– Anahí? Any?
Ela ouvia chamarem pelo seu nome, mas seus olhos estavam pesados demais. Era como se estivesse sonhando.
– Any? – A pessoa chamou outra vez. A voz lhe parecia familiar – Vamos, acorde.
Foi com muito custo que suas pálpebras se abriram. A visão turva demorou para focar Christian, sentado ao seu lado.
Anahí: O que? Christian, onde está Alfonso? – Bruscamente, ela se colocou de pé. A cabeça ainda um pouco zonza revivia a cena que presenciara pouco antes de apagar.
Depois do tiro, tudo acontecera muito rápido. A rua atrás do prédio de Anahí estava deserta. Ninguém a ouvira gritar. Antes mesmo que ela pudesse ver como Poncho estava, Anahí viu Rodrigo sair do carro dele. Barrando-a, ele impediu que ela se aproximasse.
Em meio ao choro pesado, Any bufava, estapeando Rodrigo, gritando com ele. Ela tentava se soltar, correr para Herrera, mas as mãos grandes a seguravam com força.
– Acabou, Anahí. – Ele repetia, tentando controlá-la.
Num lapso de Rodrigo, ela conseguiu escapar, mas segundos depois ele estava parado às suas costas, segurando-a ainda com mais força. Ela iria gritar outra vez se não tivesse sentido uma forte coronhada em sua cabeça.
Antes de fechar os olhos e se render àquela dor latente, ela fitou Alfonso através do para-brisa. Pelo vidro grosso, ela viu o rosto dele tombado para o lado, os olhos fechados e a boca levemente aberta. Mais algumas lágrimas rolaram de seus olhos, e rezando para que aquilo não passasse de um pesadelo, ela desmaiou.
Christian: Anahí, se acalme. Como você está? – Perguntou, mas Anahí não respondeu. A cena de poucas horas atrás ainda martelava em sua cabeça. – Anahí, estou preocupado...
Anahí: Onde está Pedro? – Perguntou dura.
Christian: Está no escritório dele, mas... – Antes que Christian pudesse continuar, ela já estava na porta do quarto. Depois que desmaiara, Rodrigo a levara até a Deluxe, deixando-a num dos quartos no andar de cima da boate. – Espera, Any!
Anahí: Esperar o que? Aquele desgraçado vai me pagar! – Se ela encontrasse Pedro naquele momento, o mataria.
Christian: Anahí, por favor... – Ele caminhava atrás dela pelos corredores, rumo à sala de Pedro.
Anahí: Escuta, Christian. – Virou-se – Quero que vá ver como Alfonso está, quero que... – Sua voz falhou. Cerrando os olhos, ela reprimiu o choro. Doía tanto, mas tanto, pensar que Alfonso pudesse estar morto. Ela jamais se perdoaria, ela não suportaria.
– Ele está bem. – A raiva, a pouco substituída pelo pânico, voltou a tomar conta dela. Com os olhos reluzindo, ela se virou para Pedro, encostado na soleira da porta de sua sala.
Anahí: Seu filho de uma p...
Pedro: Anahí! – Repreendeu, severo, ao mesmo tempo em que segurava a mão dela que tentara atingir o seu rosto. – Antes de dar piti, me escute.
Anahí: Eu não tenho nada para escutar, Pedro! – Bradou – Você me deu a sua palavra! – Com um olhar, Pedro mandou que Christian os deixasse sozinhos.
Pedro: E eu cumpri. Rodrigo agiu por conta própria, Anahí. Eu não sabia.
Anahí: Então não controla mais seus homens? Vá a merda, Pedro!
Pedro: Não se exalte. O detetive está bem. Mandei que Paul fosse até lá verificar. Ele está no hospital agora, acabou de passar por uma cirurgia. Não corre qualquer risco. – Anahí meneou a cabeça, não acreditara em uma única palavra. – Sei que confia mais em Paul do que em mim, e sinceramente não sei o que fiz para merecer tanta desconfiança. Vamos, se quiser, ligue para ele e confirme.
Anahí: Prefiro ver com meus próprios olhos. Em que hospital ele está? – Pedro soltou uma risada baixa.
Pedro: Por acaso você esqueceu que queria falar comigo?
Anahí: Queria. Queria se Alfonso não estivesse num hospital agora.
Pedro: Anahí, por que se preocupa tanto com ele? Parece que ele derreteu o seu coração de gelo. – Cantarolou, irônico. – Pois bem, conversamos e aí eu te digo aonde ele está.
Anahí: Pedro, por favor.
Pedro: Te dou a minha palavra. – Ela riu.
Anahí: E vai cumpri-la assim como fez da outra vez?
Pedro: Já disse que não sabia. Rodrigo vai pagar por ter me desobedecido. Fique tranquila.
Anahí: Onde está Rodrigo?
Pedro: Está bêbado, trancado num dos quartos. Mas Rodrigo é assunto para outra hora. Sem ensaios, Anahí – Ele apontou a cadeira que ficava em frente à sua mesa – Vamos ao que interessa. Me diga o que queria falar comigo.
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Let Me Go
FanfictieEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...