Foi com muita dificuldade que ela levantou e, inutilmente, tentou correr na direção oposta daquele som. Menos de um minuto depois e ela foi obrigada a parar, sua costela parecia querer quebrar ao meio, por isso ela se escondeu. Encolhida atrás de uma árvore, as mãos pressionando a cintura.
Mas chegando perto, Alfonso pôde ouvir os baixos gemidos e a respiração pesada de Anahí.
Alfonso: Anahí... – Ele meneou a cabeça, perturbado.
Ela, que estava de olhos fechados, não o encarou. Continuou ali, sentada no chão, esperando que a dor passasse.
Alfonso: Que merda. – Disse, arfando, dando alguns passos até ela. – Você só pode estar louca, Anahí. Meu Deus! – E ele não sabia se gritava com ela ou se se preocupava com o estado em que estava. – O que... Merda! O que está sentindo? – Ele preferiu se preocupar, abaixando ao lado dela.
Anahí: Já-vai-passar. – Respondeu pausadamente.
Alfonso: Vamos voltar pra casa.
Quando Alfonso ameaçou tocar nela, ela levantou.
Anahí: Eu não vou voltar! – Afirmou.
Alfonso: O que? O que você pensa que está fazendo? – Ele parou ao lado dela, segurando seu braço – Você vai voltar comigo agora! – E a irritação dele era nítida.
Anahí: Não, eu não vou.
Alfonso: Anahí, essa não é uma opção. Você vai.
Anahí: Não, Alfonso. – Rebateu. A dor que ela sentia agora era certamente bem menor do que a sua teimosia.
Alfonso sentiu vontade de jogá-la nos ombros e levá-la de volta para a casa, arrastá-la pelos cabelos também seria uma boa opção.
Alfonso: Anahí, – Ele respirou fundo, procurando manter o controle – escuta, será que não percebe que não está em condições de ir embora agora?
Anahí: Você está errado. Eu não estou em condições de ficar, Alfonso. Isso está me matando! Eu só quero virar a página. Que droga!
Alfonso: O que está te matando?
Anahí: Tudo isso! – Ela abriu os braços – Você, Andrew, Megan!
Alfonso: O que? – Questionou, ultrajado. – Nós estamos tentando ajudar você, caramba!
Anahí: Nós. – Ela riu – Alfonso, uma pergunta, o que você tinha na cabeça quando pediu a ajuda da Megan? – E agora era ela quem estava irritada. – Aquela mulher me odeia! O que faz você pensar que ela não vai me entregar? Você é maluco!
Alfonso: Espera aí! – Gargalhou, incrédulo – Meg é minha amiga e eu confio nela.
Anahí: Amiga? – Gralhou – Ai, pelo amor de Deus! Ela nunca quis ser sua amiga! – E ali Anahí estava explodindo, colocando para fora todos aqueles sentimentos abafados por tanto tempo. E como uma avalanche, ela não pararia. Sem pensar, devastando o que tivesse pela frente, uma vez que ela começou a falar, ela não conseguiria parar. – Desde a primeira vez que ela me viu, ela me odiou!
Alfonso: Você enlouqueceu!
Anahí: Não! Eu não enlouqueci! Você sabe disso, Alfonso! – Céus, ela estava gritando – Sabe que ela quer você, sabe que eu sou uma pedra no caminho dela.
Alfonso: Ah, você é? – Ele cruzou os braços, surpreso e afrontado com o surto de Anahí.
Anahí: Sou. – Disse, firme – Sou porque o que nós vivemos ainda grita aí dentro de você, grita dentro de mim.
Embora a escuridão não permitisse que ela o visse com clareza, Anahí notou a mudança na feição dele. Alfonso sentiu a saliva descer rasgando a garganta, sua respiração acelerou, os lábios tremeram. Tremulara diante do que acabara de ouvir.
Alfonso: Nada do que nós vivemos foi real. – Disse baixo.
Anahí: Não? – Ela arqueou a sobrancelha. E, em um segundo, deu dois passos, segurou o rosto de Alfonso e grudou os lábios nos dele.
A princípio não houve resposta. Mas logo a apatia de Alfonso sumiu e ele deixou que seus instintos - para não dizer seu coração - falassem.
Descruzando os braços, ele envolveu a cintura de Anahí e recebeu a língua dela que o procurava saudosa.
Ali o resto do mundo sumiu, todos os problemas perderam a importância. Como dois loucos, eles se consumiam. Os lábios sôfregos matando todo o desejo e a saudade reprimida.
Alfonso afundara os dedos nos cabelos dela, puxando-os enquanto mordia-lhe o lábio, sugando-o. Ela apertava as costas largas de Herrera, grudando-se ainda mais a ele, sentindo o perfume que lhe fazia tanta falta. Aquele era o seu homem e naquele beijo ela percebera que ela ainda era a mulher dele. Aquela que ele ainda amava, ainda desejava, ainda sentia falta. E, deixando todo o altruísmo de lado, ela sentia uma tremenda vontade de lutar por ele.
O beijo durou longos minutos, ela entregue nos braços dele. Braços que a seguravam com força. Quando se separaram, ambos estavam ofegantes. Nenhum dos dois teve coragem de dizer nada, tampouco se soltaram. Até os olhares estavam presos um ao outro. E quanta coisa uma simples mirada poderia dizer. Coisas que talvez eles não soubessem decifrar, mas que ainda assim estavam ali, sendo ditas em silêncio.
"There's gotta be a better way for me to say what's on my heart without leaving scars
Deve haver uma maneira melhor para eu dizer o que está no meu coração sem deixar cicatrizes.
So can you hear me when I call your name?
Você consegue me ouvir quando eu chamo o seu nome?
There's so much to be said
Há muito para ser dito
And with a broken heart your walls can only go down but so low
E com o coração partido suas palavras conseguem apenas se rebaixar, mas tão baixo
Can you hear me when I call your name?
Você consegue me ouvir quando eu chamo o seu nome?"
VOCÊ ESTÁ LENDO
Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...