Anahí, naquele dia, estava tentando levar uma vida normal. Não que ela não gostasse de ser a garota dos olhos de Pedro e de toda a agitação quando pegava um novo trabalho. Ela ainda se divertia criando personagens e manipulando as pessoas, mas ultimamente vinha sentindo a necessidade de fazer certas coisas normais. Como cozinhar, ficar de pijama o dia inteiro ou ir ao mercado, por exemplo.
Paul: Espera! Você está aonde? – Perguntava incrédulo.
Anahí: Estou no mercado, fazendo compras. – Repetiu pela terceira vez – Preciso encher a geladeira daquele apartamento, senão vou morrer de fome. – Era final de tarde. Anahí mudara-se para um simpático apartamento. Não tão luxuoso quanto os quartos nos quais costumava ficar, mas absolutamente mais aconchegante.
Paul: Eu ainda não acredito que você se mudou. Pedro já sabe?
Anahí: Não tive tempo de falar com ele. Decidi isso hoje de manhã. Você precisa ver! Encontrei um apartamentinho lindo e mobiliado em Manhattan! Parece que foi feito pra mim.
Paul: Não sabia que era tão fácil encontrar um apartamento num domingo de manhã.
Anahí: É fácil quando se tem dinheiro. Mas não vou ficar por muito tempo. Acho que preciso de umas férias, sumir por um tempo... Quero ir para Los Angeles, algo assim.
Paul: Hm... Parece uma boa.
Anahí: Escuta, Paul, eu vou desligar. Tenho que terminar tudo aqui. – E ela desligou, sem esperar resposta.
Quem visse Anahí naquele momento pensaria que ela era uma pessoa como outra qualquer. Os cabelos presos num coque desajeitado, a calça jeans velha e a regata cinza. Nos pés, em vez do típico salto alto, chinelos. Era a visão de uma mulher comum, exceto, é claro, pelos machucados espalhados pelo corpo.
Abarrotada de sacolas, ela guardava as compras no porta malas do seu carro, quando o destino tratou de dar uma pequena bagunçada na sua vida.
– Eu não acredito! – Anahí paralisou. Conhecia aquela voz. Primeiro ela fingiu não ouvir, depois não houve como. – Graças a Deus encontrei você! – A morena se aproximou, entusiasmada.
Anahí se perguntava como. Mas, ora, era muito óbvio. Ela estava num mercado a 15 minutos do prédio em que Maite e Poncho moravam. Droga. Devia ter arrumado um apartamento no Bronx. Como é que ela, justo ela, não havia pensado naquilo?
Anahí: Oi.
Maite: Gio, meu Deus, que sorte eu te encontrar aqui. – Sorte para Maite, grande azar para Anahí. A intenção agora era sair da vida dos Herrera. O trabalho acabara, não havia porque continuar mantendo qualquer contato. Principalmente porque se sentia, de alguma forma, envolvida por Alfonso. E aquele sentimento era inaceitável. Fora uma grande sorte Dulce ter voltado, pelo menos assim Alfonso tinha um motivo para se manter longe de Anahí, e ela, por sua vez, além da mágoa - lê-se: orgulho ferido - que a ajudava a mantê-lo longe de seus pensamentos, tinha o alento de saber que ele estava bem.
Anahí: Mai, me desculpa, mas eu estou cheia de coisas para fazer... – Disse com um sorriso amarelo no rosto.
Maite: Não fuja de mim, Gio. – Ela balançou a cabeça – Quem estragou tudo foi o meu irmão, não eu. Nós ainda somos amigas, não?
Anahí: É... Somos. – Respondeu sem opção. – Desculpa desaparecer assim, mas é que eu, realmente, ando com muitas coisas...
Maite: Também não precisa mentir pra mim. – Interrompeu – Eu sei que foi por causa do Poncho. Aquele grande idiota. – Maite riu. – Ele está preocupado com você, e eu também. Você andou se machucando mesmo...
Anahí: Ele se preocupa à toa. Foi só uma bobagem.
Maite: Vai voltar para as aulas de dança? – Mudou de assunto diante do desconforto de Anahí.
Anahí: Ahm... É, eu não sei. Eu pretendo viajar, ficar um tempo fora da cidade, então... – Meneou as mãos, tentando se expressar. Ela precisava despachar Maite, mas não queria e nem conseguiria ser grossa com ela.
Maite: Sério? Vai ficar quanto tempo fora?
Anahí: Ainda não sei. Alguns meses, quem sabe.
Maite: E quando você vai?
Anahí: Também não sei. – Sorriu – Eu vou deixar o apartamento arrumado e então já saio de viagem.
Maite: Fiquei sabendo que você saiu do hotel, onde você está...
Anahí: Ficou? Como? – Interrompeu.
Maite: Poncho.
Anahí: E como ele ficou sabendo? Eu só deixei o hotel hoje de manhã.
Maite: Ele foi atrás de você. Aliás, ele quer conversar.
Anahí: Acho que a gente não tem mais nada para conversar.
Maite: Gio, eu acho que têm sim. Você deveria escutar o que ele tem para dizer...
Anahí: Eu já escutei. E já aceitei às desculpas dele. Não entendo o que ele ainda quer.
Maite: Não me diga que eu vou ter que abrir os seus olhos também? Céus! – Rolou os olhos – Deveriam me pagar por isso. – Anahí arqueou a sobrancelha, achando graça – Ele está apaixonado por você! – A graça morreu. – Só falta a coragem de assumir.
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Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...