Chegando ao salão, Anahí tomou uma taça de champagne. Suas mãos ainda estavam trêmulas, o nó ainda estava na garganta e seus olhos ainda doíam contendo as lágrimas. Mas ela se convencera de que não choraria. Qual é? Anahí odiava se sentir fraca, odiava sentir que alguém tinha algum poder sobre ela. Ela não admitiria isso. Precisava retomar as rédeas da sua vida, dos seus pensamentos e do seu mísero coração. Pois é, depois de tantos anos, ela descobrira que tinha um. E aquela descoberta não lhe trouxera vantagem alguma.
– Anahí? – Ela virou o rosto, procurando quem a chamava. – Quero que venha comigo.
Anahí: E por que eu deveria? – Perguntou calma.
– Não preciso me explicar para você, querida.
Anahí: E eu não preciso ir com você, querido. Se me dá licença... – Ela ameaçou dar meia volta, mas ele se interpôs no seu caminho. Anahí não o conhecia, e justamente por isso não confiaria nele.
– Paul está conversando com Charles... – Ela arqueou a sobrancelha – E eu quero conversar com você.
Anahí: Me diga o assunto e aí, quem sabe, conversamos.
– Paul veio trazer um recado do Pedro, certo? E eu quero enviar um recado do Charles para o Pedro. – Um sorriso cínico surgiu nos lábios dela.
Anahí: Não sou mulher de recados.
– Receio que você não tenha muita opção. – O homem levantou levemente o paletó, mostrando a arma que levava na cintura.
Anahí: Receio que você não vá atirar em mim aqui no meio de todas essas pessoas. – Desafiou.
– Realmente. Mas Paul está lá em cima, sozinho, com Charles em uma sala.
Anahí: Mate-o, e eu acabo com você antes que pisque outra vez.
– Hm. Corajosa.
Anahí: O que quer? Diga logo. – Irritou-se.
– Lá fora. – Impôs. Anahí olhou uma última vez para aquele homem, antes de seguir para o jardim. Ele caminhava, discreto, atrás dela. Só quando estavam afastados o suficiente da casa, ele parou.
Anahí: Você tem cinco minutos.
– Não preciso mais que isso.
Anahí o viu puxar a arma da cintura, a mataria, ela sabia. Era esse o recado.
Mas ela era rápida, e antes que o homem conseguisse puxar o gatilho, ela partiu para cima dele, derrubando-o. Durante minutos os dois rolaram pelo chão, ambos batendo e apanhando, a arma fora atirada para longe.
– Vadia. – Ele rosnou, depois de levar um belo soco de Anahí. Ela era menor, era fisicamente mais fraca, mas sabia se defender, treinara para isso.
Com tantos gritos e xingamentos, os dois só não foram ouvidos pela distância em que estavam da mansão. Passando o jardim dos fundos, já entre as espessas árvores plantadas no final do terreno.
Custou para Anahí conseguir levantar, acertando um chute no estômago daquele infeliz. O homem, assim que se levantou, a agarrou pelos cabelos. Com certo esforço, ela se virou e o acertou outra vez, agora num ponto um pouco mais sensível.
Assim que ele caiu no chão, Anahí se colocou sobre ele, sentando em sua barriga e tirando uma faca que trazia presa na cinta liga, sob o vestido.
Anahí: Primeiro: Ninguém me ameaça! – Ela pressionou a faca sobre a jugular dele – Segundo: Quem vai enviar um recado agora sou eu. – A tensão da faca sobre a pele dele aumentou – Diga ao seu chefe que ele pode tentar o quanto quiser, mas se ele falhar com o Pedro, ele é um homem morto. Não só ele, mas Dora, Lígia, Arthur e toda a sua família. – Ele a olhava, arfando, tenso – Nós conhecemos cada partezinha da vida de Charles, é bom ele não arriscar. Mas... – Num movimento brusco, ela afastou a faca do pescoço do homem e a cravou na perna direita dele. O grito de dor foi alto, mas ainda assim inaudível para as pessoas daquele baile – Faça isso só depois que se recuperar. – Sorriu cínica.
Anahí se levantou, respirando fundo, seu corpo inteiro doía, suas bochechas ardiam e sua visão estava turva, mas não o suficiente para que demonstrasse dor na frente daquele homem. Ela caminhou até a arma, levando-a consigo. Precisava ir atrás de Paul, só assim poderia ir embora.
Mas havia um problema. Como ela entraria na mansão naquele estado? Com a boca e supercílio cortados, marcas vermelhas pelo braço e o sangue escorrendo pelo seu joelho?
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Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...