Capítulo 130

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Alfonso: Eu é que pergunto, o que você está fazendo aqui? – Alfonso a observava atento, uma ruga de preocupação visível na testa.

Anahí: Ué... – Deu de ombros, limpando a garganta – Ultimamente eu tenho vivido aqui.

Embora Anahí sorrisse, tentando disfarçar o nervosismo, Herrera via que havia algo errado. Afinal, fora por isso que viera.

Anahí: Pensei que fosse chegar só amanhã.

Alfonso: É, eu ia, mas você me deixou preocupado no telefone.

Anahí: Eu te deixei preocupado? Poncho, eu disse que não havia nada de errado. 

Alfonso: Não foi o que pareceu. E não é o que parece agora. 

Anahí: Pois parece errado. – Suspirou, diminuindo a distância entre os dois – Vamos entrar. 

Anahí entrelaçou seus dedos nos dele e o puxou para dentro da casa.

Alfonso: Onde está a Megan?

Anahí: Acho que no banho. Maite não veio com você?

Alfonso: Não. Ela não pôde. – Sentou-se no sofá da sala. 

Anahí ocupou o espaço ao lado dele, encarando o perfil do homem que amava. De repente, se viu dividida. Tinha um plano muito claro traçado em sua cabeça, bastava segui-lo e tudo daria certo. No entanto, a ideia de mentir para Alfonso outra vez parecia absurda.

Mas, ora, o que ela poderia fazer? Se ela dissesse para ele que Rodrigo os encontrara, certamente Alfonso tentaria resolver as coisas do seu modo e ambos sairiam perdendo. Ela sabia que, se Poncho tentasse algo, Rodrigo os denunciaria. E não apenas para Pedro, mas também para a polícia. Ele não perderia a oportunidade de prejudicar Alfonso de todas as formas possíveis. Por isso, ela precisava se manter calma. 

Ainda observando-o, Anahí repassou seu plano mentalmente. Bem, bastava pegar as provas com Rodrigo e, quando soubesse quem era o assassino dos seus pais e já estivesse segura de que ele não teria nada contra Alfonso, ela voltaria, explicaria para Poncho tudo o que aconteceu e ambos arrumariam um outro lugar para ficar. Longe dali. 

Anahí suspirou. Certo, não seria assim tão fácil. Ela não era ingênua, e sabia que aquele não seria um plano simples. Primeiro, porque existia uma grande probabilidade de Alfonso não perdoá-la; E segundo, porque ela tinha consciência de que Rodrigo não deixaria aquilo barato. Ele não aceitaria a derrota com tanta facilidade. Inclusive, temia que ele pudesse usar Maite ou até mesmo os pais de Alfonso para chantageá-los. Temia que pudesse machucá-los. E, por isso, no momento, ela tinha apenas duas opções: Aceitar o que Rodrigo propunha ou se livrar dele. E aceitar abdicar de Alfonso mais uma vez não era algo que ela cogitasse. 

Alfonso: Vamos, Any, fala. – Disse, olhando para frente.

Anahí: Falar o que? – Perguntou, lembrando-se que Rodrigo a esperava naquele bosque. 

Alfonso: O que está passando nessa sua cabeça. 

Alfonso virou-se para ela, quando, num rompante, Anahí o envolveu em um abraço apertado. 

Anahí: Senti tanto a sua falta. 

Alfonso: Any...

Anahí: Shhh... – Sussurrou, colando sua testa à dele.

De olhos fechados, ela deslizou os dedos pelo rosto de Poncho, da costeleta à barba por fazer, delineando-lhe o queixo e alcançando-lhe os lábios. 

Antes de beijá-lo, Anahí cogitou mais uma vez a hipótese de contar a verdade. Quem sabe Alfonso a entendesse e compactuasse com ela? Não. Ele não entenderia. Muito menos ficaria ao lado dela quando soubesse que pretendia matar Rodrigo. Aquela era uma parte dela que Alfonso não precisava conhecer, não assim, pelo menos. Ele sabia quem ela era, mas talvez não tivesse consciência das coisas que ela era capaz de fazer. Que, infelizmente, ela teria de ser capaz de fazer. 

Anahí nunca matara alguém antes. Ao menos, não com suas próprias mãos. Já planejara assassinatos, já ajudara, mas ela mesma nunca havia dado o golpe final. No entanto, o faria agora. E embora aquilo parecesse necessário, ela não pôde deixar de sentir uma pontada de culpa. Estaria tirando a vida de alguém, e aquilo não era algo do qual ela se orgulharia. Não mais. 

Anahí: Escuta, porque você não vai tomar um banho enquanto eu preparo algo para o jantar? Você deve estar cansado da viagem. – Sugeriu, os lábios ainda bem próximos dos dele.

Alfonso: Eu ajudo você. 

Anahí: Não precisa. Eu faço sozinha, quero fazer uma surpresa. – Alfonso a encarou por longos minutos antes de respirar fundo e levantar do sofá. 

Alfonso: Tudo bem. – Disse, contrariado – Eu não demoro. 

Anahí sorriu, segurando-o pela gola da camisa e puxando-o para si.

Anahí: Amo você. – Murmurou, para depois selar seus lábios. 

Longe de estar convencido, Alfonso subiu as escadas. Havia algo acontecendo e ele descobriria o que. Uma pena que Anahí não tivesse contado, talvez, assim tudo tivesse sido mais fácil.


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