O contato

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Depois de aguardar um pouco, a ansiedade de Aisha diminui e ela cria coragem para chegar mais próximo da casa indicada, onde, provavelmente, parte da sua antiga família morava. A maior preocupação dela era encontrar primeiro com Parisa, que ela sabia que lhe odiava no passado. Aisha tinha medo de que aquela senhora a maltratasse de alguma forma, a impedindo que tivesse contato com os outros membros da família. Ela queria muito se encontrar, especialmente, com Sonya e com as crianças de Osnin.

Ao chegar em frente a porta daquela humilde casa, ela tentou observar se havia alguma pessoa lá dentro, pelas frestas do portão, entretanto, ao perceber que não conseguiria ver a parte da frente da casa, ela resolveu chamar o seu guarda-costas para mais próximo e bater naquela porta, ficando em seguida na expectativa para saber quem a atenderia.

Depois de chamar por duas vezes, um senhor aparece para atendê-la. Ele tinha aproximadamente uns 60 anos de idade, com cabelos brancos e barba grande, muito parecido com as pessoas que seguiam os dogmas do governo Talibã. Assustada ela questiona:

- Por um acaso, alguma das esposas de Osnin mora nessa casa?

Aquele senhor a olha muito desconfiado e questiona em um tom sério:

- Porque a senhora procura uma das esposas de Osnin? Posso saber?

- Me desculpe senhor. Eu estou muito ansiosa. Eu sou uma ex-esposa de Osnin e vim até essa casa porque me disseram que parte da família dele mora aqui. Queria saber se é verdade, pois, morei na casa dele enquanto estive casada e queria muito reencontrá-los.

- Tem certeza que é ex-esposa de Osnin. Eu não me lembro dele ter se casado mais de três vezes e a esposa mais nova dele morreu em 2001 pelas informações que recebi.

- É uma longa história senhor... Quer dizer que o senhor conheceu o meu ex-marido?

- Sim... Ele era o esposo da minha filha.

- Qual das esposas dele era sua filha senhor? Ela está em casa? Questionou Aisha surpresa.

- Sim. Eu vou chamá-la. Então aquele senhor partiu rapidamente para dentro daquele quintal, fechando o portão, de forma abrupta e inesperada.

Aisha ficou surpresa com a reação dele e, ao mesmo tempo, ansiosa para saber qual das mulheres de Osnin a atenderia, se era Parisa ou Sonya. Quando ela notou que alguém se aproximava do portão pelo lado de dentro o seu coração bateu mais forte.

Logo uma mulher abriu a porta e Aisha ficou extremamente surpresa. A senhora ficou a olhar para ela de forma muito perplexa. Pelas informações que a esposa de Osnin havia recebido, Aisha havia morrido no ano de 2001, quando a família partiu para fugir da guerra.

Rapidamente, aquela senhora que morava naquela casa, parou na calçada e colocou as mãos em frente a sua boca. Muito desesperada, ficou a tremer. Ao perceber a ansiedade daquela senhora, Aisha ficou muito preocupada e questionou:

- A senhora parece assustada?

- Não pode ser, você se parece muito com uma pessoa que conheci no passado e por incrível que pareça, disse ao meu pai que é ela. Mas, não pode ser! Afirmou aquela mulher de aproximadamente 40 anos, mas com uma aparência bem sofrida e acabada.

- Sou eu mesmo senhora. Eu sou a Aisha, a ex-esposa de Osnin.

- Não pode ser. Você é uma pessoa muito parecida com ela, mas não pode ser. Aisha morreu em 2001. Eu parti com a família do meu ex-esposo quando ela foi deixada para morrer em nossa casa, inconsciente, pois estava a passar por um tratamento médico e na fuga não poderia ser levada.

- Muita gente acha mesmo que morri naquele ano de 2001, mas, dias depois da saída de Osnin eu fui resgatada senhora. Pelo que vejo de suas feições a senhora é a Sonya não é? Questionou Aisha, demonstrando alegria em seu semblante.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora