Capítulo 61

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Decepção. Era só isso que ela conseguia vislumbrar no olhar dele. Já as feições rígidas e os lábios levemente arqueados mostravam desprezo.

Alfonso: Anahí... – Disse frio, parando em frente à mesa em que ela estava. Ian e Christopher haviam ficado alguns passos atrás – Tem um minuto?

Anahí: Claro. – Respondeu, colocando-se de pé. – Com licença. – Pediu ao outro e acompanhou Alfonso.

Com um leve sinal de mãos ela avisou a Paul, encostado na bancada do bar, o que estava prestes a acontecer.

Em silêncio eles caminharam para fora da boate, onde dois carros da polícia estavam estacionados. Ian e Christopher foram para os carros, e então ficaram só Alfonso e Anahí, frente a frente, os olhares fixos e indecifráveis. 


Sugestão de música para a cena: Down - Jason Walker

https://www.youtube.com/watch?v=DXs8Cv8U02k




Alfonso sinceramente não sabia por onde começar. Talvez despejando toda a decepção e exigindo milhares de explicações que ela não poderia dar, ou agindo como o detetive que viera atrás de uma criminosa.

Anahí: Suponho que tenha descoberto tudo. – Começou, abaixando o rosto e quebrando a conexão que existia naquela troca de olhares.

Alfonso: Suponho que você queira se explicar.

Anahí: Diga o que você está pensando e eu digo se está certo. – Respondeu. Ela também não sabia ao certo como agir.

Alfonso: Não sou homem de joguinhos, Anahí. Eu não jogo com as pessoas. – Disse duro e ela o encarou.

Anahí: Okay. – Ela respirou fundo. Anahí só precisava dizer que não sabia quem Alfonso era quando o conheceu. Fingir que não sabia das provas, que nunca chegara perto do seu escritório. Mas não foi isso o que ela fez. – Eu roubei as provas do seu apartamento.

Alfonso: Disso eu já sabia.

Anahí: Mas agora você tem uma confissão.

Alfonso: E eu posso te prender por isso.

Anahí: Então prenda, Alfonso. Porque quando eu tive a oportunidade de ferrar a sua vida, eu não hesitei. Eu entrei na sua vida, eu te usei, e tudo isso por conta própria. Pedro não sabia de nada.

Anahí queria mantê-lo longe de Pedro. Acreditava que se não estivesse atrás de Damián, Alfonso não correria perigo. E era pela vida dele, do homem que amava, que ela mais temia. 

Alfonso: Ah, ele não sabia? – Questionou debochado, um tanto descrente – Se é assim, você é pior do que eu pensava.

Anahí: Eu sou muito pior, Alfonso. Você não me conhece, nunca conheceu. – Mentiu. Era isso. Anahí queria que ele sentisse raiva dela. A raiva disfarça a dor. Assim ele sofreria menos. Ou ela pensou que sofreria.

Alfonso: Então foi tudo mentira? Nada daquilo foi real? – Perguntou, deixando, por um segundo, toda a frieza de lado. Mostrando para ela o quanto estava ferido.

Anahí: Foi. – Afirmou. – Quer dizer, nem tudo. Os orgasmos que tive com você foram reais. Você é mesmo bom de cama. – Ela viu as pupilas de Alfonso dilatarem de raiva, ao mesmo tempo em que a mão dele vinha em direção ao seu rosto, para depois atingi-lo com força. O tapa estalado fez a cabeça de Anahí tombar para o lado, os cabelos dançaram no ar.

Ian: Poncho! – Ian saiu do carro, preocupado. Alfonso não podia perder a cabeça.

Alfonso: Tudo bem. – Respondeu baixo, respirando fundo. – Leve ela. Temos uma confissão.

Ian algemou Anahí e a colocou no carro. Ela não hesitou. Com os olhos baixos, ela sentia a bochecha latejar pelo tapa e o coração sangrar pelo ódio que viu nos olhos dele. Um ódio que não passaria tão cedo. 

E era assim que ela o amava, sempre se sacrificando para tentar poupá-lo. Uma pena que ele jamais entenderia, não enquanto ela não tentasse explicar.


"I shot for the sky, I'm stuck on the ground

Eu atiro para o céu, eu estou preso no chão

So why do I try? I know I'm gonna fall down

Então, por que eu tento? Eu sei que vou cair"




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