Capítulo 96

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Assim que Alfonso se aproximou da casa, passou a chamar Andrew. O amigo saiu às pressas pela porta, atravessando o gramado e indo ao encontro dele.

Alfonso: Me ajude aqui!

Andrew: Santo Deus! – Ele caminhou ao lado de Alfonso, abrindo a porta para que ele entrasse com Anahí.

Alfonso: Onde está a Megan? – Perguntou, subindo as escadas.

Andrew: Está na varanda, acabamos de chegar, íamos atrás de você.

Alfonso: Diga a ela que precisamos de analgésicos. Anahí não está nada bem. 

Andrew assentiu, mas antes de ir até Megan, certificou-se de abrir a porta do quarto de Anahí para que eles entrassem. Também arrumou os travesseiros e puxou a coberta. Poncho agradeceu com uma leve inclinação de cabeça e colocou Anahí deitada sobre o colchão. 

Alfonso: Hey... – Ele tirou os fios castanhos que estavam sobre os olhos dela – Como se sente? 

Anahí não respondeu. Estava de olhos fechados, os lábios comprimidos, o cenho franzido e os dedos da mão direita enrolados nos lençóis.

Alfonso: Anahí? – Sentando-se ao lado dela, ele deixou uma mão repousada em seu rosto, enquanto a outra buscou a pequena mão dela, fazendo com que soltasse o tecido de algodão – Você vai ficar bem. – Disse, enlaçando seus dedos nos dela.

Ela até se esforçou para sorrir, mas era impossível. Se mantinha preocupada demais em controlar sua respiração naquele momento. Qualquer suspirar mais profundo era capaz de lhe causar dores impiedosas. 

Megan: Poncho! Meu Deus, você está bem? – A ruga na testa de Anahí aumentou ao ouvir a voz de Megan. 

Alfonso: Meg, Anahí piorou, está com muita dor. – Ela não gostou nenhum pouco do tom de preocupação na voz de Alfonso, mas ainda assim abriu um sorriso compassivo.

Megan: Vou cuidar para que ela fique bem, Poncho. 

Depois de colocar um par de luvas, Megan abriu uma maleta branca que deixara a pouco sobre a cômoda. Tirou de lá uma ampola e uma seringa. Depois de enfiar a seringa na ampola, aspirou uma dose do líquido incolor, retirou o ar que entrara na seringa, esguichando um pouco do líquido pela agulha, e então caminhou até a cama. 

Megan: Por favor, estenda o braço dela. – Pediu a Alfonso. Ele soltou a mão de Anahí, e esticou o braço dela. Em seguida, Meg amarrou um grosso elástico ao redor do braço de Any e tateou seu antebraço até encontrar sua veia. 

Anahí: O que... – Tentou – O que está fazendo? – Perguntou, insegura, a voz quase nula.

Megan: Isso vai diminuir a sua dor. – E Anahí sentiu o leve picar da agulha.

Anahí: O que é isso?

Megan: Uma associação de Morfina com Ibuprofeno. 

Alfonso: Meg... – Ele levantou, chamando-a para perto da porta – Ela precisa de um raio x.

Megan: Impossível, Poncho. Não posso levá-la até o hospital.

Alfonso: Mas, Megan...

Megan: Vou examiná-la, vou ver o que posso fazer por ela. Seguirei administrando os analgésicos e também o antiinflamatório. – Ela segurou a mão dele – Não vou te deixar na mão, Poncho. Farei tudo o que estiver ao meu alcance. – Sorriu, dando-lhe um demorado beijo na bochecha. – Vou falar com ela.

Alfonso viu quando Megan se sentou na beirada da cama, pegou o estetoscópio e posicionou o diafragma* contra o peito de Anahí. 

Megan: Certo. Sente dificuldade para respirar? 

Anahí: Sim. 

Megan: Um leve incômodo ou uma dor mais aguda?

Anahí: Dói bastante. 

Megan: Okay. Agora inspire e expire bem devagar. 

Ela posicionou o aparelho em diversos pontos da caixa torácica de Anahí, pedindo para que respirasse ora ou outra, e com a ajuda de Alfonso, a virou de lado, e voltou a ouvir a sua respiração.

Megan: Respire fundo. – Anahí o fez, exibindo uma careta de dor. – Agora tussa. – Ela tossiu, a dor era ainda mais forte. – Continue deitada de lado – Recomendou – Vai ser mais fácil respirar assim. Daqui a pouco o remédio vai começar a fazer efeito e a dor vai diminuir. – Ela se levantou.

Alfonso: E então?

Megan: Não creio que houve qualquer complicação. Quer dizer, nada mais grave como uma perfuração em algum órgão ou algo assim. O que acontece é que ela fez um grande esforço quando não podia e por isso piorou. 

Alfonso: Mas ainda assim não seria melhor levá-la até uma clínica e...

Megan: E sermos pegas. – Completou – Anahí é uma fugitiva, Poncho, lembre-se disso. Ela vai ficar bem. Com algumas compressas, analgésicos e o repouso necessário, em um mês ela estará perfeitamente bem outra vez. 

Anahí: Um mês? 

Megan: Sim. Um mês até que esteja 100%. – Disse com certo enfado. – Se não tivesse tentado fugir hoje, eu diria que em 15 dias estaria bem, agora recomeçamos do zero. 

Alfonso: Obrigado, Meg. De verdade. – Agradeceu. 

Megan: Sabe que pode contar comigo. – Anahí, de costas para os dois, girou os olhos – Vai ficar até amanhã?

Alfonso: Entro na delegacia amanhã às oito. Não posso ficar.

Megan: Você precisa descansar antes de pegar a estrada, Poncho. Fique, durma um pouco e depois você vai. – Ele olhou para Megan, depois para Anahí.

Alfonso: Tudo bem. 

Andrew: E aí? – Andy entrou no quarto, dando a volta na cama e abaixando em frente ao rosto de Anahí – Como está?

Anahí: Já estou melhor, a dor diminuiu bastante. Obrigada por se preocupar. – Agradeceu. 

Andrew: Eu tenho que ir embora agora, mas, qualquer coisa, Megan sabe como me achar. – Any assentiu – E olha, por favor, não arrisque a sua vida outra vez. 

Anahí: Tudo bem, Andrew, não farei nada, fiz uma promessa. 

E desde quando as promessas dela passaram a valer alguma coisa?


*Diafragma é como é chamado um dos lados do auscultador, peça metálica do estetoscópio que é colocado em contato com o corpo do paciente.


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