Ela voltou para a porta, seguia trancada. Encostando os ouvidos na superfície de madeira, o único barulho que ouvia agora era o de sua própria respiração. Então o tilintar de algo caindo ao chão rompeu o silêncio. Havia algo errado ali.
Não demorou nem cinco minutos para que Anahí pulasse a janela, descendo, cuidadosa e apressada, pela lateral do sobrado.
Arfante, correu até a porta dos fundos, sentindo a garganta secar quando a viu escancarada. Podia não ser nada, mas algo dentro dela dizia para tomar cuidado.
A passos leves, mas nem por isso lentos, ela entrou na casa, então ouviu um estrondo. Algo havia sido arremessado, uma porta havia sido arrombada, talvez. Por um instante, Any pensou em chamar por Andrew, mas hesitou, buscando no cós da calça a faca que trouxera consigo.
Chegando mais perto do corredor, ela pôde ouvir as portas dos cômodos sendo abertas uma a uma, então tudo pareceu muito claro. Rodrigo estava ali. E procurava por ela. A certeza veio quando ela o viu, escancarando mais uma porta.
Ali estava a chance dela.
Anahí se adiantou, mantendo o corpo colado à parede e a faca abaixada. Os olhos fixos em Rodrigo o examinavam com cautela. Ele estava de costas, as mãos enterradas nos cabelos. Parecia desarmado e exausto. As roupas sujas eram as mesmas que ele usara naquela noite. Na certa estivera zanzando atrás dela até agora. Aliás, não só dela, mas de Alfonso também.
Quando Rodrigo ameaçou virar-se, furtiva, ela entrou no cômodo mais próximo. O silêncio naquele escritório foi quebrado por um gemido. Ao olhar para baixo, Anahí estremeceu.
Anahí: Andrew! – Murmurou, abaixando-se ao lado do corpo distendido no chão – Hey, Andrew? – Chamou-o, verificando sua pulsação.
Andrew: Ele... Ele está aqui. – Respondeu com a voz fraca,quase inaudível.
Anahí: Eu sei. – Assentiu, verificando o corte que Andy tinha na lateral da cabeça – O que ele fez com você?
Andrew: Estou bem, Any. – Disse depois de respirar fundo, a careta de dor denunciando a mentira – Você precisa sair daqui. Ele está atrás de você.
Anahí: Eu não vou a lugar nenhum. Vou colocar um ponto final nisso. Mas antes preciso tirar você daqui.
Andrew: Anahí, desista dessa ideia.
Anahí: Não posso. – Levantou-se – Consegue ficar em pé?
Andrew: Acho que sim. – Respondeu, esticando as pernas – Mas, se pretende fazer alguma coisa, vou com você.
Anahí: Andy, você me ajudaria infinitamente se apenas se levantasse e saísse dessa casa. Por favor. – Rogou, ajudando-o a se colocar de pé – Não discuta, apenas vá. –Completou quando ele ameaçou dizer algo – Você não quer carregar uma morte nas costas, não é? Já basta um de nós ter de lidar com isso.
Ele hesitou mais um pouco, mas ela estava certa, ele não saberia lidar com aquilo, não tinha estômago para conviver com a ideia de ter ajudado a matar uma pessoa. Ele não queria nem mesmo que Anahí o fizesse. No entanto, como convencê-la?
Andrew: Anahí, vamos dar o fora daqui.
Anahí: Você vai dar o fora daqui. Anda. – Disse, apontando a janela com a cabeça – Pela janela. Não volte aqui por algum tempo, não deixe que o Poncho volte também. Ele precisa seguir em frente.
Andrew: O que quer dizer com isso?
Anahí: Anda, Andrew! Não temos tempo pra isso agora.
– Any? Querida, eu sei que está aí...
A voz asquerosa de Rodrigo arrepiou Anahí da cabeça aos pés. Calada, ela demorou alguns segundos para conseguir raciocinar, sua cabeça parecia girar com o eco dos assobios assombrosos de Rodrigo pelos corredores.
Andrew: Ele é louco. Vamos dar o fora, Any! – Cochichou, segurando-a pelo braço e tentando leva-la para perto da janela. E encarando os dedos dele em volta do seu braço, Anahí soube exatamente o que fazer.
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Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...