Capítulo 04

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Um bom banho, um telefonema, uma legging preta, uma camiseta branca, os cabelos castanhos presos, um par de polainas e tamancos de salto médio, e ela estava pronta para começar a agir.

Anahí caminhou três quarteirões, a academia de dança não ficava muito longe dali. Bem, dança não era exatamente algo que ela precisasse aprender, mas aquelas aulas seriam o seu passaporte para a vida de Alfonso Herrera.

Anahí: Bom dia. – Cumprimentou a moça que ocupava a mesa na recepção da academia – Sou Giovanna, falei com você por telefone...

– Ah sim, claro! A respeito da sua inscrição na turma de dança.

Anahí: Isso.

– Você me disse que já tem uma noção e...

Anahí: Sim. – Assentiu – Já tenho uma boa noção. Fiz dança de salão durante um tempo, acho que dou para o gasto. – Sorriu, doce. Aliás, Giovanna, a personagem que ela criara para seduzir Herrera, era uma pessoa extremamente divertida e doce, mas ainda assim bastante sexy. Um ser praticamente irresistível. Uma mulher que se deixava proteger, saciando o instinto protetor de Alfonso, mas independente o suficiente para mostrar que sabia se cuidar. A independência na medida certa cativa, caso o contrário, assusta a maioria dos homens.

– A professora já está à espera da turma. A aula começa daqui a quinze minutos. Como disse, você pode fazer uma aula experimental. O salão fica no andar superior. Subindo as escadas, na porta de vidro ao final do corredor. – Depois de agradecer a recepcionista com um aceno, Giovanna dirigiu-se para as escadas.

Chegando ao salão espelhado, Any foi recebida por Maite, a morena que ela já conhecia por foto.

Maite: Você é Giovanna, certo?

Anahí: Certo. E você, a professora.

Maite: Isso, me chamo Maite. Mas pode me chamar de Mai, acho Maite formal demais.

Anahí: Claro, Mai, me chame de Gio. – Ela assentiu.

Maite: Então, Gio, Angel me disse que você já fez aulas de dança de salão, então acho que não vai ter dificuldade em se adaptar ao ritmo da turma...

As duas conversaram por mais um tempo, seria fácil ganhar a confiança e a amizade da irmã de Herrera. Ela era simpática e parecia bastante aberta às pessoas. Não era tímida e sabia engatar uma boa conversa. Ponto para Anahí.

Em alguns minutos a turma chegou e, com falso interesse, Anahí prestou atenção naquela aula. E seria assim durante as segundas, quartas e sextas.

Uma semana e meia se passou desde então. Gio era sempre a primeira aluna a chegar, e isso lhe dava certo tempo para conversar com Maite. Em menos de duas semanas, a morena já havia contado sobre seus estudos e como optara pela dança, também sobre seus pais, seu último namorado e agora, finalmente, falava com mais detalhes sobre seu irmão. Era uma sexta-feira, as duas tomavam um suco na lanchonete da academia.

Maite: Ele mora no apartamento em frente ao meu, mas às vezes eu acho que ele é sozinho demais.

Anahí: Sozinho demais? – Questionou.

Maite: Sim... Quer dizer, ele sai, e muito, tem as suas garotas, e também são muitas, mas nunca vi ele levar ninguém para o apartamento dele.

Anahí: Sério? – Arqueou a sobrancelha. Aquilo seria um problema – E tudo isso é medo de se envolver?

Maite: Com certeza... Depois da ex-mulher, ele ficou bem fechado quando o assunto é um relacionamento sério. Antes ele era tão aberto e, sei lá, romântico... Mas agora está totalmente mudado.

Anahí: Sei bem como é. – Mentiu – Também já fui casada e entendo como é se fechar para outras pessoas depois de um relacionamento frustrado.

Maite: Você já foi casada? – Ah, que tolice. Anahí não acreditava nisso de amor eterno, e muito menos nessa baboseira de casamento. Se ela podia ter o mundo, por que prometeria a sua fidelidade a um único homem?

Anahí: Sim, há exatos seis anos. – Baixou os olhos, com falsa melancolia – É engraçado como essas coisas marcam a nossa vida.

Maite: Desculpe perguntar, mas o que aconteceu?

Anahí: Ele foi embora. Me deixou.

Maite: Ah, Gio, sinto muito. Me desculpe por ter perguntado.

Anahí: Tudo bem, Mai. Sabe... – Levantou os olhos azuis, marejados. Era incrível como Anahí podia ser convincente – Sou nova na cidade, sinto falta de conversar com uma amiga. Então, de verdade, não há problema algum em falar sobre isso com você. Quer dizer, você é a única pessoa com quem eu posso conversar por aqui.

Maite: Então fique a senhorita sabendo que pode alugar os meus ouvidos o quanto quiser. – Sorriu – Agora quanto a isso de ser nova na cidade... – Maite abriu ainda mais o sorriso – Temos que resolver isso! – Exclamou verdadeiramente empolgada. – E começaremos hoje. Porque é meu aniversário, e você está convocada a ir ao Beer hoje à noite! – Era claro que Anahí já sabia sobre o aniversário. E era claro que ela iria.

Anahí: Uau! Parabéns! – Fingiu-se surpresa, abraçando-a.

Maite: Obrigada, Gio! – Agradeceu – Ah... E sabe quem vai estar lá? Meu irmão. – Comentou sugestiva. – Eu acho que vocês deveriam se conhecer. Quem sabe um não ajuda o outro a superar o passado? – Arqueou a sobrancelha. Anahí rolou os olhos, reprimindo um sorriso. O que? Maite estava tentando dar uma de cupido? Havia sido mesmo um tiro certeiro usá-la para se aproximar de Herrera.

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