O domingo na Turquia

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O dia amanhece, e como de costume, Aisha acorda logo cedo para fazer as suas primeiras orações do dia. Em seguida, ela vai até a cozinha para fazer a sua primeira refeição. Praticamente toda a família estava reunida naquele espaço, já preparada para iniciar o dia.

As crianças mais jovens de Rashid, especialmente as meninas, não tiravam os olhos de Aisha, por ela usar roupas diferentes das vistas comumente naquele país. Ela usava o hijab, mas eram feitos de panos mais nobres, advindos de lojas da Inglaterra, o que chamava a atenção daquelas jovens.

O estilo de Aisha, um pouco mais ocidentalizado, era também bem diferente das outas mulheres daquela terra e isso, de alguma forma, despertava a atenção daquelas crianças. Aisha era muito bonita e os adolescentes daquela casa ficavam a apreciando por terem escutado que ela ainda era uma mulher solteira.

Após fazer aquele lanche, conversar um pouco com as crianças, os adolescentes e as esposas de Rashid, ela foi com aquele senhor para o seu escritório, pois, eles queriam dialogar em um local mais reservado sobre o passado.

Aisha, mais uma vez, agradeceu muito Rashid por tudo que ele fez para protegê-la e aquele senhor disse que fez o que era certo, que só não atuou ainda mais incisivamente para evitar o sofrimento dela porque não teve condições para isso.

Então ele começa a falar sobre as últimas informações que havia recebido com relação a Osnin e Aisha, curiosa, observa atentamente:

- Eu fui ao Afeganistão há alguns anos e recebi a informação de que Osnin havia fugido para o leste do país, no intuito de se proteger das forças invasoras. Que ele chegou a lutar com o exército Talibã, mas foi capturado e preso. Depois de algum tempo na prisão, ele foi morto pelos soldados. Afirma Rashid com um semblante triste.

- Eu sinto muito mesmo que isso tenha acontecido. Mesmo diante de tudo o que aconteceu, eu nunca desejei algo assim para o meu esposo. Queria que toda a sua família ficasse bem. E o que aconteceu com as esposas dele? O senhor tem alguma notícia delas?

- As notícias são muito desencontradas quanto a isso. Esse senhor que tive contato chegou a me passar um endereço onde disse que encontrou uma das esposas de Osnin e seus filhos. Mas, não conseguiu me dar detalhes sobre Marian e a outra esposa que sobrou. Ele nem sabia muito bem o nome da esposa que viu. É uma história bastante desencontrada como te disse por mensagem.

- E o senhor tem esse endereço aí? Eu quero muito saber se ela ainda mora lá. Eu quero rever os filhos do meu ex-esposo e também a ex-esposa dele. Marian também eu quero ver. Quero avaliar se elas estão precisando de alguma coisa, no que posso ajudar.

- É muito nobre a sua ação e as suas intenções depois de tudo o que aconteceu Aisha. Você querer ajudar aquelas pessoas que te causaram tanto sofrimento é algo realmente muito nobre.

- Eu não consigo ter mais raiva da família do meu ex-esposo Rashid. Depois de todos esses anos eu trabalhei muito essas histórias com a minha psicóloga e consegui ressignificar muita coisa. Aquilo era um contexto que vivia. Eu era inexperiente e elas também. Provavelmente, hoje, elas não agiriam da mesma forma e eu também não. Eu não guardo mágoas de nenhum deles. Eu prefiro tentar deixar esses conflitos que tivemos no passado.

- Pois, faz muito bem Aisha. Assim se vive bem melhor. Você está atingindo uma maturidade muito grande a ponto de conseguir pensar assim. A maioria das pessoas que tivessem vivido a sua situação, estaria com vontade de se vingar daquelas pessoas.

- Dificilmente a vingança e o ódio nos leva a algum lugar senhor. O amor é que vence todas as barreiras.

- Sábias palavras Aisha. Afirma Rashid ainda encantando com a sabedoria de vida daquela mulher. Então, ele começa a anotar o endereço da família de Osnin que recebeu do morador do Afeganistão e entrega nas mãos de Aisha, quando ela diz:

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora