Sônya continuou a relatar sobre os dias seguintes a morte de Parisa. Ela se lembra que Alexsander ficou muito revoltado depois da morte de sua mãe e que a Sahar, filha de sete anos de Parisa, não queria conversar com ninguém depois do ocorrido. Ela tentou dar apoio aos dois, dizendo que cuidaria deles com todo o carinho, mas, nada parecia os confortar.
Ela relembra que com o tempo Alexsander começou a ficar arredio, inclusive com ela, dizendo que não iria escutar nenhuma de suas recomendações, porque ela não era a sua mãe. Foi uma fase muito difícil. O máximo que pude eu tentei ser compreensiva.
Depois de aproximadamente duas semanas da morte de Parisa, Alexsander começou a se envolver com um grupo de adolescentes daquele campo de refugiados que eram mal falados por todos. Eu cheguei a alertá-lo sobre os perigos de andar com aqueles meninos, mas, revoltado, ele não queria escutar ninguém.
Depois de fazer coisas que eram proibidas naquele campo, eles foram levados para uma sala onde eram ministrados os castigos aos que infligiam as regras. Lá ele foi torturado e ficou preso por alguns dias.
- Minha nossa! Alexsander ainda passou por isso? Questionou Aisha assustada.
- Sim. Aqueles homens não tinham muita piedade com quem infligia as regras daquele lugar. Eles os castigavam severamente para servirem de exemplo. Eu me lembro que quando ele retornou para a barraca, estava com marcas terríveis pelo corpo e eu o ajudei limpando e passando remédios caseiros naqueles pontos.
- E depois disso, ele melhorou o seu comportamento? Questionou Aisha.
- Não. Parecia que a cada vez que ele era castigado, mais revoltado ele ficava. Alexsander continuou a andar com aqueles jovens e novamente foi preso e castigado, como todos eles.
- Minha nossa! Disse Aisha, surpresa e assustada ao mesmo tempo.
- Dessa vez foi ainda pior. Ele foi castigado de forma ainda mais severa. Mas, ele parecia não querer parar. A sua revolta era maior do que tudo. Eu conversei muito com Alexsander nessa época, mas ele não queria me ouvir.
Então, ele começou a roubar os pertences das pessoas em algumas barracas e essa história começou a se espalhar pelo acampamento. Rapidamente isso chegou nos ouvidos do senhor Yousef e dos vigias.
- Minha nossa! Mas, isso é muito perigoso. Afirmou Aisha preocupada.
- Eu estava a morrer de medo. Conversei muito com Alexsander, dizendo que ele era um menino bom, tentando resgatar aquilo que ele era antes da morte da mãe, mas, ele estava desesperado demais para me escutar. Eu dizia a ele, que deveria dar exemplo a todos, pois agora ele era o homem da casa, responsável pela sua irmã Sahar, mas, ele não escutava ninguém.
- E como Sahar estava nesse momento? Ela também era tão dócil! Disse Aisha.
- Sahar estava traumatizada pela morte da mãe. Não saía da barraca e não estava a querer conversar sobre nada com ninguém. Ela não queria nem comer direito. Começou a emagrecer muito e se eu não a desce comida, ela não comia. Eu tentei ajudar o quanto pude, mas, as coisas estavam a ficar muito difíceis, especialmente, no caso de Alexsander.
- E seus filhos como estavam?
- Estavam a me causar também certa preocupação. Eles estavam sem estudar e tinham muito tempo livre. O meu filho estava a acompanhar Alexsander e, isso, naquela ocasião era muito ruim. Então, um dia falei seriamente com ele que não queria o ver na companhia do irmão. Ele me respondeu dizendo que não acataria a minha ordem e tive que agir como a mãe que era. Lhe dei uma surra intensa e disse a ele que se saísse com Alexsander de novo, ele apanharia ainda mais severamente. Com medo ele parou. Afirmou Sônya com um olhar intenso ao relembrar daquele momento.
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Casamento forçado e abusivo II
General FictionApós passar por muitos percalços em sua história, Aisha consegue finalmente se livrar do seu casamento e tenta construir uma nova vida. Entretanto, os fantasmas do passado a assombram constantemente e ela tem dificuldades de superar os seus diversos...