Capítulo 78

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No dia seguinte, quem foi visitar Anahí não foi Poncho, mas Michael. O tenente se desculpou pelas atitudes de Uckermann, foi prestativo e até solidário, mas, no final da conversa, deixou claro que toda aquela cordialidade acabaria a partir do momento em que ela se negasse a colaborar. E ela se negaria. Se em algum momento ela pensara em entregar Pedro, a ideia logo se dissipara pelo medo constante que tinha de perder Alfonso. Ela sabia que Pedro era cruel e inteligente o suficiente para puni-la. E antes que conseguissem pegá-lo, Alfonso já estaria morto. Por puro capricho. Vingança, talvez.
Ainda que já não tivesse qualquer lógica manter a promessa que fizera, ela não estava disposta a pagar para ver. Se havia algo com o qual ela não jogaria agora, era com a vida do homem que amava.

– Seus dedos não estão inchados, isso é ótimo. – Dizia a fisioterapeuta, segurando com cuidado o pulso engessado de Any – Agora virei apenas na próxima semana, se sentir algum desconforto nos dedos, mantenha-os para cima. E, qualquer coisa, não hesite em me chamar.

Anahí: Tudo bem. 

Matthew: Boa noite. – Quando a porta do quarto se abriu, o coração de Anahí perdeu o compasso. Tinha a esperança de que fosse Alfonso. Já fazia cinco dias que não o via, que não tinha qualquer notícia. Não que ela achasse que ele devesse ficar com ela o tempo todo, aquilo era apenas saudade. Saudade da pequena reaproximação que eles tiveram e, principalmente, saudade de ter alguém com quem contar, alguém que ela sabia que entendia exatamente a dor que sentia e que não diminuíra em nada. – Como está a minha paciente?

Anahí: Sobrevivendo, eu acho. 

Matthew: Tem sentido alguma dor? – Ela negou.

Anahí: Escuta... Você tem visto o Alfonso?

Matthew: Bom, já faz alguns dias que ele me disse que precisava fazer uma viagem. – Uma viagem? Para onde? Por quê? Por que agora?

Anahí: Hm...

Matthew: Ele não deve demorar para voltar. – Amenizou.

Anahí: Ah... – Chacoalhou a cabeça – Não... Eu só tinha achado um pouco estranho ele ter sumido. Só isso. – Sorriu. 

Sabe quando a sensação de solidão é tão grande que parece que não existe mais ninguém no mundo pra você? Pois era exatamente o que Anahí sentia naquele instante. Bobagem pensar que alguma coisa havia mudado entre os dois depois do que acontecera. Não. O coração dele ainda estava machucado e ele ainda estava distante. Mas, veja, era melhor assim. Anahí não pretendia uma reaproximação. Ainda que isso a confortasse, ela sabia que não podia ficar com ele. 

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