A tentativa de mudança

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Depois que se recuperou daquela extrema violência de Yousef, Parisa estava decidida a arrumar uma forma de tentar sair daquele campo de refugiados. Ela não suportava mais a violência daquele senhor e depois dos resultados da última vez que se deitou com ele, Parisa temia que ele a matasse em um futuro próximo. As humilhações que havia passado na última noite em que se encontraram não poderiam se repetir.

Conversando com pessoas de barracas vizinhas, ela descobriu que na cidade de Herat tinha outros campos de refugiados, com estrutura maior, mas, também com muito mais pessoas. Um desses campos, o mais próximo, ficava a aproximadamente 45 quilômetros do local em que estavam, mas, se ela seguisse pela mata, esse caminho encurtava bastante.

Então, ela decidida, acordou ainda de madrugada e resolveu caminhar na direção indicada por aquelas pessoas para ver se encontrava esse campo. Parisa preferiu não me contar o seu plano, para que eu não tivesse ainda mais preocupações.

Logo Yousef, enfeitiçado por ela, mandou que um homem a seguisse, para saber até onde ela aguentaria ir. Parisa então, caminhou pelas matas durante horas, para chegar ao campo de refugiados ao qual aquelas pessoas a indicaram. Ela levou alguns alimentos e água pelo caminho. Mais forte, por estar se alimentando melhor, com os alimentos extras que aquele senhor mandava para a nossa barraca, ela conseguia caminhar de forma rápida para chegar ainda pela manhã ao destino.

Por volta de seis horas da noite, me lembro de Parisa retornando, com um semblante de felicidade, dizendo que havia uma esperança para termos uma vida melhor. Ela havia ido a um campo de refugiados e conversado com um homem que iria nos receber. Eu fiquei muito feliz que não precisaríamos mais passar por aquelas humilhações. Ela me indicou que o campo ficava no poente, me dando alguns pontos de referência para chegar até aquele local.

Quando ela acabou de me contar, um amigo nosso, que morava em uma outra barraca, avisou que estava na sala do senhor Yousef e que aquele senhor estava furioso, por Parisa ter saído do acampamento. Ela ficou desesperada. Se aquele homem havia a violentado daquela forma da última vez que se encontraram, provavelmente, hoje ele faria muito pior. Então, ela saiu correndo daquela barraca. 

Minutos depois, homens vieram procurá-la, quando dissemos que ela havia saído. Muito preocupado, Alexsander, saiu atrás daqueles homens para saber o que eles iriam fazer com a sua mãe. Na portaria, eles perguntaram para onde Parisa havia ido e o homem que estava a controlar aquela porta, indicou que ela havia ido em direção a mata. Aqueles homens e Alexsander, foram correndo na direção em que ela partiu desesperada. Estava quase a escurecer e se demorassem muito, ficaria ainda mais difícil de encontrá-la.

Eles correram por algum tempo, quando avistaram Alexsander atrás deles e ordenaram que ele retornasse, mas, aquele menino estava irredutível, se esquivando daqueles dois homens, que continuaram então a correr atrás de Parisa, depois de ameaçar o castigar intensamente, por ele não atender as suas ordens, quando ele retornasse para o acampamento.

Com medo do que fariam com a sua mãe e se sentindo na responsabilidade de protegê-la, Alexsander, mesmo sendo uma criança, não se intimidou e continuou a correr na direção em que aqueles homens foram.

Ao chegar em um espaço mais fechado, com algumas árvores, eles avistaram Parisa a correr e pediram para que ela parasse. Com muito medo, ela continuou a correr, agora, mais para o meio da mata. Aqueles homens gritaram muito para que ela parasse, pois andar ali era muito perigoso.

Então, tudo que escutaram, segundos depois, foi uma explosão.

Casamento forçado e abusivo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora