Capítulo 59

1.3K 113 4
                                    

Foi questão de tempo até Alfonso chegar em casa, abrir o cofre e ter a confirmação que tanto temia. As provas haviam sumido, o que comprovava a teoria de Uckermann.


"Christopher: Ou pode ser que ela tenha tentado matar você. Te ocorreu isso? Pode ser que ela e Pedro estivessem usando você. Não parece estranho ela ter sumido do nada?"


Sim, ela o havia usado e depois que conseguira o que queria sumiu sem qualquer explicação. Aquelas palavras, misturadas aos incontáveis momentos que passaram juntos, ecoavam na cabeça dele de uma forma dolorosa. Seu peito parecia comprimido, e o nó que trancava a sua garganta parecia sufocá-lo.

Era difícil dizer o que doía mais, o orgulho ferido, a confiança destruída, ou o fato de que a mulher que tinha sido a sua vida durante os últimos dias era uma grande mentira. A decepção era tão grande que não cabia em palavras.


"Anahí: E eu quero que você saiba que eu vou segurar você acima de todos – Mais duas lágrimas caíram, quando ela começou a citar o pequeno trecho daquela música – E eu acho que você seria bom pra mim, e eu seria boa pra você."


Ele queria arrancar de si todos aqueles pensamentos embaralhados. Era difícil aceitar que todas as palavras de Anahí haviam sido ensaiadas. Que todos os momentos não passaram de mera encenação. Deus, ele nunca soube como lidar com a frustração.

Depois de cerrar os punhos e zanzar como um louco pelo escritório, Alfonso não conseguiu conter a raiva. Arfando, chutou a cadeira, para depois arremessá-la na parede. Num impulso, virou também a mesa. Era incontrolável. Seu corpo precisava extravasar de alguma forma. Ele queria acabar com ela, mas antes tinha vontade de acabar consigo mesmo.

Durante minutos ele ficou naquele escritório, revirando todas as prateleiras, destruindo tudo o que estivesse ao seu alcance. Só depois ele parou, exausto.

Deixando que seu corpo escorregasse pela parede, Poncho sentou no chão. Suas mãos, machucadas pelos socos dados na parede, tremiam, seus olhos ardiam pelas lágrimas que se negava a derramar e sua respiração, descompassada, aos poucos voltava ao normal.

Alfonso sabia exatamente o que teria de fazer agora. E ele não conseguiria deixar para depois. Tinha que ser já, ele queria confrontá-la, e era isso o que ele faria.



Let Me GoOnde histórias criam vida. Descubra agora