Capítulo 12

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Alfonso: Não chora. – Pediu um tanto atordoado, quando ao piscar os olhos uma lágrima escorreu pela bochecha de Anahí.

Anahí: Me desculpe, Alfonso. – Levou as mãos ao rosto, secando-o. – Eu estou nervosa... E-eu...

Alfonso: Tudo bem, vem, senta aqui. Vamos conversar. – Alfonso pegou a cerveja que ela segurava, deixando-a sobre a mesinha de centro. Em seguida, sentou-se e, segurando uma das mãos de Anahí, a puxou para o seu lado.

Anahí: Pode dizer, é idiota eu estar chorando aqui na sua frente. – Dramatizou.

Alfonso: Não é idiota, Giovanna. Imagino como essa semana deve ter sido complicada. Se quiser podemos falar sobre isso. – Sorriu sincero. Poncho podia ser um tanto debochado e rancoroso, mas ele sabia a hora que devia deixar isso de lado e exercer o seu lado mais atencioso. Ele era, por natureza, uma pessoa protetora, e ver Giovanna tão frágil a sua frente o desarmara.

Anahí: Não quero ocupar o seu tempo com os meus problemas.

Alfonso: Tudo bem. Eu não ia fazer nada mesmo. – Riu.

Anahí: Ah não? E está vestido para matar por quê? – Sorriu moleca. 

Alfonso: Para arrancar esse sorriso aí do seu rosto. 

Anahí: Tá, eu me sinto ainda mais idiota. – Respondeu sem jeito, secando a lágrima que ameaçava cair de seus olhos.

Alfonso: Ah para. – Levou as mãos até o rosto dela – Você fica mais bonita sorrindo. Vai, abre aquele sorriso outra vez. – Ela rolou os olhos – Anda! Estou esperando. – Anahí curvou a boca, mostrando os dentes num sorriso forçado – Assim não. – Repreendeu – Olha, eu vou colocar essa cerveja para gelar, porque eu não me lembro qual parte do trato dizia que você me pagaria uma cerveja quente – Disse divertido – Depois vou pedir alguma coisa pra gente comer, e então vamos conversar e você vai me contar o que aconteceu nessa semana.

Anahí: Você não precisa me ouvir, Alfonso. É sério.

Alfonso: Eu não preciso, mas eu quero. – Ele levantou – Pizza ou comida chinesa?

Anahí: Pizza.

Alfonso: Certo. – Assentiu, partindo para a cozinha. 

Enquanto Alfonso colocava a cerveja na geladeira, Anahí corria os olhos, atenta, por cada canto daquela sala. Os móveis uniam grafite e branco, num design moderno e harmonizavam perfeitamente com o piso escuro e as cortinas claras. À direita ela avistou um corredor. Deduziu que a porta fechada ao fundo era o quarto de Alfonso. Aguçando os ouvidos, ela o ouviu falar ao telefone, certamente com o atendente da pizzaria. Teria um minuto. Rapidamente, ela se levantou, aproximando-se do corredor. Virando o rosto, viu Alfonso de costas, na cozinha, na outra extremidade da sala. 

Anahí deu dois passos á frente, e pôde ver mais três portas fechadas no corredor retangular. Escritório, quarto de hóspedes e banheiro, concluiu. E antes que Herrera voltasse para a sala, ela já estava sentada no sofá outra vez.

Alfonso: Pedi metade calabresa, metade quatro queijos, tudo bem?

Anahí: Claro. 

Alfonso: Mas e aí? – Sentou-se ao lado dela.

Anahí: E aí que eu estou me perguntando de onde surgiu todo esse seu lado atencioso. – Brincou.

Alfonso: Eu sou atencioso. – Deu de ombros – E não há nenhuma segunda intenção por trás disso. – Continuou, ao ver o arquear da fina sobrancelha de Anahí. 

Anahí: Eu nem disse nada.

Alfonso: Mas pensou.

Anahí: É, pensei.

Alfonso: Sabia! – Riu – Vocês mulheres sempre levam as coisas para um outro lado.

Anahí: Isso não é verdade.

Alfonso: Não? Claro. Nunca. Nós homens é que falamos tudo com uma conotação altamente sexual. 

Anahí: Temos culpa se a maioria dos homens é assim? Vamos, Alfonso, você sabe que é verdade.

Alfonso: Tudo bem... – Meneou a cabeça, pensativo – Então você é daquelas pessoas que não acreditam em uma sincera amizade entre homem e mulher? – Difícil responder quando se é uma pessoa que mal acredita em amizades. 

Anahí: Não sei. – Respondeu. – Você seria capaz de me provar que existe? – Alfonso balançou a cabeça, com um sorriso de canto.

Alfonso: Ora, Giovanna, você sabe que a minha intenção com você nunca foi a de uma bela amizade. Logo, não seria justo com o resto dos homens deixar em minhas mãos o poder de te provar isso. – Soltou sincero – Mas, veja bem, isso não significa que eu esteja sentado aqui, ouvindo você porque quero te levar para a cama.

Anahí: E não quer? – Ela suspendeu a sobrancelha.

Alfonso: Quero. Mas em outras circunstâncias.

Anahí: Já te disse que a sua sinceridade é assustadora?

Alfonso: Acho que foi por causa dela que eu ganhei uma cerveja – Lembrou em meio a uma risada. Eu diria que Alfonso era, na verdade, uma pessoa bastante direta. Sinceridade seria uma palavra forte demais. Ele era, sim, sincero quando se tratava de expor suas ideias, mas quando falamos de sentimentos a história mudava um pouco de figura. Não porque ele mentisse, Alfonso odiava mentiras, mas ele pecava ao omitir de si próprio certas emoções. Emoções ligadas ao passado, ligadas a ela: Dulce María. Nesse ponto ele não era sincero com ninguém, nem consigo mesmo.

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