Demorou para que as mãos de Anahí parassem de tremer e ela conseguisse absorver o que estava acontecendo ali, e as possíveis consequências daquela atitude de Herrera.
Alfonso dirigia calado ao lado dela, o cenho franzido. Já fazia mais de meia hora que eles partiram e nenhuma palavra havia sido trocada.
Anahí: Alfonso, que loucura é essa? – Perguntou, ainda um tanto aérea – Para onde estamos indo?
Alfonso: Framingham. – Respondeu sem tirar os olhos da estrada.
Anahí: Você tem noção do que está fazendo? Tem noção das consequências que essa fuga pode causar? Me leve de volta para o hospital.
Alfonso: Tarde demais para desistir, Anahí. – Ele olhou para ela, de relance – E eu não estou arrependido de ter tomado essa decisão, se é o que está pensando.
Anahí: Pois deveria! – Rebateu – Isso pode acabar com a sua carreira, Alfonso. Pode acabar com você...
Alfonso: Você não pode simplesmente me agradecer?
Anahí: Desculpa. Eu só estou preocupada com você. – Ele riu, baixo, meneando a cabeça. – O que?
Alfonso: Depois de tudo o que passamos, de tudo o que você me fez, você diz que se preocupa comigo. É um tanto irônico.
E em vez de tentar explicar qualquer coisa, ela preferiu o silêncio. Silêncio esse que durou pouco.
Alfonso: Vê se não vai fazer merda, Anahí. Não tente fugir de mim.
Anahí: Por que está fazendo isso? Por que está colocando a sua carreira em risco? – Questionou – Isso é insano.
Alfonso: Culpa, compaixão, humanidade. – Justificou. Bem, eram desculpas plausíveis tanto para ele como para ela – As coisas não iriam melhorar para você naquele distrito, Anahí. E eu não poderia cometer o mesmo erro duas vezes. Eu não sou assim, não concordo com os métodos de Christopher, seja com você, seja com qualquer outra pessoa. Eu sei o que estou fazendo.
Anahí: Você planejou tudo isso?
Alfonso: Sim. Nada do que estou fazendo é por impulso.
Anahí: Quem sabe disso?
Alfonso: Pouquíssimas pessoas. – Respondeu, parando o carro no estacionamento de um pequeno restaurante na beira da estrada – Escuta – Continuou, virando-se para ela – Eu preciso que confie em mim, que me deixe fazer as coisas do meu jeito. Preciso que colabore comigo.
E o que ela poderia fazer agora a não ser deixar que ele conduzisse àquela situação?
Anahí: Tarde demais para desistir, não é?
Alfonso: É. – Assentiu – Eu quero te ajudar, mas para isso você vai ter que me ajudar, vai ter que se ajudar.
Anahí: Alfonso, desde sempre o que eu quis foi ajudar você. – Poncho meneou a cabeça, amargo.
Alfonso: Isso não vem ao caso agora. – Respondeu, descrente.
Anahí suspirou e, por alguns instantes, imaginou como seria se ela tivesse contado toda a verdade. Será que as coisas seriam diferentes? Quão diferentes?
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Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...