Capítulo 31

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No dia seguinte o humor de Anahí estava péssimo. Com curativos espalhados pelo corpo, ela pegava sua bolsa e deixava o hotel. Estava cansada daquele quarto, de todas aquelas pessoas sempre sorridentes e prestativas. Foi por isso que ela decidira, arrumaria um apartamento. Longe dos olhos de Pedro. Um lugar realmente dela. Algo mais pessoal do que um quarto de hotel.

Já num outro apartamento em Manhattan, havia uma pessoa que também não estava em um dos seus melhores dias.

Maite: Você é um babaca! – Rolou os olhos com enfado.

Alfonso: Eu sei, okay? Não devia ter ido embora.

Maite: Que bom que sabe. – Disse sarcástica – E o que você quer que eu faça? – Perguntou.

Alfonso: Tá. Escuta, eu tentei ligar pra ela, mas ela não me atende...

Maite: Com razão. – Interrompeu. Alfonso a repreendeu com o olhar. Não havia ido até o apartamento de Maite para aguentar toda aquela mordacidade com que ela o tratava desde que Dulce voltara. Ele precisava da irmã de volta. Precisava da sua ajuda – Okay, desculpe. Pode continuar.

Alfonso: Tentei ir até o hotel também, mas a recepcionista disse que ela deixou o quarto hoje pela manhã.

Maite: Tá... – Maite suspirou – Se você quer saber se eu sei para onde ela foi, lamento, eu não sei. Giovanna sumiu das aulas faz tempo. Desde que você fez aquela merda toda... – Recriminou.

Alfonso: Mai!

Maite: O que? Foi uma grande merda mesmo, Poncho!

Alfonso: Okay! Se vai começar com isso, eu vou embora! Não foi para ouvir sermão que eu vim até aqui.

Maite: Não tenho culpa se você agiu como um moleque. – Alfonso levantou, rumando à porta. – Tá, espera! – Ele parou. – Me desculpa, Poncho, mas é que eu não suporto a ideia de que você, justo agora que estava dando tudo certo, foi idiota o suficiente para deixar o passado voltar assim. Para deixar a Dulce voltar assim. Parece que se esqueceu de tudo o que aconteceu, do tanto que sofreu.

Alfonso: Maite, eu vim aqui para falar da Giovanna, não de mim ou da Dulce. – A morena respirou fundo, controlando as palavras que queriam saltar de sua boca.

Maite: Tá legal. Vamos falar da Gio. Eu já tentei entrar em contato com ela algumas vezes, mas ela nunca me atende. Senta aí... – Ela apontou o sofá – Eu posso continuar tentando, mas se ela continuar ignorando as minhas ligações, não há o que fazer.

Alfonso: Ela não deixou algum outro endereço na ficha de inscrição para a turma de dança?

Maite: Não.

Alfonso: Merda. – Ele afundou o rosto entre as mãos. A imagem daquela Anahí frágil e machucada não lhe saía da mente.

Maite: Olha, eu vou tentar ligar agora, está bem? Vai ver eu dou sorte. – Ela pegou o celular – Senão você vai ter que usar os seus méritos de investigador da polícia.

Alfonso: Pensei nisso.

Maite: Sério? – Ela largou o celular, colocando os olhos em Alfonso – A investigaria só para saber onde está?

Alfonso: Maite, ela estava machucada e...

Maite: Hey! Você não precisa me explicar tudo outra vez. – Balançou as mãos – Ou será que você fica repetindo isso para ter uma desculpa consistente para poder vê-la? – Alfonso fechou a cara.

Alfonso: Maite...

Maite: Baixe essa guarda um pouco, Poncho. Eu sou sua irmã. Se há alguém com quem você pode ser sincero, é comigo. Será que você não percebe? Durante 5 anos você sofreu, ainda que dissesse o contrário, e, de repente, por causa de uma garota que você conhecia a alguns dias, você se permitiu viver de verdade. Só alguns dias, Poncho, e você voltou a ser um pouco do que era. Você a trouxe para a sua casa quando mal a conhecia, você se preocupou com ela, você está se preocupando agora. E se não fosse o suficiente, você ainda me contou sobre vocês dois. Coisa que você nunca fez quando se tratava das outras garotas com quem saía. Como é que você não percebe? – Ela segurou a mão do irmão – Você gosta dela, Poncho, muito mais do que se permite imaginar. E a maior prova disso é que a sua mulher está na sua casa agora e você está aqui. Está aqui porque quer encontrar Giovanna.

Alfonso: Maite, eu preciso ir embora. – Disse apenas. Mas Maite sabia exatamente o quanto aquelas palavras tinham mexido com ele. E era muito.

Maite: Tudo bem. Se eu conseguir falar com ela, eu te aviso. – Ele assentiu para depois sair do apartamento de Maite. Com a cabeça fervendo, as palavras martelando em sua mente, corroendo-a e fazendo-o perceber, dolorosamente, que talvez tivesse cometido um grande erro. Talvez. Um vago talvez.


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