O desespero

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Sônya, após relatar sobre a explosão, novamente entrou em meio a um choro muito intenso. Aisha ficou perplexa ao ouvir o que ela disse e estava muito ansiosa para saber o que aconteceu. Ao mesmo tempo que ela tentava confortar Sônya, estava muito interessada na continuidade daquele relato para saber o que efetivamente aconteceu com Parisa. Desesperada, ela questionou:

- Sônya, por favor, eu estou muito agoniada, o que aconteceu depois?

- Eu me lembro que Alexsander chegou muito desesperado em casa, chorando muito. Os homens que o acompanharam estavam tristes. Apenas o deixaram em frente a barraca e foram embora. Eu estava muito agoniada, perguntando para ele o que havia ocorrido com Parisa, mas ele chorava tanto que não conseguia me dizer. Eu pensei que havia mesmo acontecido o pior com ela.

- E aconteceu? Questionou Aisha, demonstrando muita preocupação depois da reação de Sônya.

- Pelo sofrimento de Parisa, eu não sei se para ela foi o pior. Acho que ela já não estava mais suportar viver naquela situação.

- Sônya, por favor, seja mais clara. O que aconteceu com Parisa? Questionou novamente Aisha muito desesperada.

Novamente Sônya começou a chorar intensamente, ela parecia não conseguir dizer com todas as palavras o que havia ocorrido naquele dia. Apenas depois de algum tempo a chorar e beber um pouco de água é que ela conseguiu continuar aquele relato:

- Infelizmente, Parisa entrou em uma parte daquela região que tinha um campo minado. Ela não sabia ler, ou estava tão desesperada com medo de ser capturada por aqueles homens e passar por toda aquela violência novamente, que não parou quando passou pelas placas de aviso. Disse Sônya com uma voz embargada.

- Ela morreu?

- Sim. Infelizmente. Afirmou Sônya, quando novas lágrimas começaram a escorrer dos seus olhos de forma ainda mais constante.

Aisha também não suportou mais ouvir aquela triste notícia, abraçou Sônya e chorou ao lado dela intensamente, por alguns minutos.

- Que o magnífico tenha a levado para um bom lugar. Parisa foi uma mãe exemplar. Lutou tudo que pôde para salvar os filhos. Afirmou Aisha baixinho, ainda em meio a um choro incontrolável.

- Os filhos, os meus filhos e a mim. Eu devo muito a Parisa. Se não fosse a sua ação, provavelmente, estaríamos todos mortos. Respondeu Sônya.

- E Alexsander? Deve ter ficado desesperado?

- Ele não viu a mãe explodir naquela bomba. Os homens não deixaram ele ver mais nada. Quando ele se assustou com o barulho, aqueles homens conseguiram capturá-lo e levá-lo até o acampamento. Não tivemos como fazer um enterro digno a Parisa, pois, andar por aquele local era perigoso demais.

- Eu sinto muito. Disse Aisha, questionando em seguida: - E como ele ficou depois disso?

- Alexsander, por um tempo, desgostou da vida. Tinha perdido o seu irmão mais novo e a sua mãe em menos de três meses. Era demais para qualquer criança. Afirmou Sônya com um semblante triste.

- Eu posso tentar imaginar. Mas, sei que é impossível sentir. Um menino tão doce como ele, não merecia passar por isso. Afirma Aisha com um semblante triste.

- A essa altura ele também, provavelmente, já havia perdido o seu pai. Ou seja, três perdas importantes em pouquíssimo tempo, graças a essa maldita guerra contra o nosso povo!

Aisha pensou em dizer algo, mas, ao ver o semblante severo de Sônya, preferiu não dizer mais nada. Para alguns a guerra foi a destruição total de suas famílias, com mortes de seus entes queridos. Para outros, como para ela, foi a redenção e a liberdade. A vida é mesmo algo muito complexo. Pensou ela. Quando Sônya complementou a sua fala:

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora