Elas finalizam a preparação daquele chá e vão ao encontro do patriarca daquela família e o guarda-costas, que estavam em frente aquela casa, sentados na varanda, para os servir. Assim que o chá lhes foi entregue e eles começaram a tomar e conversar, Aisha e Sonya foram para a sala e começaram a conversar sobre o passado.
- Você sabe que tomou os remédios e atentou contra a sua própria vida naquele dia em que foi falar com o líder religioso, não sabe?
- Sim. Essa parte da história o meu pai adotivo me contou e o meu médico também. Depois de um tempo, me lembrei de todo aquele contexto. Quando Marian me disse, quais seriam as possíveis reações de Osnin perante a minha afronta, eu me desesperei intensamente e não vi outra saída para me livrar da violência extrema que ele poderia me aplicar, a não ser atentar contra a minha própria vida.
- Naquela ocasião eu não entendi muito bem a sua ação, mas, depois de algum tempo eu consegui compreender a sua reação. E depois eu te explico porque. Depois que você ficou inconsciente Osnin te levou para o hospital e surgiu mais um escândalo e foi inevitável a perda da vaga dele no Conselho Religioso. Por algumas vezes ele chegou a falar para nós que lhe mataria assim que retornasse a aquela casa.
Naquele instante Aisha engole seco, quando diz:
- Desde o dia em que nos casamos, ele disse que não me perdoaria caso perdesse a sua vaga no Conselho Religioso. Naquele dia eu temi que ele pudesse me matar e por isso preferi tomar aqueles remédios, depois da fala de Marian.
- Eu estava desesperada naquele dia Aisha. Cheguei a conversar com Marian a respeito. E ela tinha convicção de que Osnin iria querer te castigar de forma extrema. Quando ele chegou em casa, ela tentou até controlá-lo para que ele ficasse mais calmo. Mas, foi impossível. Ele só se preocupou quando te encontrou desacordada e por extinto, te levou para o hospital.
- As vezes eu fico pensando, porque ele fez isso? Se ele queria me matar, porque ele me levou para o hospital e não me deixou morrer de uma vez? Questiona Aisha.
- Eu penso que ele ficou muito preocupado. A sua morte poderia ser o escândalo que os seus inimigos naquele Conselho precisariam para retirá-lo. Talvez, por esse medo, ele se sentiu na necessidade de tentar salvar a sua vida. Entretanto, não deu certo e logo ele foi afastado. Te retirar do hospital e te levar para casa para se vingar de você se tornou uma obsessão para ele. Ele moveu toda a sua influência para isso e enfim conseguiu, mesmo com uma luta incessante do doutor para que você não tivesse alta.
- O doutor Wilian me contou depois que fez tudo para que eu não fosse liberada. Mas, com a pressão de todos estava impossível. Tudo que ele conseguiu foi que Osnin não atentasse contra a minha vida, pois, ele ameaçou ir embora caso algo acontecesse comigo.
- Sim. E a partir dessa ameça dele, o líder religioso teve que intervir a seu favor e ameaçá-lo dizendo que se algo acontecesse com você, Osnin seria condenado a morte por ter atentado contra a segurança do regime.
- Que ironia do destino. Osnin me queria tanto para se vingar, que quando teve não pôde fazer isso... pelo menos, em um primeiro momento. Refletiu Aisha.
- E não pôde mesmo. Ele te levou daquele hospital para casa desesperado. Para você ter uma ideia ele me colocou ao seu lado o dia inteiro para cuidar de você. No dia que ele chegou eu fiquei muito surpresa por ele ter feito isso, mas depois eu consegui entender o contexto. A vida dele, de certa forma, dependia da sua.
- Entendo. E quando vocês foram embora, o que aconteceu?
- Isso foi em um domingo de madrugada, acho que no dia 19 de novembro daquele ano. Eu me lembro que Rashid foi até a nossa casa e... dizia Sonya rememorando aqueles acontecimentos anteriores a fuga, enquanto Aisha observava atentamente o seu relato:
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Casamento forçado e abusivo II
General FictionApós passar por muitos percalços em sua história, Aisha consegue finalmente se livrar do seu casamento e tenta construir uma nova vida. Entretanto, os fantasmas do passado a assombram constantemente e ela tem dificuldades de superar os seus diversos...