Capítulo 138

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Um fato relevante sobre Anahí: Quando ela tinha algo em mente, dificilmente era convencida do contrário. Um fato relevante sobre Andrew? Ele sabia disso. 

Silenciosa, Any esperou que Andy voltasse para a cozinha para então subir as escadas. Oh, não. Certamente ela não permitiria que ele fosse com ela. Deus sabe o que teria de enfrentar, e definitivamente não queria colocar ninguém em perigo. Já bastava toda a bagunça que já havia feito, não era preciso mais. Ela iria sozinha. Colocaria as coisas no lugar e, se Alfonso ainda a quisesse, voltaria.

Depois de colocar duas mudas de roupa na bolsa, ela verificou se a faca que outrora havia escondido debaixo da cama ainda estava ali. Estava, enrolada num guardanapo como ela havia deixado. 

Anahí sorriu sem gosto, segurando o objeto e o colocando com jeito no fundo da bolsa de lona surrada. Então suspirou. Dentre todas as decisões que já tivera de tomar, aquela seria a mais difícil. Difícil e dolorosa, por dois principais motivos. Primeiro, ela ainda não se sentia a vontade em matar uma pessoa. Embora se tratasse de Rodrigo e aquela parecesse a única opção, pensar em acabar com a vida de alguém com suas próprias mãos lhe embrulhava o estômago. Segundo, e certamente o que mais doía, era a certeza de que tudo estaria perdido a partir dali. Mesmo que ela quisesse manter em seu íntimo a ínfima esperança de que ainda poderia voltar com Alfonso, a realidade era cruel e gritava que as coisas jamais se acertariam entre eles. Principalmente agora. Ele não conseguiria perdoar todas as mentiras já contadas e, se perdoasse, não seria capaz de conviver com a ideia de que Anahí matara alguém. Ora, mas e se ela não contasse? Bem, então como ela conviveria com aquilo? Com uma relação construída, mais uma vez, sobre mentiras.

Pare! Bradou mentalmente. Se ela continuasse deixando que aquele mar de desespero tomasse conta dela, acabaria se afogando. 

Sacudindo o rosto, ela jogou a bolsa nos ombros e encarou a porta fechada. Anahí podia sentir sua mão trêmula quando alcançou a maçaneta, respirou fundo, ao tentar girá-la, nada.

Anahí: Mas que merda é essa? – Praguejou, forçando a maçaneta.

Andrew: Desculpa, Anahí. – A voz do outro lado da porta respondeu baixa.

Anahí: Andrew, o que significa isso?

Andrew: Significa que eu te conheço o suficiente para saber que você tentaria fazer as coisas do seu modo. 

Anahí: O que quer dizer com isso? – Fingiu não entender. 

Andrew: Que eu sei que você fugiria e iria sem mim. E eu não posso deixar isso acontecer.

Anahí: Eu não ia fazer isso. – Negou.

Andrew: Sim, você ia. 

Anahí: Andrew, por favor, abra a porta, vamos fazer o que tínhamos combinado.

Andrew: Você ainda vai me agradecer por isso, Anahí. 

Dito isso, ele desceu as escadas, deixando atrás de si a voz aveludada de Any, que ainda tentava convencê-lo a abrir a porta.

Anahí: Andy? Andrew? – Quando percebeu que Andrew já não estava ali, Anahí bateu na parede, estupefata. – Certo, vamos fazer da maneira mais difícil então. 

Obviamente ele não havia checado se a janela estava trancada, não tivera tempo para isso, certo? Certo. Com um misto de alívio e pesar, ela empurrou o vidro, apoiando-se no beiral, então parou bruscamente quando ouviu um alto rugido vindo de algum lugar daquela casa. 

Anahí: Andrew?    

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