Anahí encontrou Pedro naquela tarde e entregou-lhe a pasta. Agora sim o trabalho estava terminado, e ela não apenas poderia como deveria desaparecer da vida de Alfonso.
Mas havia aquele jantar... Alguma coisa dentro dela gritava por vê-lo. Seria a última vez, jurou para si própria. A última vez em que veria o seu sorriso, ouviria a sua voz ou tocaria os seus lábios. A última vez. Depois sumiria sem explicações, sem despedidas, sem desculpas.Ela colocou um vestido branco, acompanhado de um casaquinho preto. Deixou os cabelos soltos, e fez uma maquiagem leve. Às oito horas em ponto estava no restaurante. Sentando-se, Anahí pediu uma água e esperou. Esperou horas e Alfonso não apareceu.
Extremamente desapontada, ela iria embora para o hotel se o seu coração não tivesse ficado tão apertado.
E se alguma coisa tivesse acontecido com ele?
Ela não soube conviver com a dúvida, foi até o apartamento de Herrera. Precisava se certificar que estava bem. O porteiro a deixou subir sem ensaios, afinal, já a conhecia. Grande erro. Ele não deveria ter deixado.
Anahí tocou a campainha, Alfonso demorou a atender. A porta se abriu um palmo, e ela pôde observar o rosto dele um tanto confuso, os cabelos desgrenhados.
Alfonso: Giovanna... - Ele soltou seu nome em meio a um suspiro pesaroso.
Anahí: O que você tem? Por que não foi no restaurante? Eu...
Alfonso: Não estou muito bem. - Interrompeu.
Anahí: Aconteceu alguma coisa? - Preocupada - Quer que eu te leve ao hospital? Poncho, o que houve?
Alfonso: Não é nada demais, okay?
Anahí: Me deixe entrar, posso cuidar de você. - Pediu, tocando o rosto dele. Alfonso recuou, parecia transtornado.
Alfonso: Vá embora.
Anahí: Não vou te deixar assim.
Alfonso: Giovanna, vá embora, por favor. - Insistiu.
Anahí: Poncho, eu não vou deixar você assim, sozinho!
Alfonso: Eu não estou sozinho, merda! - Exaltou-se.
Anahí: O que? - A expressão dela mudou, um vinco se formou em sua testa.
Alfonso: Eu não estou sozinho. - Repetiu devagar.
Anahí: Maite está aí?
Alfonso: Dulce está aqui. - Anahí sentiu seu coração parar. Que droga de sensação era aquela?
Anahí: D-dulce a sua...
Alfonso: Ex-mulher.
Silêncio.
Anahí: Okay, eu vou embora.
Alfonso: É... É melhor que você vá. - Ela assentiu, virando-se de costas para ele.
Fechando os olhos, ela o ouviu bater a porta atrás de si. Contendo um nó na garganta, seus lábios tremularam. Um suspiro cortado escapou de sua boca e, de repente, ela sentiu seu rosto molhado. Estava chorando. Um choro sentido. Deus, ela nem sabia que era capaz de chorar de verdade.
Anahí: Merda! - O grito foi abafado por suas próprias mãos. Ela entrou no elevador a passos rápidos, e as cenas do dia anterior a atingiram em cheio. Era uma avalanche de sentimentos que ela não conseguia assimilar, mas que doíam consideravelmente. E por que? Ela sabia que iria acabar, que não passava de um trabalho, que sequer deveria sentir qualquer coisa por ele. Mas droga. Seu coração estava doendo. E doía mais ainda ao pensar que, talvez, ele estivesse nos braços de outra. Era ruim imaginar aquilo, era quase torturante...
Mas era melhor assim.
Ela respirou fundo, secando as lágrimas. Não podia ser tão fraca. Era o fim, e era o melhor para ambos.
Anahí: Como você é idiota, Anahí. - Meneou a cabeça - Será que por algum segundo você teve a ilusão de que vocês dois... - Riu de si mesma- Estúpida. - Disse amarga. Ela não se permitiria sofrer. Nunca se permitira. -Seja feliz, Herrera. - Murmurou, já na rua, observando as luzes do 19º andar acesas.
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Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...