aisha continuará insolente como tem demonstrado! Eu coloco essa mulher nos eixos. A se coloco! Nem que tenho que matá-la, mas ela vai entender que não deve afrontar um homem de nossa cultura. Se o pai dela e o marido que teve não lhe ensinou bons modos, eu a ensino. Ela não perde por esperar!

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora