Capítulo 110

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Maite: É amanhã, Any! – A voz de Maite só não era mais animada do que a de Anahí.

Anahí: Caramba, isso é tão engraçado. – Disse, e sabia que, assim como ela, Maite sorria do outro lado da linha.

Maite: Eu acho que estou mais ansiosa que você.

Anahí: Ah não, Mai, pode apostar que não está. – Riu – Que horas vocês chegam?

Maite: Vamos sair amanhã de manhã. Acho que estaremos aí para o almoço.

Anahí: Ah sim... Bom, vou deixar você desligar, não quero que se atrase para o seu encontro. 

Maite: O Ian vai passar aqui para me pegar.

Anahí: E como vai o seu lance com ele?

Maite: Nossa, Any! Ele é... Uau. Quer dizer, nós saímos só duas vezes e não rolou nada de mais, mas cada vez que ele sorri, eu sinto vontade de me jogar em cima dele. 

Anahí: E por que não se joga?

Maite: Pelo amor de Deus, Anahí! – Ela gargalhou – Eu tenho que preservar um pouquinho o meu amor próprio. Ainda mais quando o assunto é o Ian. Sabe, ele é todo garanhão, se eu for fácil demais vou ser mais um nome na lista dele.

Anahí: Hm... Então está querendo um relacionamento sério com o senhor belos-olhos-azuis?

Maite: Não. Quer dizer, não sei. Mas há tempos eu não me sentia assim. Sabe, pareço uma garotinha apaixonada. É quase ridículo.

Anahí: Sei bem como é. As pernas tremem, a voz não sai, o coração palpita... É realmente ridículo... E delicioso. – Completou, abandonando-se numa risada sincera.

Maite: Realmente delicioso. – Concordou – Any, ele chegou. Tenho que desligar. Até amanhã.

Anahí: Até amanhã, Mai. Aproveita o seu encontro.

Maite: Ah, com certeza eu vou aproveitar. – Cantarolou – Beijo, se cuida. 

Anahí: Um beijo. – E o telefone ficou mudo.

Anahí deixou o celular sobre o criado mudo. Celular esse que havia ganhado de Maite há algumas semanas. Caminhou até o banheiro e jogou um bocado de água no rosto. A noite do começo de agosto estava quente. Ela encarou a imagem no espelho, um leve sorriso ainda estampava os seus lábios. Amanhã!

Já no quarto, prendeu o cabelo num coque alto e se sentou na poltrona, de olhos fechados, sentindo a brisa que entrava pela janela. 

Fazia cerca de dois meses desde a última vez que vira Alfonso. Como ele havia dito naquele telefonema, não poderia aparecer em Framingham tão cedo e, de fato, não aparecera. Maite, no entanto, fora visitá-la algumas vezes. E como a companhia da morena lhe fazia bem! Depois de dias contando apenas com seus próprios pensamentos e os microdiálogos com Megan, era bom ter com quem conversar. Anahí já não aguentava mais ficar encerrada naquela casa. 

Amanhã. A palavra dançou outra vez pelos seus pensamentos. Enfim o veria. E dessa vez faria diferente. Dessa vez não deixaria que qualquer sombra do passado, deveres ou culpas, ficassem entre eles.

Como prometera, não partira. Mesmo agora, já recuperada, ela permanecia ali. E Megan também, o que era bastante estranho, já que não havia mais motivos para cuidá-la. Há duas semanas tirara o gesso do pulso, também deixara de usar a faixa torácica e já não sentia dores. Não havia mais necessidade dos remédios e ela já podia se locomover sozinha e com perfeição. 

Anahí: Amanhã. – Ela se pegou sorrindo sozinha outra vez. 

Há algum tempo havia conseguido se desligar um pouco do seu passado tumultuado e da condição do seu presente – porque sim, ela ainda se lembrava que era uma foragida da polícia – e deixara a sua sorte à mercê do destino. 

Não sabia quando, ao certo, tornara-se mais leve, mas tinha a certeza de que grande parte de tudo aquilo se devia à Maite. A irmã de Herrera era tão positiva que era impossível não se deixar envolver por toda a alegria e o otimismo que emanavam dela. Por mais de uma vez dissera a Anahí "Quantas vezes você tentou controlar o seu destino? E olha onde está agora! Me diga, algum dia seria capaz de imaginar isso?" Oh, não. Ela não seria. 

Pensou em quantas e quantas vezes tentara afastar Alfonso, deixá-lo, e, no entanto, justo agora que tudo saíra do seu controle, as coisas pareciam estar dando certo. Bom, não que ela achasse exatamente certo estar escondida, ajudada por um investigador da polícia, mas,pelo menos, ninguém estava sob uma ameaça iminente de morte. 

Alfonso parecia estar bem, ao menos era o que Maite falava. E, além disso, Any achava que agora que estava longe da cidade –e de todos nela – Pedro já não estaria tão estimulado a matar Alfonso. Vejam,ela não estava com ele e ele já não era o responsável pelo caso Damián, que outros motivos ele teria para dar fim no detetive? 

Além disso, Pedro poderia se sentir acuado com ela solta por aí. Quem garante que ela não iria abrir a boca e contar tudo oque sabia sobre ele, caso ele ferisse o homem que amava? Pedro não seria tão estúpido a ponto de se arriscar por puro capricho.

Depois que ela desaparecera, as coisas mudaram.Não era como quando estava presa. Já não se tratava de que ela não falasse para manter Pedro afastado de Alfonso, mas sim de Pedro estar afastado de Alfonso para que ela não falasse. Bem, Damián deveria saber disso.

E era por tudo isso que ali, distante do mundo,ela se permitia estar bem. Bem para tentar ser feliz. Bem para se preocupar apenas com o hoje e ignorar que havia um futuro incerto esperando por ela.

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Meninas, não sei por que o Wattpad está juntando as palavras em alguns posts.

Quando posto tá certinho, aí vou ver e tem várias palavras grudadas. Então se tiver algum capítulo que ficou muito ruim de ler, me avisem que eu vou lá e reedito. Ok?

Obrigada <3 

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