Foi com certo esforço que Maite cumprimentou Meg. Ela nunca gostou ou confiou o suficiente nela, tanto que achara uma tremenda loucura a atitude de Poncho de tê-la escolhido como cúmplice. O que também exigiu certa porção de atuação foram as perguntas de Megan. Perguntas que Maite não sabia responder.
Megan: Por que ele não pôde vir?
Maite: Porque precisou resolver umas coisas no trabalho. – Deu de ombros, tentando parecer despreocupada.
Megan: Algo a ver com a garota? – Maite estreitou os olhos.
Maite: 'A garota'?
Megan: Anahí.
Maite: Não. Não tem nada a ver. – A rispidez era nítida em sua voz – Está tudo bem, ele só não teve como vir comigo. – Continuou, depois de puxar uma golfada de ar – Agora eu quero ver a Any. Ela está lá em cima?
Megan: Sim. Eu te acompanho.
Maite: Não precisa. – Sorriu e, por mais que tentasse, aquele sorriso revelou-se extremamente falso – Qual quarto?
Megan: Segunda porta. – Respondeu, depois de alguns segundos digerindo a aspereza mal escondida de Maite.
Maite assentiu, agradecendo, e subiu as escadas.
Entrando no quarto, encontrou Anahí cochilando. O barulho da porta sendo fechada a acordou.
Maite: Ops, desculpa, não queria te acordar.
Anahí: Maite! Nossa! – Sorriu, sincera, um tanto surpresa.
Maite: Não sabia que eu vinha? – Num instante ela já estava sentada na beirada da cama. – Posso te dar um abraço ou isso vai te quebrar no meio? – A surpresa e a comoção nos olhos de Anahí aumentaram consideravelmente.
Anahí: Claro que pode! – Se adiantou e a abraçou. Deus, naquele momento ela percebeu que sentia falta de Maite, talvez a única amiga que fizera em toda a vida. E era uma saudade sincera, aplacada pela alegria de vê-la ali.
Maite: Nossa, Anahí! Temos tantas coisas para conversar!
Anahí: Temos mesmo. – Concordou – Preciso te pedir desculpas por tantas coisas. – Maite sorriu, apertando a mão de Any.
Maite: E eu não tenho? Queria ter ido ver você no hospital depois de tudo o que aconteceu, mas aquele policial chato não me deixou entrar no quarto... Eu queria ter estado do seu lado para te dar força.
Anahí: Mesmo depois de tudo o que eu fiz? – Pigarreou, a voz baixa e insegura – Maite, até que ponto você sabe de todas as coisas que eu fiz?
Maite: De Giovanna a Anahí, Alfonso me contou tudo. Muito a contragosto e depois de uma boa dose de álcool. – Esboçou um sorriso.
Anahí: E não sente raiva de mim?
Maite: Senti... Por alguns dias. Mas quando você foi parar no hospital, tudo se dissipou. Eu não sei... Acho que no fundo eu não consegui aceitar que aquela mulher que eu conhecia simplesmente não existia. E conforme Alfonso me contava o que ia acontecendo, eu fui percebendo que existia muito da Giovanna na Anahí. Embora nem ele percebesse... Por que outro motivo você se entregaria e se sujeitaria a tudo o que passou na cadeia, senão para se castigar? – Anahí abaixou os olhos. Certamente aquele não era o principal motivo, mas não podia ser descartado. Quase inconscientemente ela tentara se castigar, como se tentasse arrumar um modo de pagar por todas as dores que seus erros causaram. – Não estava tentando proteger o seu... Pai, estava?
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Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...