Capítulo 85

1.2K 105 3
                                    

Demorou para que as mãos de Anahí parassem de tremer e ela conseguisse absorver o que estava acontecendo ali, e as possíveis consequências daquela atitude de Herrera.

Alfonso dirigia calado ao lado dela, o cenho franzido. Já fazia mais de meia hora que eles partiram e nenhuma palavra havia sido trocada.

Anahí: Alfonso, que loucura é essa? – Perguntou, ainda um tanto aérea – Para onde estamos indo?

Alfonso: Framingham. – Respondeu sem tirar os olhos da estrada.

Anahí: Você tem noção do que está fazendo? Tem noção das consequências que essa fuga pode causar? Me leve de volta para o hospital.

Alfonso: Tarde demais para desistir, Anahí. – Ele olhou para ela, de relance – E eu não estou arrependido de ter tomado essa decisão, se é o que está pensando.

Anahí: Pois deveria! – Rebateu – Isso pode acabar com a sua carreira, Alfonso. Pode acabar com você...

Alfonso: Você não pode simplesmente me agradecer?

Anahí: Desculpa. Eu só estou preocupada com você. – Ele riu, baixo, meneando a cabeça. – O que?

Alfonso: Depois de tudo o que passamos, de tudo o que você me fez, você diz que se preocupa comigo. É um tanto irônico.

E em vez de tentar explicar qualquer coisa, ela preferiu o silêncio. Silêncio esse que durou pouco. 

Alfonso: Vê se não vai fazer merda, Anahí. Não tente fugir de mim. 

Anahí: Por que está fazendo isso? Por que está colocando a sua carreira em risco? – Questionou – Isso é insano.

Alfonso: Culpa, compaixão, humanidade. – Justificou. Bem, eram desculpas plausíveis tanto para ele como para ela – As coisas não iriam melhorar para você naquele distrito, Anahí. E eu não poderia cometer o mesmo erro duas vezes. Eu não sou assim, não concordo com os métodos de Christopher, seja com você, seja com qualquer outra pessoa. Eu sei o que estou fazendo. 

Anahí: Você planejou tudo isso?

Alfonso: Sim. Nada do que estou fazendo é por impulso. 

Anahí: Quem sabe disso?

Alfonso: Pouquíssimas pessoas. – Respondeu, parando o carro no estacionamento de um pequeno restaurante na beira da estrada – Escuta – Continuou, virando-se para ela – Eu preciso que confie em mim, que me deixe fazer as coisas do meu jeito. Preciso que colabore comigo. 

E o que ela poderia fazer agora a não ser deixar que ele conduzisse àquela situação? 

Anahí: Tarde demais para desistir, não é?

Alfonso: É. – Assentiu – Eu quero te ajudar, mas para isso você vai ter que me ajudar, vai ter que se ajudar. 

Anahí: Alfonso, desde sempre o que eu quis foi ajudar você. – Poncho meneou a cabeça, amargo.

Alfonso: Isso não vem ao caso agora. – Respondeu, descrente. 

Anahí suspirou e, por alguns instantes, imaginou como seria se ela tivesse contado toda a verdade. Será que as coisas seriam diferentes? Quão diferentes?  

Let Me GoOnde histórias criam vida. Descubra agora