Capítulo 58

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Anahí não foi encontrada, tampouco o homem que tentara matar Alfonso.
As duas semanas que se seguiram foram insuportáveis. Preso naquela cama de hospital, Poncho não conseguia parar de pensar nela e em tudo o que poderia ter acontecido. Anahí, no entanto, estava vivendo na Deluxe. Não saía, e passava a maior parte do tempo em seu quarto.

Somente três dias depois que Alfonso deixou o hospital, que as coisas felizmente – ou não – começaram a tomar um rumo.

Alfonso havia deixado de lado a investigação que fazia sobre Pedro, e se focara em encontrar Anahí. Por sua vez, Ian seguira atrás da pista que havia encontrado semanas atrás. E essa pista o levara a uma pequena cidade no nordeste dos Estados Unidos. A cidade em que Pedro morara há mais de vinte anos. Onde, há muito tempo, seu sócio morrera num incêndio. Um incêndio misterioso, do qual nunca se descobriu a causa.

Christopher: Como foi de viagem, Ian? – Era sexta à tarde, Ian acabara de chegar à delegacia depois de uma semana fora, investigando – O que encontrou em Concord? – Ian meneou a cabeça, tirando um papel de dentro da pasta de couro.

Ian: Olha isso, Uckermann. – Assim que leu o que estava escrito, os olhos de Christopher se estreitaram.

Christopher: Puta que pariu.

Ian: Foi o que eu pensei. Você acha mesmo que...

Christopher: É claro que sim. Seria coincidência demais, não? – Ian concordou – Temos que avisar Alfonso.

Ian: Existe alguma maneira amena de fazer isso?

Christopher: Não.

Alfonso: Do que eu preciso ser avisado? – Parado à porta, Alfonso escutara um pedaço da conversa. Ian forçou um sorriso, e o chamou para dentro da sua sala.

Christopher: Temos um assunto para tratar com você.

Alfonso: Algo sério?

Ian: Bom... – Começou. Ian sabia bem que Alfonso não saberia como lidar com aquilo que contaria.

Christopher: Alfonso, você sabe que Ian foi para Concord atrás da pista que encontrou de Pedro, não? – Ele assentiu.

Alfonso: E conseguiu alguma coisa? Descobriu algo sobre o tal incêndio?

Ian: Descobri. Nada que prove que ele foi o culpado, mas algo bastante relevante para essa investigação.

Alfonso: Continue.

Ian: Poncho, o sócio de Pedro, que morreu no incêndio, se chamava Enrique. Enrique Puente. Eles eram amigos há muito tempo, e algumas pessoas disseram que a relação dos dois, meses antes da morte de Enrique, não era das melhores. Acontece que ninguém nunca presenciou ameaças ou algo do gênero. Quando o caso foi investigado, não foram encontradas provas o suficiente para apontar culpados, por isso o caso foi arquivado.

Alfonso: E...

Ian: Foi difícil encontrar testemunhas depois de tantos anos. Recorri à delegacia local para obter outras informações. E dentre essas outras informações, uma me chamou a atenção.

Alfonso: Okay, Ian, fale logo, preciso voltar para a minha sala, tenho muito a fazer. – Christopher olhou para Ian, impaciente.

Ian: Enrique era casado e tinha uma filha, na época com quatro anos. Marichelo Portilla e Anahí Giovanna Puente Portilla. – Alfonso cruzou os braços, o maxilar rígido. – A mulher morreu no incêndio, a menina foi levada pelo padrinho.

Christopher: Pedro Damián. – Alfonso soltou uma risada trêmula.

Alfonso: Isso é uma piada né? – Ele sabia a resposta. Aquilo estava longe de ser uma piada.

Ian: Nós achamos que...

Alfonso: Eu já entendi. – Interrompeu, seco, afundando as mãos nos cabelos.

Por longos minutos, ninguém teve coragem de dizer nada. Poncho se sentou na cadeira em frente à mesa de Ian. Mantinha o rosto entre as mãos, os pés batendo rapidamente no assoalho.

Alfonso: Pode ser só uma coincidência. – Disse por fim,negando-se a acreditar que a sua Anahí era aquela Anahí.

Christopher: Ora, Alfonso, pense com a cabeça e não com o coração.Seria coincidência demais.

Alfonso: Não podemos alegar nada por enquanto. – Levantou-se –Pode ser só uma infeliz coincidência. – Repetiu.

Christopher: Ou pode ser que ela tenha tentado matar você. Te ocorreu isso? Pode ser que ela e Pedro estivessem usando você. Não parece estranho ela ter sumido do nada? – Alfonso não respondeu. As veias do pescoço saltadas e a respiração descompassada denunciavam o seu nervosismo.

Ian: Poncho, nós temos que verificar isso. – Outra vez ele não se pronunciou. Caminhando de um lado para o outro da sala, ele tentava colocar a cabeça no lugar. Droga, não podia ser verdade. – Se ela realmente fora afilhada de Pedro, temos fortes motivos para acreditar que ela está envolvida com a tentativa de assassinato. – Disse da maneira mais sutil que conseguiu.

Alfonso: Vocês disseram que o assassino estava dentro do carro.Anahí estava do lado de fora. Não foi ela.

Christopher: O que não significa que ela não sabia. – Ian o repreendeu com o olhar. Tinha consciência do quanto aquela descoberta era dolorosa para Alfonso. E também tinha consciência das consequências que aquele pequeno fato poderia acarretar, não apenas na investigação, mas nele como pessoa.

Alfonso: Eu... – Ele não terminou. De repente, saiu da sala,sem qualquer explicação. Ian e Christopher foram atrás, mas não o alcançaram atempo. Herrera entrara em seu carro e partira em disparada para o seu apartamento.

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