Após receber aquele e-mail, Aisha ficou completamente aérea naquele dia. Por diversas vezes ela pensou em pegar o telefone e ligar para o seu pai. Entretanto, sempre vinha em sua mente que ele ficaria extremamente preocupado e poderia ordenar que ela retornasse para Londres, algo que ela não queria, pois já estava totalmente ambientada a Oxford, tinha um excelente emprego e gostava de ser independente. Nem passava por sua cabeça a hipótese de voltar a morar com os seus pais.
Depois de refletir muito sobre o que fazer, ela chegou a conclusão de que não contaria nada a Johnson para não preocupá-lo. Aisha resolveu que tomaria algumas precauções para aumentar a sua segurança daquele momento em diante, como ir e retornar do trabalho de táxi para evitar caminhar pelas ruas da cidade. Ela também evitaria sair para fazer coisas desnecessárias e, sabendo que o seu apartamento era extremamente seguro, tomou também o cuidado de falar com o porteiro para não autorizar que ninguém fosse ao seu apartamento, sem que ela desse permissão.
No início do mês de outubro, três semanas depois do recebimento daquele e-mail, Saleh foi participar de um evento acadêmico na cidade de Oxford. Na manhã daquele sábado, ele passou em uma floricultura, comprou algumas flores e foi ao apartamento de Aisha.
Quando o porteiro a avisou que ele estava na recepção, ela tomou um susto. Inicialmente, ficou com medo de mandá-lo entrar, mas, preferiu pedir para que ele subisse, inclusive, com o objetivo de avisá-lo sobre o que estava acontecendo.
Saleh chega com o buquê de flores em frente ao seu apartamento e aquele detetive particular, a exemplo do que fez da última vez, tirou uma foto do prédio em frente, enquadrando a imagem dela recebendo aquelas flores entregues por Saleh com um sorriso irradiante.
Logo em seguida, ainda na porta, enquanto estava no campo de visão daquele detetive, com muitas saudades daquele amigo, Aisha ainda lhe deu um forte abraço e depois o pediu para entrar. Aquele ato também foi registrado por aquele profissional que seguia Saleh a mando de seu pai.
Assim que Saleh entrou no apartamento, Aisha pediu que ele se sentasse e foi pegar um suco na cozinha. Em seguida, ela o serviu e disse:
- Eu tenho que te contar uma coisa importante, vou ligar o meu computador para te mostrar.
- O que foi Aisha? Porque parece tão assustada?
- Eu recebi um e-mail muito estranho. Você precisa ver.
Quando aquele computador iniciou, ela o mostrou o conteúdo do e-mail e Saleh também se assustou:
- A pessoa que mandou esse e-mail parece saber que nos encontramos esses dias, provavelmente, no casamento de Loren e fez uma ameaça bem direta a nós dois. Afirma ele ao engolir seco no final de sua fala.
- Eu também achei muito direto Saleh. Acho que estamos correndo perigo, inclusive de estarmos juntos aqui hoje. Eu tenho dúvidas se essa mensagem pode ser de Osnin ou do seu pai.
- Entrou em contato com Rashid, confirmou com ele sobre Osnin?
- Ainda não. Estava conversando com a psicóloga sobre isso esses dias. Acho que já estou mais preparada para fazer isso.
- Acho que agora é importante sabermos o paradeiro dele. Porque se não foi ele, provavelmente, foi o meu pai que enviou essa mensagem. Eu concordo com você que temos que tomar cuidado daqui pra frente.
- Eu te disse que estava com um pressentimento ruim naqueles dias. Não sei te explicar. A impressão que eu tinha é que estávamos sendo vigiados o tempo inteiro.
- O pior é que agora acredito que isso possa estar mesmo acontecendo. Acho que é importante a gente estrategicamente se afastar Aisha. Pelo menos até sabermos quem é que te mandou essa mensagem. Você chegou a falar sobre isso com o seu pai?
- Não tive coragem. O meu pai tem em mente que se eu estiver em risco eminente o ideal é que eu volte para Londres. Ele acha que somente lá conseguirá me proteger.
- De certa forma ele tem razão não é Aisha?
- Sim. Ele tem. Mas, não quero ser dependente de novo dos meus pais. Eles já fizeram muito por mim. Eu tenho um ótimo emprego aqui e já estou totalmente ambientada. Eu não quero voltar para Londres agora.
- Eu acho que você deveria falar isso pra ele. Ele tem condições de mandar investigar quem foi que fez isso! É importante sabermos quem está nos ameaçando.
- Se não dermos motivos, não seremos mais ameaçados Saleh. Eu quero o meu pai fora disso. Eles já se preocuparam tanto comigo. Agora eles estão mais velhos, não quero dar mais preocupação para eles.
- Eu te entendo Aisha, mas uma ameaça como essa é muito séria. Temos que tomar todo o cuidado daqui pra frente.
- Eu já tenho tomado alguns cuidados. Não tenho saído as ruas. Tenho ido e retornado para o trabalho de táxi. Eu tenho me cuidado. Agora você precisa se cuidar também.
- Tomarei mais cuidado daqui pra frente. Bem, acho que vou indo. Se estivermos mesmo sendo vigiados, não é bom que eu fique no seu apartamento por muito tempo. Vamos nos afastar por um tempo até a poeira abaixar. Depois vemos o que fazemos.
- Sim Saleh. No momento é o melhor a se fazer!
Então aqueles dois se abraçam e Saleh sai daquele apartamento em direção ao hotel em que ficaria hospedado durante a sua estadia na cidade. Aisha se despede dele triste e ao mesmo tempo preocupada.
Ainda naquele mesmo dia Sarwar, enquanto estava com Andric em seu escritório, recebe aquelas fotos de Saleh entregando aquele buquê de rosas para Aisha, em frente o apartamento dela, bem como a foto dos dois se abraçando carinhosamente, quando ele diz:
- Parece que teremos que ser um pouco mais enérgicos com esses dois.
- Vamos mandar mais um aviso pra eles meu pai. Se eles não escutarem, teremos que agir de forma mais direta.
- Eu só tenho dúvidas de quem eu mato primeiro, se for necessário, se mato Saleh, por não ter cumprido com o meu compromisso e insistir em ficar atrás dessa menina, ou ela, por não ter agido de acordo com a minha ordem de se afastar de Saleh de uma vez por todas?
- Temos que agir com cautela meu pai. Querendo ou não Aisha é filha de um oficial de alta patente do exército. Se ela morre, haverá uma investigação extremamente minuciosa para encontrar os culpados e nós seremos suspeitos. Eu prefiro até que você mate Saleh se for o caso. Aquele ali, ninguém vai ligar se ele morrer.
- Eu vou pensar direitinho, mas, antes disso vou dar mais um susto em Aisha para ver se ela acorda. Se não acordar, partiremos para um patamar superior.
- Sim pai! Estou de pleno acordo. Afirma Andric encerrando aquela conversa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casamento forçado e abusivo II
General FictionApós passar por muitos percalços em sua história, Aisha consegue finalmente se livrar do seu casamento e tenta construir uma nova vida. Entretanto, os fantasmas do passado a assombram constantemente e ela tem dificuldades de superar os seus diversos...