Capítulo 09

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  No dia seguinte, Anahí fez exatamente aquilo que deveria fazer: Não foi encontrá-lo. Alfonso esperou minutos a fio e nada. Um bolo? Aquilo era novo e nenhum pouco agradável para ele. Irritado não era exatamente a palavra que podia descrevê-lo, eu diria que Alfonso estaria bastante irritado se não estivesse incrédulo. Era quase absurdo aceitar que Giovanna não fora e nem sequer tivesse se dado ao trabalho de avisá-lo. Ele, afinal, queria vê-la. Esperava muito daquela noite que, no entanto, não aconteceu. Uma grande filha da puta, pensou. Alguns xingamentos depois, ele se levantou da mesa que ocupava. Alfonso não perderia a noite por causa dela. Então lá estava ele, com os olhos fixos numa loira sentada à mesa ao lado.

Anahí tampouco apareceu nas aulas de dança. Na semana seguinte, ela simplesmente sumiu, sem dar qualquer tipo de notícias.

Paul: Queria mesmo entender o que se passa na cabeça dela. – Comentou.

Christian: Eu nem tento entendê-la. – Deu de ombros.

Vamos lá, Paul, assim como Christian, era o mais próximo que Anahí tinha de um amigo. Com eles ela conseguia manter uma conversa sem máscaras. Ela podia ser a Anahí e não a Giovanna. E eles a aceitavam – e respeitavam – exatamente assim. Com aquele gênio forte, e a personalidade sádica e um tanto egoísta.

Anahí: Não falem de mim como se eu não pudesse ouvi-los. – Ela resmungou, terminando de descer as escadas e voltando a sentar à mesa com os dois. Estavam todos numa das boates de Pedro. Um lugar amplo com dois andares inteiramente espelhados.

Rodeando toda a pista de dança, haviam extensos balcões e algumas poltronas. Nos fundos, numa espécie de camarote, ficavam as mesas. Eram lugares mais reservados, e a decoração em tons de vinho e dourado dava um ar luxuoso àquela casa de dança. Horas mais tarde o lugar, certamente, estaria lotado. Contudo, agora não passava das seis e a boate estava vazia.

Paul: Já terminou a sua conversa com o Pedro?

Anahí: Sim.

Christian: Problemas?

Anahí: Nenhum. Pedro anda se preocupando mais do que deve.

Paul: Será? Anahí, passou uma semana e você sequer foi ver o tal Herrera.

Anahí: Bem se vê que vocês não entendem o que se passa na minha cabeça. – Sorriu um tanto enigmática – Eu sei o que estou fazendo.

Christian: Mas é que o tempo está passando e...

Anahí: E Alfonso ainda não fez nada com aquelas provas. Não é óbvio? Ele ainda não tem o suficiente. Está juntando. Imaginem, é como um quebra-cabeças... Faltam algumas peças, e eu quero pegá-lo o mais completo possível.

Rodrigo: Cuidado. Talvez quando você colocar as mãos naquela pasta já seja tarde demais, Anahí. – Intrometeu-se na conversa. Anahí virou o rosto para olhá-lo. Ele estava sentado no balcão do bar, com um copo de whisky nas mãos.

Anahí: Se o seu medo é que ele consiga nos pegar antes que eu o pegue, fique tranquilo, Rodrigo. Isso não vai acontecer. Eu não falho. – Fitou-o com desdém. Se havia um dos homens de seu pai que ela não gostava era Rodrigo. Sempre com aquele ar superior, achando que era mais do que, de fato, era. Um grande idiota.

Rodrigo: E como você tem tanta certeza? – Ela levantou, os saltos tilintando pelo chão. Parou ao lado dele, escorando no balcão.

Anahí: Eu tenho certeza porque eu conheço a minha vítima. Porque eu sei como vou abordá-la. Porque não se trata apenas de pegar a pasta, mas de fazer com que ele não perceba que isso aconteceu. E, meu caro, eu sei exatamente como farei isso. E não vai ser de uma hora para outra, exige tempo, e eu não estou com nenhum pouco de pressa. – Arqueou a sobrancelha – Nem Pedro, já que ele acaba de me dar total liberdade para que eu faça o que quiser e quando quiser. Agora, com licença, eu tenho uma pasta para pegar. – Dito isso, ela se afastou. – Paul, mais tarde te ligo. Estou precisando relaxar. – Piscou para o loiro, que assentiu com um sorriso de canto. Claro, Paul era bonito e bem interessante. Anahí não o deixaria passar em branco. Emoções deixadas de lado, eles usavam um ao outro como uma bela fonte de diversão.

Saindo da Deluxe, Anahí deu sequência ao seu plano. Com ela não havia falhas. Cada passo tinha um porquê. O sumiço dela tinha um porquê, e um porquê bastante convincente.

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