Capítulo 107

1K 76 4
                                    

Anahí e Megan pouco se falaram durante a semana. Num acordo velado, decidiram se ignorar para evitar aborrecimentos desnecessários. Seus encontros eram bastante pontuais: Na hora das refeições e das medicações, quando Megan também aproveitava para ver como estava a costela e o pulso de Anahí. O banho, felizmente, ela já conseguia tomar sozinha, recebendo a ajuda da morena apenas para retirar a faixa torácica comprada há alguns dias.
Naqueles sete longos dias, fora as idas ao banheiro, Any saiu do quarto apenas cinco vezes. As saídas da casa eram ainda mais raras – apenas uma. Megan aconselhou que ela não se esforçasse e que se mantivesse deitada o máximo de tempo possível. Repouso. Eis uma palavra que lhe causava repulsa. Anahí não conseguia ficar parada muito tempo, volta e meia se pegava caminhando pelo quarto, observando o movimento das nuvens pela janela, enquanto seu pensamento voava. 

Anahí: "Amor e amizade. São eles que nos fazem ser quem somos e podem nos mudar, se deixarmos". – Any abandonou a cabeça no travesseiro, juntando mais um livro à pequena pilha que estava sobre o criado mudo. As últimas palavras que acabara de ler ecoaram em sua mente, transpassando seus lábios. – 'Se deixarmos' – Repetiu. Ela havia deixado, afinal.

Any contava as pequenas fissuras no teto de madeira quando Megan entrou no quarto, trazendo os analgésicos e antiinflamatórios. Sem nenhuma palavra, ela entregou um copinho com as cápsulas para Anahí.

Anahí: Obrigada. – Meg assentiu e ela tomou os remédios.

Megan: Já disse para se sentar devagar, Anahí.

Anahí: Tudo bem. Não sinto dor. Essa faixa tem ajudado bastante. 

Megan: Ainda assim. – Disse, no tom entediado de sempre – Algum desconforto nos dedos?

Anahí: Não. – Respondeu, vendo-a segurar seu pulso engessado. 

Megan: Se sentir qualquer coisa, me chame. – Avisou, virando-se de costas e saindo do quarto. 

Anahí: Megan?

Megan: Hm? – Resmungou, sem se dar o trabalho devirar-se para olhá-la.

Anahí: Alfonso vem hoje? – Anahí ouviu uma risada ríspidaescapar dos lábios da outra.

Megan: E ela continua acreditando num 'felizes para sempre'.Lamentável. – Murmurou, talvez com a intenção de que Anahí não ouvisse, o quenão aconteceu.

Houve um pequeno silêncio depois daquelaspalavras. Não. Ela não acreditava num 'felizes para sempre', mas elaesperava que pudesse ser feliz agora

Anahí: Se me conhecesse um pouco, saberia que eu não acreditoem 'para sempre'. – Ela ouviu Megan respirar fundo e, aos poucos, amorena girou o corpo e voltou a encará-la. 

Megan: É, Anahí, mas eu não conheço. Aliás, acho que ninguémconhece. Você é uma farsa. E eu realmente espero que o Alfonso não caia no seuteatrinho outra vez. – Anahí estreitou os olhos e a observou, em silêncio, porlongos segundos. 

Anahí: Claro. – Concordou – Você espera que ele caia no seu.– Sorriu – Mas, de qualquer forma, obrigada por bancar a enfermeira. – Megarqueou os lábios, enrugando a testa.

Megan: De nada. – Respondeu. E se um olhar pudesse mesmomatar, Anahí teria morrido naquele exato momento. – Ah, e a propósito, ele nãovem hoje. – Concluiu e saiu do quarto. 

Let Me GoOnde histórias criam vida. Descubra agora