Capítulo 43

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Embora agisse com toda aquela indiferença, a verdade é que a presença de Anahí mexera muito com ele. Sua cabeça estava a mil, ele queria ouvir o que ela tinha a dizer, mas o orgulho não deixava que ele a tratasse de outra forma.

Já ela queria que ele entendesse o porquê de todas as suas atitudes, o que era extremamente difícil se ele não soubesse de toda a verdade. Opção que sequer fora cogitada.

Enquanto dançava com a tal loira, os olhos de Alfonso fugiam, discretos, procurando por Anahí. Ela sentara num dos bancos e escorara no balcão, nitidamente frustrada. Sem muito vestígio da antiga Anahí, ela não sabia como agir ou como se aproximar dele. Parecia muito mais fácil quando sentimentos não estavam envolvidos, e, de fato, era. É mais fácil raciocinar quando o coração não atrapalha a razão. Mas o que Anahí não percebia é que, naquele momento, o melhor a fazer era abandonar a razão e deixar que o coração falasse.

– Psiu! – Anahí virou o rosto, o barman, sorrindo, lhe chamava. – Tão linda e tão triste.

Anahí: Isso é uma cantada? – Ela arqueou a sobrancelha, encarando o estranho e simpático rapaz.

– Me chamo Mark. – Ele estendeu a mão.

Anahí: Giovanna.

– Não é daqui, certo?

Anahí: Não. Nova Iorque.

– Hm... Veio atrás dele, é?

Anahí: Como?

– Do Poncho. – Ela estreitou os olhos, confusa. – É meu primo. – Claro. Havia algo sobre dois primos na ficha que Christian levantara de Alfonso – Eu ahm... Meio que vi a cena.

Anahí: Que cena?

– A surpresa dele em te ver, a forma como ele te ignorou e te largou na pista de dança.

Anahí: Ah... Fui rejeitada na frente de todos. Ótimo.

– Só um idiota rejeitaria alguém como você.

Anahí: Não se eu for mais idiota do que o idiota.

– Hm, então você fez algo grave...

Anahí: É. Eu fiz.

– E veio até aqui para consertar?

Anahí: Para tentar.

– E vai tentar ficando parada aqui? – Ela riu.

Anahí: De um cara tentando me cantar você passou para o status "ombro amigo", é isso?

– Eu nem tentaria cantar você, vendo a maneira como você olha pra ele. É uma batalha perdida e meu orgulho não me deixa entrar em batalhas perdidas.

Anahí: Esperto. Ah droga. – A banda começou a tocar a próxima música – Essa música não. – Anahí fechou os olhos e as lembranças, sem dó, a atacaram.


Música da cena: Marianas Trench (feat. Kate Voegele) - Good To You

(https://www.youtube.com/watch?v=4h_Gde6XB9E)


"Anahí: Deus, eu amo essa! – Disse, virando o rosto para encará-lo.

Em meio ao jogo de luzes, ela viu que ele a olhava. Aquela garota era tão singular aos seus olhos. Um misto de sim e não, de sedução e inocência. Ela parecia a materialização da antítese. Algo que ele não conseguia decifrar e que de certa forma o encantava. Definitivamente, havia algo nela que o fascinava. Talvez porque, no fundo, os dois fossem exatamente iguais.

Anahí: O que? – Ela perguntou, presa naqueles olhos.

Alfonso sorriu antes de tocar o rosto dela e, enlaçando sua cintura, ele a virou para si. Surpresa, ela sentiu seus corpos se chocarem. Ele não esperou, segurando-a pela nuca, ele tomou sua boca num beijo cheio de pressa. Rápido, violento, quente.
Enquanto seus lábios se misturavam naquele beijo desesperado, as mãos de Alfonso agarravam os cabelos castanhos, puxando-os levemente. Anahí sentia seu corpo cada vez mais quente, contrastando com a grade fria que tocava suas costas.
De repente a música parecia baixa, apenas um fundo musical que ritmava ambos os corações. Cada vez mais rápido, mais envolvente.

Alfonso: O que há em você? – Ele disse ao ouvido dela, e a proximidade permitiu que ela o ouvisse apesar de todo o barulho – O que há em você que me deixa dessa maneira? Que me faz querer cada vez mais."


– O que tem essa música?

Anahí: Bobagem. – Suspirou – Acho que estou no limite da decadência. – Riu sem vontade. Mas Alfonso a alguns passos dali havia sido arrebatado da mesma maneira que ela. O show, os beijos, a entrega, a primeira vez que foram um só.

Alfonso parara de dançar, deixando a loira sozinha e caminhando até o balcão na extremidade oposta em que Anahí estava. Os olhos dele mantinham-se vidrados no copo que segurava, e os dela mantinham-se vidrados nele.

Foi aí que ela mandou toda a razão ao inferno e deixou que seu coração falasse. Decidida, ela subiu no palco. A banda interrompeu a música e ela agarrou o microfone até então na mão do cantor.



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