A carta

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Três dias após o retorno de Saleh para Londes, na quinta-feira, ainda no mês de outubro de 2013, Aisha estava a chegar do trabalho, quando o porteiro lhe entregou uma correspondência. Ela achou um pouco estranho porque o envelope estava com algumas identificações de sua língua nativa, algo incomum para ela depois que chegou na Inglaterra.

Assim que entrou em seu apartamento, ela se sentou no sofá e começou a abrir aquela correspondência, quando ao finalizar aquela abertura ela tomou um susto. Naquele envelope haviam duas fotos com mensagens atrás delas em inglês. Em uma das imagens aquela jovem estava recebendo as flores das mãos de Saleh. Ao virar a foto havia a seguinte mensagem:

Olá Aisha,

Essas fotos são para lhe mostrar que não estou de brincadeira. Estou vendo todos os seus passos. Tudo que você faz com Saleh eu sei e não ficará com ele.

Se quer o ver vivo por mais algum tempo, se afaste-se dele. Se te ver a encontrar com ele novamente, não mandarei mais fotos. Certamente farei algo muito mais incisivo.

Lhe digo mais uma vez, você não ficará com Saleh em hipótese nenhuma. Conforme-se com isso!

Aisha estava ofegante, quando observou a outra foto e havia a imagem dela a abraçar Saleh sorrindo, em frente a porta do seu apartamento. Ela virou aquela imagem e lá havia mais uma mensagem:

Aisha,

Parece que você está querendo mesmo me desafiar. Eu aceito o desafio.

Eu digo a você com toda a certeza que não ficará com Saleh!

Se insistir, as consequências serão terríveis para ambos! Não perca por esperar!

Ela imediatamente jogou aquelas cartas em cima de uma pequena mesa que ficava no meio daquela sala, foi para o seu quarto trêmula, trancou a porta e começou a chorar em sua cama, em posição de defesa, toda encolhida e segurando as suas pernas, olhando horrorizada para todos os lados daquele espaço, com medo de que alguém estivesse naquele apartamento.

Ofegante, ela chorou por algum tempo, até que se acalmou um pouco. Daquele momento em diante ela sabia que não poderia mais ocultar aquela ameaça de seu pai. Ainda durante aquela noite, enquanto passava por uma situação de medo muito grande, ela decidiu que deveria ligar para o seu pai no dia seguinte, informando que retornaria para Londres naquele fim de semana, para lhe informar sobre algumas coisas que haviam acontecido com ela nos últimos dias.

Assim que recuperou um pouco o fôlego, e o seu medo diminuiu, ela conseguiu, ainda trêmula, entrar em contato com Saleh. Ao ouvir a sua voz assustada, ele questionou:

- O que aconteceu Aisha, porque parece tão assustada?

- Eles mandaram mais uma mensagem pra mim Saleh. Eles mandaram fotos de nós dois juntos. Eu estou muito assustada!

- Acalme-se Aisha. Em seu apartamento você está segura. Não vai acontecer nada aí. Como assim eles lhe enviaram fotos?

- Eu não sei como eles conseguiram essas imagens. O porteiro me entregou hoje uma carta entregue pelo serviço postal e quando abri tinha duas fotos nossas do fim de semana, em frente ao meu apartamento. Uma de você me entregando aquele buquê de flores e outra com o meu abraço em agradecimento. No verso das fotos tinham mensagens dizendo que não ficaríamos juntos.

- Você precisa falar isso com o seu pai Aisha. Estamos mesmo correndo riscos. As ameaças estão cada vez mais diretas. Está muito claro que estamos sendo seguidos.

- E o pior, não sabemos por quem. Será que é Osnin ou o seu pai?

- Se eu pudesse apostar, apostaria no meu pai. Uma pessoa para contratar um profissional para nos seguir precisa de ter muito dinheiro. Acho que Osnin não teria recursos para uma ação assim. Mas, são apenas suposições. Se o seu marido estiver vivo, nem sabemos onde ele está, ainda mais a sua condição financeira.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora