Casamento forçado e abusivo II

A ação

Antes que todos acordassem, Saleh arruma as suas coisas mais importantes em uma mochila, colocando naquele local o dossiê contendo informações sobre a vida de Aisha. Faltando 15 minutos para as 05 horas da manhã, ele se movimenta naquela casa no intuito de sair antes que o dia estivesse completamente claro. Aquele jovem sabia que ao fundo de sua casa havia um jardim, onde ele poderia pular o muro sem ser visto pelos vigias.

Ele então pula uma das janelas da cozinha para sair sem fazer alarde, vai para o jardim ao fundo e pula o muro, saindo em uma rua atrás da sua casa, quando começa a correr em direção a uma avenida mais movimentada a fim de chegar na rodoviária daquela cidade. Com um dinheiro que havia trazido de reserva da Inglaterra, ele teria condições de se manter por algum tempo naquele país. Mas, antes, ele precisaria sair do Afeganistão. Saleh sabia que depois de tomar aquela ação a sua vida estava em um grande risco. Se o seu pai o pegasse em fuga naquele momento, ele poderia ser morto por sua família, que não aceitaria tamanha desonra.

Ele caminha por aquelas ruas ainda vazias, quando pega um táxi e vai para a rodoviária daquela cidade. Chegando no local, ele procura uma passagem para o Paquistão, país vizinho em que ele sabia ter condições de despistar um pouco os seus familiares, saindo da mira de seu pai, que tinha influências muito grandes no seu país por ter um cargo importante no governo.

Muito inteligente, Saleh sabia acima de tudo, que naquele momento era fundamental sair o mais rápido possível do Afeganistão, pois permanecer ali era muito perigoso. Por avião, sair do país era mais difícil, haviam poucos voos para o exterior e ele teria que se identificar, podendo ser rapidamente rastreado. Por transporte rodoviário essa identificação não era necessária e rapidamente ele poderia chegar no país vizinho que era o mais próximo daquela capital sem levantar muitos alardes.

Depois que comprou aquela passagem, ele encontrou com algumas pessoas conhecidas naquela rodoviária, mas que não desconfiaram que ele fosse viajar, já que se casaria nos próximos dias com uma importante mulher daquela cidade. As pessoas costumavam fazer muitas ações na rodoviária, como receber parentes, pegar encomendas, portanto, eles imaginavam que aquele jovem fosse realizar alguma dessas ações.

Curiosos, aqueles homens, até o cumprimentavam e olhavam para ele a todo o momento, ação que fazia Saleh ficar com uma ansiedade ainda maior. Mas, como ele não tomava qualquer atitude no sentido de demonstrar as suas verdadeiras intenções, todos ficaram apenas a observá-lo durante aquele tempo de espera para a partida daquele ônibus.

Aquele jovem havia comprado a passagem para o primeiro ônibus que partiria daquele país rumo ao Paquistão e o seu embarque estava marcado para as seis horas e trinta minutos. Saleh não via a hora de sair daquela cidade, ele estava muito ansioso. Se os seus parentes descobrissem que ele não estava em casa, iriam a sua busca e se o encontrassem naquela rodoviária, ele nem imaginava como poderia ser a vingança deles.

Cada minuto parecia uma eternidade. Com o tempo passando e ele sabendo que os seus parentes acordariam para fazer as suas orações da manhã, Saleh começou a ficar com ainda mais medo de ser capturado.

Faltando dez minutos para a saída daquele ônibus, para não levantar suspeita das pessoas que o olhavam, ele resolveu ficar em frente a aquele veículo, discretamente. Saleh olhava para um lado e para o outro com medo de que alguém de sua família aparecesse naquela rodoviária para capturá-lo.

Quando ele viu o motorista entrar naquele ônibus e ligá-lo, indicando que partiria em alguns instantes e os últimos passageiros começarem a entrar, aquele jovem, de forma discreta, ao ver que o ônibus estava para partir, entrou nele e o motorista arrancou logo em seguida daquela rodoviária rumo ao país vizinho, o fazendo suspirar de tanta adrenalina que se encontrava naquele momento.

Meia hora depois daquela partida, toda a família estava sentada a mesa para iniciar aquele dia com o café da manhã. Nesse instante, todos sentiram falta de Saleh. O pai dele, pediu que a empregada fosse ver onde ele estava, que não havia se levantado depois das orações da manhã como era comum.

Ela logo foi em direção ao quarto de Saleh, bateu na porta por alguns instantes esperando a resposta. Depois de algum tempo a esperar ela bateu mais intensamente, pois caso ele tivesse dormindo acordaria depois de batidas mais fortes. Entretanto, novamente ela não ouviu nada. Desconfiada, aquela empregada abriu a porta e não viu Saleh em sua cama. Ela olhou em baixo dela e em outros espaços daquela casa, mas não o encontrou.

Então ela foi para a cozinha e avisou a Sarwar que não havia encontrado Saleh e que ele parecia não estar em casa. Assim que ele afirmou isso a aquele patriarca, ele achou aquilo estranho e andou rapidamente em direção ao quarto do filho, muito preocupado.

Ao entrar naquele espaço, confirmou que Saleh não estava. Desesperado, ele logo ele começou a mexer nas coisas dele para ver se encontrava o passaporte e os documentos importantes do filho. Ele revirou tudo com uma fúria impressionante e não encontrou os documentos.

Logo ele se lembrou de procurar o inseparável nootbook que seu filho levava para onde ia. Então, depois de remexer mais um tempo em suas coisas, ele viu que aquele equipamento também não estava no quarto. Diante dessa constatação, ele desconfiou mesmo que Saleh pudesse ter fugido.

Muito furioso, ele grita pelo nome do filho inúmeras vezes a andar pelo corredor daquela casa, algo que assusta todos os parentes, que vão logo ao encontro do pai para saber o que havia ocorrido para ele dar gritos tão furiosos daquela forma. Imediatamente ele fala para todos que Saleh parecia ter fugido de casa e aquela família se assusta intensamente. Eles sabiam o que isso poderia significar para aquele jovem e temiam muito pela vingança de seu pai contra ele.

Então ele foi até o seu escritório para pegar aquele dossiê com as informações de Aisha e ligar para o seu filho mais velho, para que eles começassem uma busca imediata por Saleh. Furioso, assim que ele entrou naquele espaço e olhou para a sua mesa, viu que aquele dossiê não estava mais lá. Naquele instante, tudo fez sentido em sua mente. Saleh havia descoberto informações sobre o suposto paradeiro de Osnin e decidiu ir atrás de Aisha. Demonstrando uma ira incomum aquele senhor grita:

- Maldito Saleh! Se ele fugiu mesmo em meio a noite, eu mato ele!