Capítulo 133

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– Eu não sei! Eu estou desesperada! Mas que merda!

Anahí abriu os olhos devagar, suas mãos tatearam o tecido macio que envolvia seu corpo. A luz fraca do abajur projetava algumas sombras nas paredes daquele quarto que ela nunca havia visto antes. Quando tentou levantar o pescoço, Any sentiu seus músculos tensos e uma dor aguda na base da cabeça.

– Vamos atrás dele, por Deus! 

– Eu vou, você fica aqui.

A conversa no andar de baixo havia despertado a atenção de Anahí. Ambas as pessoas estavam exaltadas e, embora ainda estivesse meio zonza, ela sabia exatamente do que estavam falando. 

– Eu vou com você! Não vou ficar aqui com aquela idiota! Eu vou matar aquela garota! – A mulher gritou, enfurecida.

– Megan, ela não tem culpa... – Oh sim, claro. Anahí sabia que conhecia aquela voz de algum lugar, talvez só estivesse atordoada demais para reconhecê-la.

Megan: Não tem culpa? Ah claro, realmente não é por causa dela que toda essa merda está acontecendo! – Ironizou.

– Meg...

Megan: Andrew, pare de defender aquela garota! Você sabe que o melhor seria se o Poncho tivesse deixado aquela imbecil na cadeia.

Andrew não respondeu, ou, se respondeu, Anahí não conseguiu ouvi-lo. Mas, depois de alguns segundos, ela entendeu o que havia acontecido. 

Megan: Meu Deus...

– Onde ela está?

Andrew: Cara...

– Onde ela está? – Perguntou, dessa vez mais alto e impaciente.

Aquela voz ela reconheceria em qualquer situação. Imediatamente, Anahí se colocou de pé. Demorou um tempo até que sua cabeça parasse de girar e ela conseguisse caminhar sem dificuldade. Empurrando a porta do quarto onde estava, ela deu alguns passos rápidos pelo corredor. Logo avistou a escada, e, no meio dela, ele.

Alfonso estava com o maxilar cerrado e os olhos comprimidos. Seu rosto estava sujo de terra e sangue, tinha também alguns cortes espalhados pela pele e manchas vermelhas em diversos pontos. Sua roupa estava igualmente suja e ensanguentada. 

Anahí: Poncho... – Ela encarou seus punhos cerrados e os esfolados nos nós de seus dedos – O que foi que... Como... Como você está? – A pergunta receosa e sussurrada não teve resposta. Ele apenas continuou a encará-la. A expressão mórbida e os olhos frios perdidos no rosto de Anahí.

Descendo alguns degraus, ela chegou mais perto dele. Alfonso não se moveu. Mas, no instante em que Any tentou tocar seu rosto, ele segurou-lhe o pulso no ar, impedindo que ela continuasse.

Anahí: Poncho, me deixe explicar. – Pediu, a voz embargada e a maldita vontade de chorar presente.

Megan: Garota, se toca! – Megan interrompeu, subindo as escadas e segurando o braço de Alfonso – Já não basta toda a merda que você fez? Deixa ele em paz!

Andrew: Megan! – Repreendeu. Desviando de Alfonso e Megan, Andy parou ao lado de Anahí – Any, é melhor você subir. 

Anahí: Eu não vou subir, eu vou ficar aqui e ajudar o Pon...

Alfonso: Eu não preciso de qualquer ajuda que venha de você. – Rosnou, a voz falha e áspera. 

Depois daquela frase curta e carregada, Alfonso voltou para a sala com Megan em seu encalço.

Anahí: Andrew, eu...

Andrew: Olha, Any, esse não é o momento. Ele não vai ouvir você agora. O Poncho parece fora de si. – Andy olhou para baixo, Alfonso e Megan haviam sumido de vista. – É melhor você subir e ficar no quarto por enquanto. Deixe ele descansar, tomar um banho, e colocar a cabeça no lugar.

Anahí: Onde é que estamos?

Andrew: Na minha casa.

Anahí abaixou os olhos.

Anahí: Não deveriam ter me trazido pra cá. Vocês estão se envolvendo demais...

Andrew: Não havia outro lugar para ir, Any. E você e o Poncho são meus amigos, não poderia deixá-los desamparados.

Anahí: Obrigada. – Ela segurou as mãos de Andrew – Embora eu ache que não mereça tanto. 

Andrew: Sei que você é uma boa pessoa, Anahí. Embora eu ache que você tem uma habilidade nata para meter os pés pelas mãos, sei que você ama o Poncho. 

Anahí: Acho que ele já não tem tanta certeza disso. 

Andrew: Mas não é agora que você vai conseguir provar qualquer coisa. 

Anahí: Será que algum dia eu vou conseguir provar alguma coisa? – Antes que Andrew respondesse, ela continuou – Vou ficar no quarto, vai ser melhor pra ele que eu não esteja por perto por enquanto. 

Andrew: Eu vou tentar conversar com ele. Não quero deixá-lo sozinho com a Megan agora. Ela está furiosa demais. 

Anahí: Apenas certifique-se de que ele vai ficar bem.

Andrew: Vou me certificar de que vocês dois fiquem bem. –Anahí assentiu, dando um rápido abraço em Andrew, e então voltou a subir as escadas. 

Abandonando seu corpo sentado sobre a cama, ela enterrou os dedos nos cabelos e se permitiu chorar, mais uma vez. 

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