Anahí: Você... Meu Deus, Rodrigo, você está me propondo que eu fuja com você? – O estado de torpor em que Anahí se encontrava desapareceu assim que ela ouviu a proposta de Rodrigo.
Rodrigo: Por que isso te parece tão absurdo?
Anahí: Porque é! O Pedro nos encontraria até no inferno.
Rodrigo: Duvido muito que ele poderá nos encontrar.
Anahí: Por que acha isso?
Rodrigo: Aceite o acordo e então eu te digo tudo o que quiser saber.
Anahí ficou quieta, encarando as próprias mãos. Dentre todas as coisas que se emaranhavam, confusas, em sua cabeça, uma era sobressalente. Alfonso. Acima do desejo de justiça, acima da dor da descoberta do assassinato dos seus pais, acima do medo e de toda a raiva, estava ele. Ele e aqueles dias que passaram juntos. Ele e aqueles olhos verdes. Ele e todas as vezes que dissera que a amava. E foi pensando nele que ela respirou fundo e voltou a encarar Rodrigo.
Anahí: Tudo bem. – Concordou – Mas eu tenho algumas condições.
Rodrigo: É justo. – Gesticulou para que continuasse.
Anahí: Vou com você assim que você me entregar toda e qualquer prova que denuncie que eu estive aqui com Alfonso.
Rodrigo: De que prova você está falando, meu bem? – Perguntou, falsamente desentendido – Eu sou a prova. Basta que eu diga para o Pedro que a encontrei.
Anahí: Eu não sou idiota, Rodrigo. Você não viria até aqui me chantagear, caso não tivesse provas físicas. Fotos? Vídeos, talvez. Há quanto tempo tem nos observado?
Rodrigo: Oh, eu não tenho. – Continuou, dissimulado – E eu não estou te chantageando, Any, estou propondo um acordo.
Anahí: Sim, você tem. E, se vamos ter um acordo, temos que ser honestos um com o outro.
Rodrigo: E quem me garante que você virá comigo depois que eu entregar o que você quer?
Anahí: A mesma coisa que garante que você vai me dizer quem matou meus pais, caso eu vá com você. – Arqueou uma sobrancelha – Confiança. Eu quero saber, Rodrigo. Eu preciso saber o que aconteceu com os meus pais. – Disse, firme – Mas antes preciso ter certeza de que você não fará nada para prejudicar o Alfonso.
Rodrigo: Você sabe que essa sua paixãozinha por esse cara é patética, não sabe?
Anahí: Isso não importa mais. É com você que eu vou passar o resto dos meus dias, não é?
Rodrigo entoou uma gargalhada.
Rodrigo: Sim, sim. – Jogou a cabeça para trás – É sim. Você me parece tão resignada, querida.
Anahí: E o que mais eu poderia fazer? – Suspirou – Essa me parece a melhor saída, para não dizer a única.
Rodrigo: Que bom que reconhece. E quanto às provas, façamos o seguinte: assim que estivermos na estrada, eu te entrego. Todas elas. Tanto as que incriminam o seu detetive, quanto a confissão do assassino dos seus pais.
Anahí: Tudo bem.
Rodrigo: Podemos ir agora?
Anahí: Agora? – Sua voz saiu mais fina do que deveria – Eu... Eu preciso pegar as minhas coisas.
Rodrigo: Que coisas, Anahí? Você não precisa de nada daqui.
Anahí: Me dê alguns minutos, Rodrigo. Eu vou até a casa, pego algumas roupas e volto num instante.
Rodrigo: Você tem cinco minutos. – Murmurou, apontando em direção ao chalé. – Eu espero aqui. Não preciso te lembrar para não tentar nada, não é?
Anahí não se deu o trabalho de responder. Com pressa, virou-lhe as costas e caminhou até a casa.
Estava atravessando o quintal quando seus pés se recusaram a dar mais um passo. Imóvel, ela sentiu a respiração falhar.
– Anahí?
Ela precisou piscar repetidas vezes. Deus, tinha de ser uma alucinação.
– O que você estava fazendo no bosque?
Anahí: P... Poncho? – Ofegou – O que você está fazendo aqui?
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Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...