Capítulo 118

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Maite, entediada, tomava uma xícara de chá na cozinha, e Megan, tomada pelo mesmo tédio, assistia TV quando Anahí e Poncho chegaram na casa. 

Anahí: Vou tomar um banho. – Avisou Anahí. Poncho deu um demorado beijo na testa dela e deixou que ela subisse para o quarto.

Maite: E aí? – Perguntou, se levantando e indo até o irmão – Como foi a tarde?

Alfonso: Muito melhor do que eu poderia imaginar. – Sorriu, e Maite podia estar enganada, mas podia jurar que o ouviu suspirar.

Maite: Esse sorriso no seu rosto te condena. – Gracejou. – Você vai precisar me contar tudo... – Ela espiou por sobre os ombros dele, vendo o perfil de Megan no sofá – Quando chegarmos em casa. – Estendeu a xícara para ele – Quer?

Alfonso: Não, não... Eu vou tomar um banho também. Vocês já jantaram?

Megan: Claro. Ou você pensou que iríamos esperar a noite toda por vocês? – A voz carregada de amargura soou baixa.

Alfonso: Mai, me deixe um tempinho sozinho com a Meg. – Pediu, depois de respirar fundo, apontando as escadas para a irmã. Maite deu de ombros e foi para o quarto de Anahí, onde havia deixado as suas coisas. 

Assim que Maite deixou a sala, Alfonso se sentou no sofá, ao lado de Megan. A morena tinha os olhos claros fixos na TV.

Alfonso: Hey, Meg, o que houve? – Ela comprimiu os lábios, balançando a cabeça. Alfonso pegou o controle remoto das mãos dela e desligou a TV. – Fala comigo. – Pediu, a voz terna.

Megan: Falar o que? – Perguntou, ainda sem encará-lo.

Alfonso: O que está acontecendo.

Megan: E você não é capaz de deduzir? – Quando a morena virou-se para encará-lo, ele viu seus olhos marejados.

Alfonso: Hey... – Ele levou as mãos até o rosto dela – Meg, não... Eu não queria magoar você.

Megan: Qual é o seu problema, Poncho? Eu estou cansada disso. Parece que nada que eu faça é suficiente. 

Alfonso: Como? Meu Deus, isso não é verdade. Megan, eu vou ser grato a você para o resto da minha vida. Você é e sempre vai ser...

Megan: Uma amiga? – Cortou-o – Poncho, eu... Pelo amor de Deus, eu quero mais que isso e você sabe.

Poncho levou as mãos ao próprio rosto, esfregando as têmporas e puxando uma longa golfada de ar.

Alfonso: Eu sei. Mas você sabe que a nossa relação não vai passar da amizade, Meg. Sinto muito. – Disse – Há muito tempo eu deixei claro que não havia a possibilidade de voltar a acontecer algo entre a gente. – Uma lágrima escorreu dos olhos dela – Droga. Eu não queria magoar você. Me desculpa. Desculpa te fazer passar por isso.

Megan se levantou, passando pela cozinha e caminhando até o jardim nos fundos da casa. Não conseguiria sustentar o teatrinho de 'amiga ofendida' por nem um segundo a mais. Precisava se afastar, respirar e se recompor. Mais um pedido de desculpas patético de Alfonso e ela acabaria explodindo. Queria gritar com ele, obrigá-lo a ver que era ela – e ninguém mais – aquela que sempre estivera ao lado dele. Depois de Dulce, depois de Anahí, sempre esperando que ele pudesse ver aquilo que era tão claro para ela. 

Alfonso: Meg, por favor, nós somos adultos, vamos conversar. – Alfonso parou ao lado dela.

A morena encarou o chão, deixando que sua respiração se acalmasse. 'Você não vai perder a cabeça'. Repetia mentalmente numa espécie de mantra.

Megan: Você sabe que ainda vai se decepcionar com ela, não sabe? – Virou-se para ele.

Alfonso: Talvez. Ninguém pode prever o futuro, não é mesmo? Mas não vou me impedir de viver a minha história com ela por medo do que pode vir.

Megan: Você está cego, Poncho. – Suspirou – Está caindo no jogo dela mais uma vez.

Alfonso: Megan, não fale do que não sabe, okay? – Falou, a voz saindo um pouco mais ríspida do que gostaria. 

Megan: Sabe o que eu sei, Poncho? Que as pessoas não mudam. Mais dia, menos dia, você vai se decepcionar com ela. 

Alfonso: Bom, eu vou pagar pra ver. 

Ela demorou um tempo olhando para ele, tentando de alguma forma engolir toda a raiva que borbulhava dentro dela. Por fim,soltou o ar. 

Declarar seu ódio por Anahí não o traria para ela, e ela sabia disso. Tanto sabia que obrigou-se a sorrir, colocando as mãos nos ombros dele.

Megan: Me desculpe. Eu não quero perder a sua amizade por causa do meu descontrole. – Sim, ela continuaria sendo a boa amiga, e esperaria o momento em que Anahí metesse os pés pelas mãos. E, caso Anahí não o fizesse por conta própria, Megan se encarregaria de dar um empurrãozinho.

Alfonso sorriu e então a puxou para um abraço.

Alfonso: Eu não vou te pedir para que continue aqui agora, acho que...

Megan: Relaxa, Poncho. Eu vou continuar ajudando a Anahí. Tudo bem que ela já está melhor, mas, de qualquer forma, não é bom deixá-la sozinha.

Alfonso: É, eu sei, mas, Meg, se você não quiser ficar, eu vou entender. – Ele se afastou, segurando as duas mãos dela – Você já fez muito por mim. 

Megan: E vou continuar fazendo. – Sorriu – É isso que amigos fazem, não é? – Disse, e depois se inclinou e beijou-lhe demoradamente a bochecha. 

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