A ligação para o hospital

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O dia amanhece e enquanto Aisha ainda estava a dormir, Johnson resolve ligar para o hospital no Afeganistão para saber o que aconteceu após a sua partida daquele local.

Assim que um recepcionista atende o telefone ele pede para falar com o doutor Wilian, quando recebe a seguinte resposta:

- O doutor Wilian encontra-se internado senhor. Infelizmente ele não pode atender no momento.

Aquela fala assusta intensamente Johnson, que engole seco, imaginando o que poderia ter acontecido com aquele amigo que ficou no Afeganistão, quando ele questiona:

- O que aconteceu com ele senhor?

- Nós infelizmente estamos impedidos de falar sobre esse assunto senhor. Tudo que posso dizer é que ele está internado e não pode falar no momento.

- Eu gostaria de falar com Casim então, o enfermeiro que trabalha com o doutor Wilian.

- Vou mandar chamá-lo senhor. Quem deseja falar com ele?

- Diga que é um oficial que esteve internado nesse hospital e gostaria de agradecer a equipe pelos serviços prestados.

- Sim senhor. Aguarde no telefone por favor, enquanto vou chamá-lo.

- Ok.

Alguns minutos passam e Casim vai atender o telefone, quando diz:

- Com quem eu falo?

- Aqui é o Johnson.

- Senhor, o telefone, não é seguro. Diz aquele enfermeiro se mostrando assustado.

- Eu entendo. Eu só quero que me diga, como está Wilian? Eu preciso tranquilizar um pouco.

- Ele está melhor senhor. Ele ficou machucado, mas agora está melhorando com o tempo, em poucos dias espero que esteja tudo normal.

- Ele poderá retornar para a Inglaterra?

- Senhor eu prefiro não falar sobre isso agora. Eu não sei de mais nada. Eu sinto muito! Diz Casim completamente aterrorizado pensando que aquela ligação poderia estar sendo interceptada.

- Muito obrigado Casim. Eu já fico mais tranquilo dessa forma. Eu já entendi. Um grande abraço e cuide do Wilian por nós.

- Faremos o possível senhor.

- Tenha um ótimo dia!

- Ótimo dia para o senhor também! Diz aquele enfermeiro, quando eles desligam o telefone.

Johnson entendeu claramente que o telefone do hospital poderia estar com alguma escuta preparada por aqueles oficiais que estavam a perseguir Aisha, por isso Casim teve tanto medo de dizer qualquer coisa naquela ligação. A situação do seu amigo, nas mãos daquele regime poderia estar muito complicada.

Ele então resolve ligar para a base de comando daquela operação e quem atende é o comandante operacional no Afeganistão:

- É você Johnson, já está em solo inglês, conseguiu levar aquela moça?

- Não comandante ainda estou em solo turco, mas com autorização para permanecer com Aisha aqui até que tenha liberação para levá-la até a Inglaterra.

- Você sabe que coisas aconteceram aqui depois da sua partida?

- Sim, fiquei sabendo que algumas coisas aconteceram. Algum problema maior?

- Primeiramente, eles estão a sua procura. Se retornar ao Afeganistão, você pode ser preso. Eles sabem que você tirou essa jovem daqui sem a autorização. Estão fazendo vista grossa, pra evitar problemas diplomáticos com os exércitos aliados, mas, você não pode voltar aqui.

- Eu não tenho interesse em voltar aí comandante.

- Além disso, estão investigando o doutor inglês daquele hospital e se ele for mesmo considerado culpado do seu ato irresponsável, não sabemos qual poderá ser a condenação dele.

- É sério isso? Questiona Johnson a passar as mãos sobre os cabelos.

- É sério. Eu não disse para você que estava realizando um ato totalmente irresponsável Johnson?

- Sim. Mas, eu precisava salvar essa menina. E Wilian também insistiu para que eu fizesse isso.

- Mas, agora ele está na corda bamba. Ninguém sabe o que pode sair desse julgamento. Ele pode ser considerado um traidor e se acontecer isso, pode ser condenado a morte. Essa cultura é bem diferente da nossa Johnson.

- Isso não pode acontecer. Diz Johnson demonstrando um certo desespero.

- Eu te disse que o que você estava fazendo era irresponsável. Se ele for morto a responsabilidade será toda sua.

- Ele não pode ser morto. Ele é inglês! Diz Johnson irritado.

- Se descobrirem que ele participou dessa fuga, temo que nem isso pode salvar ele.

- Isso não faz sentido comandante. Responde Johnson.

- Nessas terras fazem Johnson.

- Precisamos fazer alguma coisa! Afirma Johnson preocupado.

- Não espere nada de mim Johnson, você criou a bagunça, você resolve. Eu te disse para não fazer isso. A vida daquele cidadão inglês está sobre sua responsabilidade. As nossas relações de certa forma ficaram abaladas com o comandante da Aliança do Norte depois dessa fuga. Ele não confia mais em nós como antes. Ele é um senhor extremamente conservador. Portanto, nesse campo, infelizmente eu não vou poder ajudar em nada.

- Tudo bem senhor. Eu entendo. Eu consigo falar com o soldado Tody.

- No momento não. Tody está em uma operação e não vou deixar que você atrapalhe o meu soldado na sua missão. Eu vou proibi-lo de tomar qualquer ação que você ordenar daqui pra frente Johnson, você já causou problemas demais para essa operação. Aquele comandante então desliga aquele telefone irritado, antes que Johnson pudesse dizer mais alguma coisa.

Aquele oficial fica muito preocupado. Como ele iria conseguir ajudar Wilian naquele contexto, sem estar no Afeganistão e sem ter o apoio dos oficiais que trabalhavam com ele. A vida de Wilian agora estava sobre sua responsabilidade. Ele colocou aquele doutor naquela situação, quando resolveu tirar Aisha daquele país com a sua ajuda. Johnson estava muito preocupado com todo aquele contexto. Ele precisava se comunicar de alguma forma com aquele doutor, entretanto, naquele momento, não tinha a mínima ideia de como conseguiria fazer isso. O que ele queria saber era como a aliança do Norte conseguiu todas aquelas informações, inclusive, que ele levou Aisha daquele país. Se isso fosse provado, Wilian poderia ser mesmo condenado!

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora