Capítulo 112

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O cheiro que veio da cozinha fez o estômago de Anahí roncar. Ela desceu as escadas e encontrou Megan mexendo em uma panela no fogão.

Anahí: Precisa de alguma ajuda?

Megan: Não. – A outra respondeu bastante concentrada no molho que fazia.

Anahí: Ahm... Tem certeza? Posso adiantar as coisas arrumando a mesa ou...

Megan: Não precisa. – Cortou-a.

Anahí: Tudo bem. – Any ergueu as mãos em rendição e caminhou até a varanda. 

Sentou-se na cadeira de descanso e abraçou os joelhos, puxando-os para cima da cadeira. O sol brilhava forte naquela manhã e uma suave brisa chacoalhava as folhas das árvores. Anahí se perdeu por um tempo olhando o vai e vem de dois pássaros que pareciam dançar no ar. Foi desperta pelo barulho do carro que chegava. Megan, muito mais rápida que ela, saiu como um furacão pela porta, passando pela varanda e se atirando em Alfonso no exato momento em que ele saía do automóvel. Ridícula, exagerada, patética.

Anahí rolou os olhos e encheu os pulmões de ar antes de levantar e resolver caminhar até eles. Olhando para Maite, soltou uma risada muda. A morena rolava os olhos e fazia uma careta nada discreta.

Megan: Estava com saudades, Poncho. Nossa! – Dizia, ainda pendurada no pescoço dele. Alfonso retribuía o abraço, embora com muito menos intensidade.

Maite: Oi, Any! – Sorriu para Anahí e, ao abraçá-la, sussurrou – Juro que não sei como você aguenta passar 24 horas do dia com ela. Eu acho que já teria cometido suicídio... Ou assassinato, talvez.

Anahí: Juro que já pensei nas duas possibilidades. Na segunda mais do que na primeira. – Brincou.

Quando Maite soltou Anahí, ela viu que Alfonso a olhava por cima dos ombros de Megan que, segurando as mãos dele, falava um bocado de coisas que certamente ninguém ali estava ouvindo. Any sorriu e recebeu um sorriso discreto em resposta. 

Megan: E então, Poncho? O que você acha?

Alfonso: Desculpa, Meg, o que eu acho do que mesmo?

Megan: Você ouviu alguma coisa do que eu falei? – Soltou-o.

Maite: Ai, gente! – Interrompeu – Estou com fome! Vamos entrar? 

Maite praticamente agarrou Megan pelo braço e a arrastou para dentro. Enquanto ela tentava dizer alguma coisa, Mai se interpunha dizendo tantas outras que era impossível que Meg completasse sequer uma frase. Com um sorriso frustrado e o olhar em chamas, ela deixou que a irmã de Herrera a levasse para dentro. Não contrariaria Maite. Porque sabia que se ganhasse pontos com ela, automaticamente ganharia pontos com ele.

Alfonso: E aí? – Anahí, que até então olhava para as duas entrando na casa, virou o rosto para ele. 

Anahí: Sem gesso. – Ergueu o braço esquerdo – Costela 100%. Acho que estou bem. – Any se pegou enrolando o dedo freneticamente na ponta do cabelo. Estava nervosa?

Alfonso: Fico feliz que esteja melhor. – Sorriu – Eu...

Anahí: Posso? – Interrompeu-o, abrindo os braços. Precisava abraçá-lo.

Alfonso: Claro, Anahí! – Poncho rolou os olhos com a resposta tão óbvia e, ainda sorrindo, puxou-a para um abraço.

Inevitavelmente o coração dela disparou quando envolveu a cintura dele com os braços. Alfonso fez o mesmo, apertando-a junto a si, e ela pôde repousar o rosto em seu peito, sentindo o ir e vir de sua respiração e aspirando aquele perfume tão singular, tão deliciosamente dele.

Ela sentiu uma das mãos de Poncho deslizando pelas suas costas até chegar à sua nuca. Os dedos dele adentraram seus cabelos, começando um carinho gostoso, e ela permitiu que seus olhos fechassem e um leve suspiro escapasse de seus lábios. Estar nos braços dele era como estar em casa. O lar que nunca tivera. 

Alfonso: Está com fome? – Perguntou depois de algum tempo em silêncio. Ela negou, mantendo o corpo colado ao dele. – Não?

Anahí: Não. – Murmurou.

Alfonso: Então acho que podemos dar uma volta. 

Alfonso se afastou um pouco de Anahí, mas, antes que ela pudesse se lamentar mentalmente pelo contato desfeito, ele segurou sua mão. 

Alfonso: E aí? Sim? Não?

Anahí: Para onde quiser. – Assentiu, tentando controlar aquele sorriso bobo que insistia em estampar o seu rosto. Que ela havia virado uma boba apaixonada ela já sabia, no entanto, isso não precisava ficar assim, tão escancarado. 

Alfonso abriu a porta do carro e fez sinal para que ela entrasse.

Anahí: Pensei que quando disse 'dar uma volta' quisesse dizer tipo 'dar uma volta pelo jardim'.

Alfonso: Você disse para onde eu quiser, não disse?

Anahí: É, eu disse.

Alfonso: Então? – Ele inclinou a cabeça. 

Antes de entrar no carro, por impulso, loucura, saudade, ou tudo isso misturado, Anahí segurou o rosto dele entre as mãos, encarando-o. 

Anahí: Senti a sua falta, Poncho. De verdade. – Disse, e pode sentir seu corpo inteiro estremecer tamanha intensidade com que aqueles olhos verdes a fitavam. 

Alfonso: Eu também, Any. Senti saudades. – Alfonso esticou a mão, colocando uma mecha do cabelo dela para trás da orelha. E, muito devagar, inclinou o rosto e pousou os lábios na testa de Anahí. Ela fechou os olhos, o coração perdendo um compasso. – Vamos? – Perguntou, depois de afastar os lábios da pele dela. 

Ela assentiu e tomou o seu lugar no carro. Alfonso entrou logo em seguida. Deu partida, ligou o rádio e arrancou estrada afora.

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