Anahí e Megan pouco se falaram durante a semana. Num acordo velado, decidiram se ignorar para evitar aborrecimentos desnecessários. Seus encontros eram bastante pontuais: Na hora das refeições e das medicações, quando Megan também aproveitava para ver como estava a costela e o pulso de Anahí. O banho, felizmente, ela já conseguia tomar sozinha, recebendo a ajuda da morena apenas para retirar a faixa torácica comprada há alguns dias.
Naqueles sete longos dias, fora as idas ao banheiro, Any saiu do quarto apenas cinco vezes. As saídas da casa eram ainda mais raras – apenas uma. Megan aconselhou que ela não se esforçasse e que se mantivesse deitada o máximo de tempo possível. Repouso. Eis uma palavra que lhe causava repulsa. Anahí não conseguia ficar parada muito tempo, volta e meia se pegava caminhando pelo quarto, observando o movimento das nuvens pela janela, enquanto seu pensamento voava.Anahí: "Amor e amizade. São eles que nos fazem ser quem somos e podem nos mudar, se deixarmos". – Any abandonou a cabeça no travesseiro, juntando mais um livro à pequena pilha que estava sobre o criado mudo. As últimas palavras que acabara de ler ecoaram em sua mente, transpassando seus lábios. – 'Se deixarmos' – Repetiu. Ela havia deixado, afinal.
Any contava as pequenas fissuras no teto de madeira quando Megan entrou no quarto, trazendo os analgésicos e antiinflamatórios. Sem nenhuma palavra, ela entregou um copinho com as cápsulas para Anahí.
Anahí: Obrigada. – Meg assentiu e ela tomou os remédios.
Megan: Já disse para se sentar devagar, Anahí.
Anahí: Tudo bem. Não sinto dor. Essa faixa tem ajudado bastante.
Megan: Ainda assim. – Disse, no tom entediado de sempre – Algum desconforto nos dedos?
Anahí: Não. – Respondeu, vendo-a segurar seu pulso engessado.
Megan: Se sentir qualquer coisa, me chame. – Avisou, virando-se de costas e saindo do quarto.
Anahí: Megan?
Megan: Hm? – Resmungou, sem se dar o trabalho devirar-se para olhá-la.
Anahí: Alfonso vem hoje? – Anahí ouviu uma risada ríspidaescapar dos lábios da outra.
Megan: E ela continua acreditando num 'felizes para sempre'.Lamentável. – Murmurou, talvez com a intenção de que Anahí não ouvisse, o quenão aconteceu.
Houve um pequeno silêncio depois daquelaspalavras. Não. Ela não acreditava num 'felizes para sempre', mas elaesperava que pudesse ser feliz agora.
Anahí: Se me conhecesse um pouco, saberia que eu não acreditoem 'para sempre'. – Ela ouviu Megan respirar fundo e, aos poucos, amorena girou o corpo e voltou a encará-la.
Megan: É, Anahí, mas eu não conheço. Aliás, acho que ninguémconhece. Você é uma farsa. E eu realmente espero que o Alfonso não caia no seuteatrinho outra vez. – Anahí estreitou os olhos e a observou, em silêncio, porlongos segundos.
Anahí: Claro. – Concordou – Você espera que ele caia no seu.– Sorriu – Mas, de qualquer forma, obrigada por bancar a enfermeira. – Megarqueou os lábios, enrugando a testa.
Megan: De nada. – Respondeu. E se um olhar pudesse mesmomatar, Anahí teria morrido naquele exato momento. – Ah, e a propósito, ele nãovem hoje. – Concluiu e saiu do quarto.
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Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...