Loren conversa com Saleh

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Assim que terminou o seu plantão, Loren estava muito cansada, mas, entrou em contato com Saleh pelo telefone e pediu para se encontrar com ele, pois queria conversar um pouco sobre o que ouviu de sua irmã. Eles marcaram de se encontrar em uma hora no shopping próximo do apartamento onde ele morava

Assim que o encontrou, Loren percebeu que ele estava com um semblante muito triste e parecia que não dormia a dias. Eles se cumprimentaram e Saleh, demonstrando uma certa impaciência, questionou:

- Conversou com a sua irmã?

- Eu fui lá ver ela, Saleh, e o que ela me contou foi muito sério.

- Qual é a desculpa de Aisha dessa vez?

- Ela disse que está sendo ameaçada de forma mais direta, Saleh. Eu não sei se é verdade, mas, ela afirmou, inclusive, que foi sequestrada por pessoas que foram enviadas pelo seu pai.

- Eu não sei se consigo acreditar muito nisso Loren. Eu não imagino que o meu pai teria essa coragem. Ele é um homem que trabalha no governo, se faz uma ação como essa poderia criar um incidente diplomático com um país aliado, sem precedentes. Isso não é do perfil do meu pai. Ele sabe que aqui na Inglaterra as coisas são muito diferentes do meu país. Eu acho muito difícil que isso tenha mesmo acontecido.

- Eu também pensei em tudo isso. E achei muito estranha essa fala da Aisha. Mas, um detetive chegou a tirar fotos de vocês...

- Sim. Mas, isso era para informar ao meu pai como as coisas estavam. Ele chegou a nos ameaçar, mas não acredito que ele tenha coragem mesmo de nos atacar aqui.

- Eu também achei um pouco estranha essa fala da Aisha, por esse motivo. Ele sabe que o meu pai é militar e Aisha disse, que os criminosos, chegaram a ameaçar a nossa família. Acha que eles teriam coragem de fazer algo contra a gente para atingir Aisha?

- Se fosse no meu país, onde as leis funcionam de forma diferente, eu não duvidaria que isso pudesse acontecer. Mas, aqui na Inglaterra, eu duvido que ele tomaria alguma ação assim, mesmo porque, ele seria o principal suspeito se algo acontecesse a você a mim ou a qualquer pessoa de sua família. Por ele fazer parte do governo, acho que isso não faria bem a ele. Mesmo ele considerando essa questão de honra familiar muito importante, penso que ele não tomaria ação tão temerária. Afirma Saleh, quando para um pouco, reflete e em seguida diz: - Sinceramente, até eu fico confuso as vezes, mas, acho que ele não teria tamanha coragem.

- Confesso que com as falas de Aisha, as vezes, eu ficava em dúvida. Ela tinha uma convicção muito grande. Na volta para casa eu fiquei bastante preocupada. Eu tenho muito receio de que algo tenha realmente acontecido.

- Eu não sei, mas, acho que ele não teria coragem. Isso não é coisa da cabeça de Aisha?

- Penso que sim. Aisha já teve essas visões de perseguição no passado. Acho que esse problema pode ter retornado. Mas, não tenho certeza. Você que conhece o seu pai melhor do que eu poderia me dizer o que acha dessa situação?

- Acho mesmo que ele não teria coragem de tomar qualquer atitude contra nós, ainda mais sabendo que o seu pai tem essas informações e caso acontecesse alguma coisa conosco, ele seria o principal suspeito. O meu pai é inteligente. Ele não cometeria tamanho erro.

- Eu também acho. Aisha teve essas imagens de perseguição quando chegou na Inglaterra. Acho que isso retornou. O doutor que a atendeu na época disse que dificilmente Aisha se livraria para sempre dessas visões. Acho que ela está com esse problema de novo.

- Eu acredito que sim Loren. Quando ela disse que isso aconteceu?

- Já tem algum tempo. Quando cheguei no apartamento dela, ela estava muito desesperada. Até eu assustei. Eu estou muito preocupada com a minha irmã.

- Eu fico triste por ela estar passando por isso Loren, mas, nesses dias eu pensei muito. Eu não vou mais lutar por Aisha. Ela escolheu que quer ficar longe de mim. Acho que isso pode ser o melhor para ela.

- Saleh, mas, e se o que ela diz é verdade? Mesmo sabendo que Aisha teve essas visões no passado, ela fala com uma convicção tão grande, que as vezes, eu fico em dúvida.

- Nós estudamos psiquiatria Loren. Quando as pessoas têm visões, elas confundem tudo isso com a realidade. Eu não acredito que meu pai tenha coragem de tomar uma atitude assim. Seria muito temerário na posição dele. Por algum momento eu até achei que as ameaças dele poderiam ser verdadeiras. Recomendei a Aisha que ficássemos um tempo distantes. Mas, depois, pensei bem e vi que o meu pai jamais tomaria uma decisão tão séria como essa para evitar que ficássemos juntos. O meu pai é muito pé no chão e racional. Mesmo, se sentindo desonrado, por não ter cumprido com o compromisso de casamento que ele me fez, ele não teria tamanha coragem. Tenho certeza que ele estava blefando naquelas ameaças.

- Eu entendo, mas, as vezes em tenho dúvidas. Se ele teve coragem de mandar alguém para te seguir o tempo inteiro, eu não sei.

- Seguir é uma coisa Loren. De certa forma não é crime. Sequestrar é um crime muito pesado. A condenação é muito grande para sequestro aqui na Inglaterra.

- Acho que você pode ter razão. Mas, eu vou acompanhar melhor a minha irmã. Espero que ela fique bem logo.

- Eu também espero. Ela está tendo acompanhamento da Psicóloga e da Psiquiatra?

- Da psicóloga sim. Mas, da Psiquiatra, ela não quis ainda.

- Eu recomendo que você aconselhe a sua irmã a ir também no Psiquiatra. Ela precisa de remédios para diminuir a ansiedade e reduzir a possibilidade de visões.

- Eu vou recomendar isso a ela. E você e ela? Como ficam, depois de saber disso.

- Ficamos como estamos. Eu não vou mais insistir Loren. O que Aisha fez comigo foi muito sério, me tratando daquela forma. Eu não quero mais. Pra mim chega!

- Eu entendo, amigo! Bem, eu estou acabando de sair do plantão e estou bem cansada. Eu vou indo. Queria apenas te esclarecer um pouco essa situação.

- Muito obrigado Loren. Acho que agora eu consigo entender um pouco melhor, porque Aisha agiu daquela forma, entretanto, isso só me traz mais convicção de que um relacionamento com ela, nesse momento, não funcionaria muito bem. Eu preciso dar um tempo pra ela e pra mim também.

- Eu entendo. E, agora, consigo concordar com você. Se cuida, e tente ficar bem.

- Farei isso Loren, se cuide também.

Então os dois se abraçam e vão embora cada um para a sua casa. Saleh tinha uma convicção muito grande de que o seu pai não teria coragem de chegar ao extremo de mandarem sequestrar Aisha para que ela não tivesse coragem de se aproximar dele. Mas, durante os seus pensamentos, ao lembrar daquelas ameaças que sofreram, as dúvidas, sobre a veracidade daquele fato contado por Loren, ficava pairando em seus pensamentos.

Entretanto, para ele, de qualquer forma, aquilo não justificava Aisha ter o deixado, por 12 horas, a esperando e não ter o atendido. Depois de muito sofrimento, Saleh, tinha colocado em sua cabeça que não lutaria mais por Aisha, pois ela não retribuiu o seu amor, mesmo depois de tudo que ele fez por ela.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora